sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Desafio dos 30 Dias - O Tesouro

Hoje vou escrever sobre algo que vai me fazer chorar enquanto escrevo e que pode não ser minha realidade para toda a eternidade mas com certeza é minha realidade neste exato momento. Leia por sua própria conta em risco. Classificado como Gaveta por razões óbvias.

Desde criança tive muitas paixonites. Algumas vezes, havia mais que uma paixonite por vez, tamanho era meu coração. Não me satisfazia amar só um, tinha que ter mais. Então o tempo foi passando e fui amadurecendo. Meu primeiro amor de verdade foi aos 25 anos, por um homem que morava em tão, tão distante que eu não sabia na época mas soube depois que, quando terminasse, eu nunca mais o encontraria na minha vida. Foi um término muxoxo, daqueles que te deixam sem reação se você é uma pessoa como eu. "Tem coisas que chegam ao fim, e nós é uma delas". Doeu, mas eu não percebi que doeu. Eu fiquei chocada. Falava do ocorrido sem parar, mas não ouvia o que eu mesma estava dizendo. E essa era a chave para sair daquela situação. "Você escutou o que acabou de dizer?" Não, não tinha ouvido, nem prestado atenção. Passei a prestar atenção no que eu digo. Não passei a pensar no que digo, veja bem, passei a prestar atenção nas palavras que estava dizendo ou que iam ser proferidas. Supostamente eu estava dando as respostas para meus próprios problemas. Naquele caso, eu estava tão acostumada a sentir, sentir e sentir sem parar que, naquele momento, em que tinha perdido a pessoa que eu mais tinha amado, senti que tinha sido privada daquilo que havia feito por toda a vida; sentir.
Isso foi há alguns anos. Conheci outras pessoas, me apaixonei de novo algumas vezes, até cheguei a sentir que podia ter um futuro com dois deles. Tudo em vão. Até o dia que conheci um garoto que resolveu se apaixonar por mim e me conquistar. Não são todas as pessoas que te ajudam, que fazem algo por você, que te querem ver feliz. Ele fazia isso por mim naquela época, e era bom. Um dia ele estava me falando que gostava de alguém e eu resolvi apoiá-lo a se confessar. Ele relutou e eu resolvi perguntar se era eu. Já perdi a conta de quantas vezes contei essa história, mas eu realmente fiquei feliz quando ele disse que sim. Minhas atitudes seguintes foram cortar quaisquer laços afetivos que tinha com outras paixonites. Ele me conheceu quando eu jogava com todo mundo, mas por conta do ciúmes dele, passei a não jogar com mais ninguém. Isso atrapalhou ele também, pois eu queria passar tempo com ele, então tudo que fazíamos juntos era sozinhos, eu e ele. E ele é um moleque que precisa de amigos ao redor. Enquanto ele estava em casa, desocupado, tudo estava às mil maravilhas. No entanto ele começou a trabalhar e as coisas mudaram drásticamente em menos de um mês. Não sei quais são as razões dele, mas ele resolveu abrir mão do tesouro que tinha. Pelo que? Bem, eu o vejo jogando mais com os amigos e falando mais com as pessoas. Quando fazíamos as coisas juntos ele nunca falava comigo. É triste, mas parece que, pra ele, se livrar de mim foi a melhor opção. Já pra mim, está sendo sofrido. Dolorido. Quase insuportável. Tento falar com ele mas ele me dá a entender que nada mais tem importância. É como se eu fosse um tesouro e ele tivesse resolvido enterrar esse tesouro. "Fique aí". Talvez um dia ele lembre que teve esse tesouro e sinta falta. A verdade é que eu não sei o que fazer da minha vida nesse momento. Nem o que fazer com todos esses sentimentos que estou sentindo. Me isolei por ele. Fiz tudo que podia. Gastei o que tinha e o que não tinha para estar com ele. E agora, me vejo sendo deixada de lado por um motivo que não me parece claro, por razões sem razão. Ele quer e pronto. Se eu tento argumentar ele diz que parece que quando começamos a namorar parece que ele assinou um termo que o impede de terminar, se esquecendo que foi ele que insistiu nesse relacionamento. Hoje quem insiste sou eu, mas ele não cede como eu cedi. No fim do mês vai ser meu aniversário e não espero que ele se lembre para me desejar feliz aniversário. Completamos dois anos juntos que serão jogados no lixo. Investi tempo e dinheiro em uma pessoa que, agora que finalmente podia me retornar um pouco do tanto que fiz por ele, preferiu terminar. Tempo e dinheiro jogados fora, pois eu fui descartada assim que ele passou a ter condições de poder me retribuir. Talvez retribuir não estivesse nos planos dele desde o início. Talvez eu tenha realmente estragado ele tanto ao ponto que o que eu fiz por ele, para ele, não tenha passado da minha obrigação. Afinal, quem queria estar junto era eu, quem queria ver ele feliz era eu. Faz tempo que não consigo nada disso então talvez seja o melhor cada um ir pra um lado. Não estou nem um pouco feliz com isso, mas tenho que aceitar, pois não é como se tivessem me dado qualquer outra opção. Existe a de "continuarmos amigos", mas desde que começamos a namorar ele não é mais o amigo que eu tinha quando o conheci de fato e duvido muito que ele consiga voltar a ser como era. Sinto falta da pessoa que se importava. Sinto falta da projeção que criei dele, que projetei nele e que veio ao chão, talvez tarde demais. Ainda o amo, mas ele escolheu se desfazer de mim. Amanhã será o casamento da tia dele. Fui convidada e vou. Ele disse, mesmo enquanto terminava, que queria que eu fosse, então eu vou. Sem a menor ideia do que esperar desse dia. Serei um barco à deriva em um mar de gente que não sabe como estou me sentindo. Será um dia de alegria para todos, mas não pra mim. O tesouro ficará escondido, tentando não chamar a atenção.

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