sábado, 11 de março de 2017

Se Preocupar, Se Importar

Ontem estava tendo uma conversa com meu amigo Gilson. Ele é uma daquelas pessoas que sonha pra ele mesmo e pros outros. Por exemplo, se fosse pra minha realidade condizer com os sonhos dele, eu já teria uma penca de filhos e um marido. E seria feliz. Mas nossa conversa não era sobre meus sonhos ou sobre os sonhos dele, e sim sobre a diferença entre se preocupar e se importar. Ele disse que, pra ele, ambos são a mesma coisa. Pra mim, não são. Vou defender meu ponto de vista no parágrafo que segue.
Neste mundo, onde todas as pessoas se preocupam apenas com seus próprios umbigos, encontrar alguém que se preocupe com você é algo para se comemorar. Nesse ponto eu lembro de um episódio em que contei pro Giorgio sobre como, pra mim, que estou acostumada a me preocupar mas não ter ninguém que se preocupe, era uma novidade ver que ele se preocupava. Hoje consigo ver que muitas pessoas além dele, de fato, se preocupam. E é aqui que entra a diferença. Se importar é mais que isso. Percebi a diferença comparando as atitudes do próprio Giorgio comigo e com a amiga possessiva dele. Durante a morte da minha mãe eu queria poder falar com ele um dia e por vários motivos, a conversa não aconteceu. No entanto, segundo ele mesmo relatou, se a amiga liga para ele dizendo que quer se matar, ele é o primeiro a correr ao socorro dela. Saber disso dói.
Postei no meu Facebook ontem que a diferença de se preocupar e se importar é que, quando você se preocupa, você sente. Quando você se importa você age. É mais ou menos como eu estou hoje com meus amigos que vão casar. Houve uma época em que eu me importava e me esforçava pra poder fazer algo por eles. Hoje eu apenas me preocupo. Existem mesmo pessoas que é melhor que você só se preocupe ao invés de se importar, fato. A pessoa em questão pode ser um problema. Eu sou um problema, mas ainda assim queria saber que alguém se importa.
Na maior parte das vezes, desde sempre, quando preciso fazer algo por mim mesma, não posso depender de ninguém. Nem com a minha mãe eu podia contar, essa é a verdade. Ontem voltei pra casa com muita vontade de chorar e pensei em como seria bom se minha mãe estivesse em casa, viva, para que eu pudesse chegar e abraçar ela enquanto chorava. No entanto, ela era o tipo de pessoa que, mesmo que eu chorasse enquanto abraçava ela, eu não contaria pra ela os motivos. Nós éramos assim. Ela podia até vir a perguntar mas eu faria sinal de não balançando a cabeça e diria "só me deixa chorar", e ela faria isso enquanto me consolava. Sem nem saber qual era o problema. Isso é se importar. Uma atitude pequena mas que faz toda a diferença.
Quarta ele já não era mais contratado do IBGE, ainda assim apareceu lá para entregar algumas coisas que estavam faltando. Era o dia que eu tinha pedido pra ele ir lá no meu curso servir de cobaia, a intenção era clara: tirar um pouco da ansiedade que ele pode estar sentindo com as mudanças que estão pra acontecer. Sei que eu estaria e sei também que adoraria poder receber uma massagem antes de ter que fazer uma viagem dessas. No entanto, mais uma vez, ele "esqueceu". E nem havia a possibilidade dele ir, pois parecia que ele tinha marcado alguma coisa com outras pessoas e, caso fosse para a massagem, não teria tempo suficiente para "desenrolar" o que quer que fosse com essas outras pessoas. Eu entendo, sério. Você vai viajar, vai se mudar, você deve estar querendo se despedir das pessoas que te importam. É nobre da sua parte fazer isso. Mas será que não dá pra ter um pouco dessa nobreza comigo? Eu não mereço que você se importe nem uma vez? Acho que é isso que está doendo tanto. Ontem ele apareceu na agência de novo e perguntou o que eu ia fazer depois do trabalho. Eu queria beber com o Jonas mas ele ainda não tinha confirmado nada. A Renilda tinha me chamado pra ir caminhar no Maia com ela e as filhas mas também não tinha confirmado nada. Minha resposta foi o de sempre, "não sei", e ele falou algo sobre surpresa. A última vez que recebi uma surpresa dele foi quando visitei a casa dele pela primeira vez, onde ele me pediu para fechar os olhos e esticar as mãos pra frente, onde ele colocou uma conta de água que tinha que ser paga. No entanto, ele foi embora antes das 5. Perguntei se ele queria que eu fosse com ele mas ele me dispensou, disse que avisasse pelo Facebook quando fosse sair. Acontece que perto da hora de sair começou a chover e ele mesmo se encarregou de mandar a mensagem, cancelando por conta da chuva. "Vamos nos ver amanhã?" E se estiver chovendo amanhã, foi o que eu pensei, mas respondi com um "pode ser". Estou triste, com raiva e quero chorar. Até atrasei minha consulta com minha psicóloga pra semana que vem, pra ver se dando o tempo pra cair a ficha de que ele não vai mais estar aqui vai fazer alguma diferença. Não que eu realmente ache que vá. Da mesma forma que, por mais que ele tenha dito que não vai sumir e que eu tenha acreditado nele, continuo sentindo que vai ser como com o alemão, palavras ao vento. Se preocupar é diferente de se importar, e todas as pessoas que amei até hoje nunca se importaram. Algumas nem se preocuparam. Tenho que consertar isso.

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