sábado, 31 de março de 2018

A Chuva e Eu

Na semana passada, enquanto eu escrevia sobre os ônibus, percebi que, em dado momento, comecei a falar de chuva e, sem perceber, metade do post foi escrito com a chuva como foco. Quando percebi, pensei em apagar todo o conteúdo da chuva mas… era muita coisa! Então separei e fiquei com essa determinação: o post da semana que vem será sobre chuva! E aqui está ele.
Lembro de quando eu era criança. As chuvas eram algo bem mais “perigoso” do que são hoje. Não que as chuvas de hoje também não sejam, veja bem, mas quando eu era pequena lembro de várias vezes em que chovia e ficávamos sem luz em casa. Lembro de uma festa surpresa que fizeram pra mim de aniversário que também estava chovendo. Eu lembro de ter entrado em casa enrolada numa toalha, porque naquela época, na falta de um guarda-chuva você colocava uma toalha em cima do corpo e corria pra casa. Eu ainda faço isso às vezes quando dou sorte de ter uma toalha no meio das roupas que eu estou recolhendo do varal. Sim, porque a chuva adora chover quando as roupas estão no varal. Meu irmão lava as roupas dele no fim de semana e eu lavo quando dá. E normalmente nesse quando dá, chove. Foi o que aconteceu nessa semana inteira. Nem arrisquei colocar as roupas de fato no sol, pois o céu estava sempre fechado, cinza, escuro. E em algum momento do dia, chovia. Pra que arriscar?
Agora, vamos falar de chuva de granizo? Lembro de uma vez que eu e minha amiga Renata fomos tentar fazer um curso de animação em slow motion no teatro do padre Bento mas, devido à chuva intensa e o granizo, não tinha luz. Acabou que, quando saímos de lá, o chão estava forrado de pedras e eu, burra que sou, quis sair pisando nelas, pensando que seria como pisar na neve. Talvez fosse. Era muito, mas muito gelado. Eu estava de bota e, ainda assim, era muito gelado. Além de ensopar tanto minhas botas quanto meus pés. Lembro que no fim das contas voltamos pra casa e prometi pra mim mesma que nunca mais pisaria em “neve” sem estar, de fato, preparada pra ela. Agora, falando de tempestades mas daquelas sem pedras de gelo mas com acidentes, teve uma vez que, quando eu voltava do trabalho, uma tempestade derrubou uma árvore bem grande, bem no centro da cidade. Praticamente todos os ônibus passam pelo centro da cidade, logo, não tinha ônibus pra lugar nenhum. Eu estava, pra variar, de branco, mas passei numa loja de roupas e pedi pra comprar uma blusa que não fosse branca pois estava decidida a ir andando até minha casa, caso fosse necessário. A verdade é que eu andei, andei e andei até chegar mais ou menos na altura do bairro conhecido como Cecap, quando vi o primeiro ônibus passar novamente. LO-TA-DO. Acabei resolvendo que terminaria de andar o resto do caminho até minha casa. Já tinha ligado pro meu pai e avisado, já tinha me molhado muito com a chuva, não pensei em comprar um guarda-chuva pois já estava encharcada, dos fios de cabelo, passando pela mochila e parando na ponta das unhas dos pés. Minha mãe ainda estava viva. Cheguei, tomei um banho e me troquei. Lembro ainda que até pensei em usar a blusa de novo no dia seguinte, já que ela tinha secado, mas ela estava com um cheiro muito, muito forte de suor, então abortei a missão. Suar na chuva não faz com que o cheiro de suor da roupa diminua, muito pelo contrário, parece que só fica maior.
Na segunda da semana passada também aconteceu algo bem engraçado, quando eu disse mentalmente, mas em alto e bom som, que eu sairia às 2 da tarde pra ir pro meu setor. E exatamente às 2 começou a chover. Esperei mais uma hora até que a chuva parasse e fui pro setor mesmo assim. Lá não choveu e consegui voltar pra casa antes da chuva cair de novo. Foi um grande alívio. Mas nem sempre é assim. Tem alguns setores que eu sei que, quando for visitar, vai estar chovendo. São os que eu chamo de figurinhas carimbadas. Você não reclama, você só aceita.
Quem me vê falando assim deve pensar que eu tenho raiva de chuvas ou de quando chove. Não é bem assim. Muito pelo contrário, eu adoro o som da chuva quando vou dormir, dependendo da intensidade do som. Já acordei com som de chuva e já demorei pra dormir pelo mesmo motivo. Mas eu até tenho um site chamado rainymood nos meus favoritos pra, de vez em quando, colocar o som da chuva pra tocar e lembrar dela. Meu problema, como eu costumo dizer, é com São Pedro. Na minha cabeça, ele que cuida das chuvas. Para qualquer pessoa normal, santos devem ser ser criaturas boas e… bem, santas. Mas não é o caso com ele. Costumo brincar que ele fica lá de cima das nuvens, só olhando, pra assim que eu coloco meus pés pra fora de casa, ele manda a chuva cair. É assim que me sinto graças à tudo que eu já passei com as chuvas. Mas as chuvas são uma benção pra terra, pra humanidade, pra vida. Eu não posso ser egoísta.

sábado, 24 de março de 2018

O Ônibus e Eu

Ontem quando estava voltando do trabalho me lembrei de algo que aconteceu de manhã e, por decorrência disso, me lembrei de uma série de fatos que aconteceram comigo em um ônibus. Isso me inspirou pra escrever o post de hoje.
Eu não sei de vocês pessoas, mas eu, quando era pequena, só andava de carro, então eu não sabia o que era um ônibus, muito menos um ônibus lotado. Meu primeiro contato com um ônibus foi bem, bem tarde, quando a moeda trocou para o Real. Lembro que a passagem do ônibus custava apenas R$0,80 e, quando penso no preço que pago hoje, fico muito, muito triste. Lembrando que, hoje, pago numa passagem de ônibus (municipal) R$4,70, caso quisesse pagar em dinheiro. Mas tenho meu bilhete único do cidadão, que me dá direito a pagar R$4,30! Isso me lembra que, quando houve o aumento da passagem (até o início do ano a passagem era R$4,15) houveram várias pessoas questionando porque seus vale transportes descontavam R$4,70 e não R$4,30 na catraca. A explicação foi tão singela que eu não tive como contestar: quando você declara que precisa de vale transporte o valor declarado é o da passagem inteira, ou seja, os R$4,70 que estão declarados para, por exemplo, pessoas que pagam com dinheiro. Mas isso já é uma situação recente, voltemos a quando a passagem era R$0,80!
Na verdade, o período específico seria quando a passagem aumentou de preço e nós, pobres estudantes, não sabíamos, então quando apresentamos nossos passes (que eram míseros pedaços de papel), apenas para ouvirmos do cobrador que aqueles não valiam mais. Eu falei que não sabia e dei sinal para descer no ponto seguinte. Eu e meu irmão descemos do ônibus apenas por uma birra minha de não querer viajar no ônibus pelo preço incorreto.
Também lembro de quando eu fazia Senai e muitas pessoas diziam que eu devia fazer minha mãe economizar andando até outro ponto de ônibus e pegar um ônibus municipal ao invés de pegar um ônibus que parava praticamente do lado do senai e que me deixava praticamente na porta de casa. Diga-se de passagem, tem um ponto perto de casa, então eu nunca tive muitos problemas com pegar ônibus. Lembro também que, ainda relacionado ao Senai mas, dessa vez, na época que meu irmão também estudava lá, pegamos ônibus em outro ponto e, no caminho até esse ponto, tomamos chuva. Não sei se todos aqui sabem, mas o uniforme do senai, na época, tinha uma camisa branca. Branco e chuva são iguais a transparência e, apesar de nos meus quatorze anos de idade não ter os seios avantajados que tenho hoje, já os tinha, logo um homem que entrou no ônibus com a gente ficou me olhando. Até meu irmão perceber e começar a encarar o homem de volta. Não demorou muito até o homem parar de me olhar. Eu, na minha inocência (pra não chamar de burrice mesmo) só percebi que meu irmão estava olhando pro homem, sem entender nada. Um bom tempo depois, lembrando daquilo e tendo um pouco mais de cérebro, finalmente consegui entender os motivos do meu irmão.
Outra coisa que acontecia frequentemente, quando as pessoas ainda não andavam com suas caras coladas em seus aparelhos celular, eram as pessoas que puxavam assunto aleatoriamente com você, fosse perguntando as horas, fosse perguntando sobre seu curso no Senai, fosse falando sobre política. Ontem mesmo o fato que ocorreu de manhã foi uma conversa acalorada sobre como estamos decepcionados com nosso atual prefeito, que só nos provou ser mais do mesmo. E de como os corredores de ônibus que foram criados são inúteis, com uma ou duas linhas somente andando neles, enquanto a maioria dos ônibus continuam em seus caminhos longos e congestionados com carros. Lembro de quando eu tive que ir para a faculdade pela primeira vez e tomei o ônibus errado e fui parar nem sei onde, pois não sabia pra onde o ônibus estava indo, e tive que voltar pra casa. Lembro que na vez seguinte, com medo de descer no ponto errado, dei sinal muito, muito antes, mas me disseram que o ponto que eu queria não era aquele, e me avisaram quando eu cheguei. Lembro também que o ônibus que eu tomava pra ir pra faculdade era o mesmo que eu usava pra voltar do senai. Lembro que uma vez, voltando de lá, o motorista do ônibus foi fazer uma ultrapassagem e por muito pouco não bateu de frente com um caminhão. Eu estava de costas pra frente do ônibus, conversando com as pessoas. Percebi o olhar assustado de todos mas em um segundo passou. Um segundo que foi o que bastou pra eu ver o caminhão passando, e logo entendi o que tinha acontecido. Lembro de várias vezes que eu precisava pegar o ônibus de volta pra casa, tarde da noite, pois tinha ficado conversando ou bebendo, e o ônibus passava reto. Uma vez ele parou no farol então eu corri até o farol e bati na porta. O motorista olhou pra mim e, assim que o farol abriu, saiu com o ônibus. Sem me deixar entrar. Lembro de uma vez que fui pra casa da minha avó de ônibus. Ele demorava pra passar e a viagem até a casa dela era um tanto quanto longa, mas foi divertido, pois a Renata estava com a gente.
No fim das contas, até hoje, mesmo tendo tido várias experiências ruins com os ônibus, eu ainda costumo dizer que prefiro pegar um ônibus do que ter que ir de carro. Carro é caro, precisa de reparos e gasta gasolina. O ônibus, nos dias de hoje e com as várias facilidades como os bilhetes, se tornou um meio de transporte viável, não fosse a lotação. Mas apesar de tudo, eu não posso negar a importância dele na minha vida.

sábado, 17 de março de 2018

Enjoei

Essa semana fui apresentada a um site onde você vende coisinhas diversas que você não usa mais. Desde roupas e sapatos até livros e bugigangas. Pra se ter uma noção, o site tem até uma sessão chamada cacarecos. Cacarecos! O site tem o nome desse post. E devo dizer que ele foi uma muleta pro tédio que assolou essa semana. Parecia uma torrente de tédio que estava invadindo meu espaço, meu ser, por todos os lados e de todas as direções. Foi triste. Foii cruel. Mas sobrevivi. Vamos falar mais da semana enjoada que tive? Claro que vamos!
Comecemos pelo setor, um lugarzinho longe que pra eu chegar preciso pegar dois ônibus. Até aí tudo bem, abençoado seja meu município que inventou de aderir ao bilhete único. Lá haviam duas casas que eu ainda não tinha conseguido encontrar os moradores. Dessas duas, uma entrou em contato com o pessoal e conseguiram fazer a entrevista. A outra era uma mulher que vivia dizendo que estava com dor de cabeça ou que estava de saída. Mas naquele dia, consegui encontrá-la e fazer com que ela me respondesse a pesquisa. Eu estava sem a folha que usamos para registrar, então usei a parte de trás de um dos calendários. Era o que tinha e foi do jeito que consegui. Consegui terminar tudo que precisava e voltar pra casa antes da chuva. Isso me deixou livre pra sair na terça. E foi o que fiz. A terça foi um dia muito bom, mas que me fez ver a urgência com que tenho que ir em um médico. Preciso de prazos, de datas, de conhecimento. Conhecimento é poder!
Na quarta, como de costume, temos que ir pra agência. Nada contra ir pra agência, eu gosto de ver algumas pessoas por lá. No entanto, devo dizer que de uns tempos pra cá o clima está ficando tão pesado que chego a achar difícil respirar. Tudo começou quando sumiram com a caixinha onde eu guardava meus bolos de caneca. A Lívia disse que achou que eu tinha levado pra casa, já a Lara saiu a perguntar pras pessoas que conseguiu se alguém tinha visto. Ninguém viu, logo, a culpa caiu sobre o pobre espírito do falecido advogado que lá trabalhava. Até ser morto com 13 tiros. E a quarta se arrastou com uma correção, sem internet, um almoço farto, minha antiga chefe sendo… bem, ela mesma. Eu me surpreendo com como algumas pessoas conseguem ser pessimistas e ver maldade em tudo. Eu não sei se eu que não passei por situações ruins o suficiente pra adquirir essa malícia, essa maldade, esse senso de perigo, ou se as outras pessoas que exageram. De qualquer forma, o dia se desenrolou de tal forma que, em dado momento, recebi um email de cobrança. Prestando maior atenção, percebi que era de uma universidade que eu tentei fazer matrícula e que não consegui, pois não tinha fechado turma. A dita cobrança é, supostamente, referente ao semestre que “cursei”. Que na verdade não cursei. Fiquei brava, com medo, desesperada e, como comi muito no almoço, acabou que a maior parte daquele excesso fermentou e eu acabei passando a noite toda no banheiro, vomitando. Não é agradável de dizer, nem de imaginar, mas foi o q aconteceu. A Lara me tranquilizou e começou a me guiar sobre coisas que eu posso fazer. Inclusive, percebi que ela anda cheia de problemas também. Correção, nosso grupo de não “tops” anda passando por vários problemas. Ainda assim, aqui estamos, nos apoiando mutuamente. Enquanto as outras pessoas parecem além de querer nos excluir, nos ostracizar. Mas os “tops” não importam nesse momento, voltemos à semana.
Fomos convocados para voltar na quinta, pois precisávamos testar o novo programa da PNAD Contínua. Não tinha internet, então passamos o dia todo praticamente na base de ver o site da enjoei e resolver um problema aqui e outro ali que se apresentava. Comi pouco e de forma moderada, por conta do estômago. Também fiquei com a garganta doendo e não tinha nada que eu pudesse fazer pra melhorar. Acabamos indo embora com a impressão de que não fizemos nada. E não fizemos mesmo. Logo, na sexta estávamos convocados novamente. Já tinha passado da hora do almoço quando finalmente nos trouxeram o novo aparelho pra fazermos uma entrevista. E aquele que se perdeu, por alguns poucos momentos, retornou. Mas não é a mesma coisa. Como a Eliana colocou, muito bem colocado, neste momento existe uma mágoa. Então quando vi que ele estava indo embora enquanto eu e a Eliana estávamos lá, não me fiz de rogada e fui pegar minhas folhas do setor da próxima semana, bati saída e me despedi. Na volta pra casa, recebi uma mensagem do meu amigo Gilson dizendo que ele terminou com a namorada e como se sentia aliviado. De como “ela queria tudo de mim e não fazia nada de volta”. De como ela era um carrapato emocional e de como ela fez com que as coisas ficassem mais difíceis. Isso me abalou um pouco, confesso. Meu namoro durou 8 meses antes de terminar mas o do Gilson estava durando anos. Me ficou bem claro que, depois dela ter pedido as contas no trabalho, o conceito e respeito que ele tinha por ela diminuíram drasticamente. E então pensei em que tipo de pessoa eu sou. Se não sou também um carrapato emocional para as pessoas ao meu redor. Quando sou emocionalmente dependente, sou muito dependente. Eu lembro que disse pra minha psicóloga como eu sabia o peso que eu represento pros outros e lembro dela me questionando por que eu me achava um peso, e se os sentimentos dos outros também eram pesos pra mim. A verdade é que às vezes eu sinto como se tudo fosse um peso. Eu, os outros, minha vida, meus sentimentos, os sentimentos que conheço e desconheço dos outros. Ver como meu corpo está sofrendo agora com coisas que, antes, não me afetavam de forma alguma, faz com que eu pense que estou ficando fraca e mole. Com que eu pense que a pessoa forte que todos acham que eu sou está ruindo. Quero me apoiar em alguém, mas sei que vou pesar, então prefiro ficar aqui, quietinha com meus pensamentos e com meus problemas. Nesse momento, basta que apenas eu esteja assim. Vamos esperar que o enjôo passe e que, com ele, pelo menos uma parte de todos os problemas também. Seria um alívio muito bem-vindo.

sábado, 10 de março de 2018

Relações Humanas

Ontem, sexta-feira, fui ao cinema com meu irmão assistir o filme do Pantera Negra. Foi um filme muito bonito se você pensar que era um filme sobre um super herói. Eles exploraram as relações do personagem de forma muito, muito satisfatória. Tão satisfatória que, pra mim, que perdi minha mãe, houve um momento bem pontual do filme que eu não consegui não chorar. E meu irmão ainda deu uns tapinhas no meu ombro. É, eu sei irmão, está difícil pra todo mundo. E como eu costumo dizer pra todo mundo, é difícil ser forte o tempo todo.
Ser forte ou aparentar ser forte, tanto faz no final das contas qual caminho você escolher, as pessoas vão te ver como alguém independente e que não precisa de ajuda. Ou de nada, pra ser mais exato. Então às vezes você tem que pedir. Eu descobri nessas últimas semanas, no entanto, que dependendo de como você pede, existem vários tipos de interpretação. Se quer ser entendido plenamente, você tem que se fazer entender de forma clara e objetiva, ou seus pedidos vão se misturar com todas as outras coisas que o ouvinte também tem que lidar. Pois sim, nós, interlocutores, temos problemas. Nossos ouvintes também têm problemas. Uma pessoa aleatória que passa por você na rua também deve ter problemas que você nem imagina, nem quer imaginar. O ponto crucial aqui, pra mim, seria a empatia. Fizemos uma brincadeira outro dia, eu e ele, de que eu me colocaria no lugar dele e ele no meu. Eu tinha que imaginar como ele se sente quando eu estou desanimada. Bem, que posso dizer de nosso pequeno experimento? Doeu. Empatia é uma coisa poderosa e perigosa. Lembrei do que minha psicóloga disse uma vez, sobre eu ter uma empatia muito grande e esperar das outras pessoas essa mesma empatia, e que as outras pessoas não se preocupam tanto com isso, logo q eu tinha que pedir. Sempre voltamos ao pedir. Então, quando percebi como é difícil pra ele também, doeu bastante. Eu não queria ser tão difícil de lidar. Eu não queria que as situações que ele tem que passar fossem tão difíceis de lidar. Mas as realidades nos cobram, e como ele tem feito questão de me lembrar bastante durante os últimos dias, não somos mais namorados. O que não muda alguns fatos, mas muda outros. É difícil saber como lidar com as coisas nesse momento. Então resolvi ser objetiva. E conversamos. E, pelo que me pareceu, nos entendemos. A questão agora é manter a objetividade. O exercício agora é exatamente ser objetiva e conseguir pedir o que quero com sucesso. O problema vai ser lidar com as pessoas ao redor, pois elas também cobram.
Eu trabalho num lugar onde entrevisto pessoas em dois dos sete dias da semana. Eu lido com as pessoas do meu trabalho durante os outros três dias úteis da semana. Lido com meus amigos online, com meu pai e com meu irmão todos os dias. Para cada pessoa eu tento ter uma abordagem diferente, pois preciso saber como lidar com cada uma dessas pessoas pra conseguir o que preciso. Para um entrevistado é fácil, eu só preciso conseguir as informações e deixá-lo em paz pelos próximos três meses. Com as pessoas do meu trabalho, no entanto, já complica um nível, pois existe uma convivência que, por mais que você tente manter de forma pacífica, tem seus altos e baixos. Como ter que ficar numa sala com outras duas pessoas que, enquanto você está lá, ficam trocando mensagens por whatsapp para não ter que falar na sua presença. Ou colegas que somem com sua caixinha de bolos de caneca e sucos em pó, sem nem deixar rastro. Ou ainda aquela pessoa que reclama do cachorro quente não ter ketchup, sendo que todos os ingredientes que foram trazidos estavam bem na vista, em cima da pia, pra qualquer um que quisesse ver e colaborar com alguma coisa. Então, passamos para aquelas pessoas que você vai conviver, pessoalmente, todos os dias por serem sua família. E você tem que saber como eles estão se sentindo, logo você pergunta, pois se você não pergunta, um deles não te diz nada. E você cuida deles da melhor forma possível. E se pergunta se não te mais que você poderia fazer. E você começa a querer que sua família aumente, sem ter os recursos para que isso aconteça. E você procura ser uma boa pessoa. E você falha as vezes, pois somos seres humanos e estamos suscetíveis às mudanças ao nosso redor. Não é possível se ser feliz o tempo todo, mas a gente tenta mesmo assim. E quando não conseguimos ficar felizes tentamos buscar uma pessoa que nos faça felizes. Só que às vezes essa pessoa não consegue nos fazer felizes da forma como gostaríamos. Isso é porque, como também dizia minha psicóloga, nós somos mais responsáveis por nossa felicidade que qualquer outra pessoa. Eu tenho que aceitar que não posso carregar a felicidade de todas essas pessoas nas costas sozinha o tempo todo, mas também tenho que lembrar de pedir. E tenho que saber como pedir. Hoje era um dia que eu bem queria poder ficar quieta na minha cama sem incomodar ninguém. Tem dias que são assim. Mas minha carência me faz sair e buscar por atenção. Qualquer atenção. Uma atenção em especial. Ficar sozinho, pra mim, neste momento, é triste. Quero companhia.

sábado, 3 de março de 2018

Desculpe… e Obrigada - Parte II

Eu tenho a impressão que, por mais tempo que passe, algumas coisas são bem difíceis de mudar. Por exemplo, meu complexo de culpa, meu costume de me desculpar até mesmo quando não existe, de fato, uma culpa para ser apontada. Às vezes foi apenas alguma coisa que deu errado, mas foi só isso. E lá estou eu, me desculpando e me sentindo culpada. A Lucimar me disse uma vez que quando a gente não se mexe, chega uma hora que a vida vem e nos empurra com tanta força que nossa única opção é começar a caminhar, é se pôr em movimento, é começar a ser produtivo, útil. Depois do meu último post o Hakion veio falar comigo e confesso, foi uma das melhores conversas que tivemos em um bom tempo. Literalmente, já que não nos falávamos direito faziam alguns dias. Ele estava me pedindo vários dados para cancelar nossos vínculos e, no entanto, partiu dele a pergunta que nos aproximou de novo. Desde a semana passada eu sabia o que esse post seria, no entanto os acontecimentos desta semana mudaram e muito o rumo pra onde esse post vai. Antes eram tons de cinza, agora eu volto a ver cores nos meus potes de tinta.
Primeiramente amor, obrigada por ser sincero comigo e me dizer que vc ainda me ama. Eu também te amo. Me desculpa por insistir tanto quanto eu deveria mas existem momentos em que eu também me canso. Obrigada por tudo que você me proporcionou na segunda, pois cada um daqueles momentos foi muito, muito importante pra mim. Eu não sei se vc percebeu, mas caso tenha, desculpe por ter chorado um pouco no fim do dia. Me dói partir, principalmente por não saber quando vai ser a próxima vez q eu vou te ver. E eu sinto a sua falta. Me sinto tão carente quanto vc, acredite.
Também quero agradecer por você ter conversado um pouco comigo sobre as coisas que você fez enquanto a gente não estava se falando. Desculpe se eu não tinha nada tão empolgante pra te contar também, mas confesso que passei vários dias tentando um contato que não se realizava da forma como eu queria. Desculpe por ser pessimista e por esperar tanto que você me dê pistas do que fazer. A verdade é que tem vezes que eu me sinto bastante perdida e sem saber o que fazer sobre você e até mesmo sobre mim também. Como disse a Chise no último episódio que assisti, “existem coisas que os humanos não entendem neles mesmos”. Às vezes eu realmente preciso que você me diga o que fazer. Se você não souber, tudo bem. A comparação que fiz com um cachorro ainda é válida, eu só preciso que você permita que eu fique aqui. Eu sei que o aqui que eu posso te dar não é o aqui que você queria, desculpe por isso, mas é o que posso oferecer neste momento.
Obrigada por, logo após uma partida em que você disse que todos estavam tiltados, ter jogado comigo e parecer ter se divertido. Eu sei que eu me diverti, espero que você também tenha. Desculpe se às vezes eu saio depois de algumas partidas, mas eu resolvi adotar essa atitude de me afastar de você quando você está ficando muito irritado, pois isso me faz mal. Obrigada também por ter dito, depois de alguns momentos “de revolta”, que ainda me ama. Por mais que eu saiba eu realmente gosto de ouvir, de ler, de saber. É um sentimento muito bom. Obrigada por ser a pessoa a me proporcionar essa sensação. E obrigada por me permitir ainda te chamar de amor, mesmo que nossa situação atual não seja a de namorados.
Desculpe se eu quero esperar você ter um emprego antes da gente reatar. Desculpe tbm por, naquele dia em que você perguntou se a gente tinha voltado por acaso depois de eu ter te desejado “boa noite amor”, ter dito que não mesmo que minha vontade fosse de dizer sim. Desculpe por ter passado num concurso que eu recebo menos do que recebo hoje. Desculpe por não poder nos dar uma casa pra gente poder morar junto logo de uma vez. Desculpe por não insistir tanto quanto acho que você gostaria que eu insistisse, mas não sei quanto é o aturável de insistência pra você e não quero que, com minha insistência, você fique se sentindo pior do que estava no início de nossa conversa. Desculpa se faço perguntas demais, mas você me disse que eu não devia assumir as coisas. Desculpe também por, apesar de fazer tantas perguntas, ainda assumir algumas coisas erradas.
Por fim, quero agradecer por você ser quem é, por ter me dado algo que querer pro meu futuro e por estar aqui. Eu sei que, pra você, esse aqui não é o bastante, mas eu sei que é o que posso ter, então, por enquanto, eu vou fazer de conta que basta pra que a gente consiga viver e, um dia, realizar tudo que planejamos. Juntos.