sábado, 29 de outubro de 2016

Hoje Não

Muitas pessoas lembrariam dessa frase sendo mencionada pelo professor da Arya Stark, na primeira temporada de Game of Thrones, quando ele pergunta para ela "o que dizemos para o Deus da morte?"
Not today.
Ou algumas pessoas que vão ao cinema podem lembrar de Como Eu Era Antes De Você. Eu fui ver esse filme com a Lucimar no cinema e devo confessar que foi um filminho lindo de meu Deus, mas a época em que eu fui assistir não era muito boa e, no fim do filme, quando Lou está sozinha e começa a tocar a trilha sonora... Eu desabei em choro no instante em que o refrão foi cantado. It's gotta get easier and easier somehow...
But not today.
Ontem, sexta-feira, feriado do funcionário público, saí com meu irmão para encontrar o Gilson, um amigo nosso, e conversa vai, conversa vem, chorei muito como era de se esperar pois ainda tenho chorado todos os dias desde que fui na psicologa. Segunda dia 31 eu volto lá, mas no momento, minha preocupação maior nem é essa, e sim como desde que fui lá e desde que ela me fez dizer em voz alta a palavra sozinha eu tenho reavaliado vários pontos da minha vida, Meus amigos inclusive. Estava com a sensação de que minhas férias estão sendo desperdiçadas pois passo a maior parte do tempo em casa, jogando. Não que isso seja ruim, mas sinto falta de sair e eu realmente esperava poder ir na praia um diazinho qualquer das minhas férias. Mas domingo passado o Leandro cancelou e hoje a Juliana também cancelou. Não me impressiona. Realmente começo a reavaliar minhas amizades. E isso é ruim pois começo a ver que a maioria dos meus amigos próximos não dão valor nenhum pra mim ou pra minha companhia. É triste, mas é o q acontece. Algo disso vai mudar?
Not today.
A verdade é que quem tem que mudar sou eu. Quem tem que se esforçar pra mudar sou eu. Comparo o que a Magliani fez com quebrar um vaso e me pedir pra catar os caquinhos. Só que o vaso sou eu. E esse vaso tem que ser reconstruído, mas definitivamente não com a mesma forma que ele tinha antes. Voltar pro que eu era antes só faria com que o ciclo de solidão continuasse a se repetir indefinidamente. Não é isso que eu quero pra mim, pra minha vida. Se sei o que tenho que fazer? Na verdade não. Tenho ideias do que posso fazer e de como fazer, conversar com o Gilson ontem me fez muito bem pois ele me abriu os olhos pra várias possibilidades que devem e serão avaliadas e, provavelmente, dado uma chance.
Não hoje.
O que me doeu ontem na verdade foi voltar pra casa e, do nada, começar a discutir com meu irmão e descobrir que ele ficou bravo comigo por eu estar passando por um perrengue e não ter dito nada a ele. Não ter contado. Não ter procurado conversar com ele. Eu conversei com outras pessoas mas não com ele. Isso o ofendeu de uma forma que achava que nunca o afetaria. Sinto que devo desculpas a ele. E essas desculpas serão ditas de alguma forma.

Não hoje.

sábado, 22 de outubro de 2016

Solidão

Percebi, tarde demais para meu próprio bem, que esqueci de escrever algo para o blog na sexta. Verdade seja dita, fui dormir às 5 da manhã, então nem acordei num horário adequado para escrever a tempo de postar de manhã, como de costume. Mas ainda é sábado e eu tenho tantas coisas para contar que nem sei por onde começar. Na verdade, sei sim.
Segunda dessa semana fui na minha psicóloga. Abençoada seja doutora Magliani por ter tanta paciência comigo. Não sei como são os outros pacientes dela, mas sei como eu sou e acredito que ela tem feito verdadeiros milagres em mim. Acabei confessando para ela como esta sendo difícil me absolver da culpa, até mesmo dividir a culpa para que eu não sinta como se tudo que deu errado tivesse sido por mim. Ela disse que teremos que trabalhar mais isso. Então de alguma forma chegamos no meu problema com os cachorros e como eu tenho um radar próprio que faz com que a qualquer menção de "cheiro de cachorro" dispare em mim um alarme que faz com que eu me sinta cheirando a cachorro. Mas também chegamos à conclusão de que meus cachorros não estão fazendo o papel de reposição de nenhuma emoção. Então falei com ela sobre meu medo de ficar sozinha e de como o meu alemão tirou isso de mim. E foi aqui meus caros que o caldo entornou. Ele agradeceu que eu tenha lhe contado isso e começou a trilhar um caminho de pensamentos ruins e destrutivos. Meu cérebro deve ter percebido, pq quis tentar sair dali, mas ela foi direta, "continue por esse meu caminho", e chegamos aonde ela queria e precisava chegar. Tudo que eu faço, inclusive amar quem eu amo, faz parte de um esquema meu para que eu continue sozinha.
Sozinha.
Eu poderia escrever essa palavra um milhão de vezes, em letras garrafais, no maior tamanho que uma pessoa normal pode imaginar, e ainda não seria o suficiente pra ilustrar o efeito que essa realização teve em mim. Doeu. Eu chorei assim que a palavra "sozinha" saiu da minha boca. E foi como se eu estivesse o tempo todo olhando pra uma única peça de um quebra-cabeças querendo achar onde ela se encaixava sendo que essa peça não fazia parte desse quebra-cabeças. A peça estava errada. Ou o quebra-cabeças estava errado. De uma forma ou de outra, a ilustração é essa, estava tudo errado e fora do lugar. Algumas pessoas podem dizer que é só reclamar com o fabricante, no entanto, o fabricante desse quebra-cabeças sou eu. Mesmo da peça que estava no lugar errado. Gostar de quem eu gosto, que obviamente, nitidamente, claramente não tem nenhum interesse em mim é parte do meu esquema. Não querer nem dar chance para que outras pessoas se aproximem também é. E com isso, inconscientemente, eu só me coloco na posição que, conscientemente, eu sempre tive medo de estar.
Então algumas pessoas podem vir a me questionar, como é que eu estou me sentindo após descobrir isso? Péssima. E o que eu vou fazer a respeito? Queria eu saber o que fazer e como fazer. Conheço pessoas, várias delas, que bem poderiam me ajudar com isso. Dar chances, não só para essas pessoas mas também para mim mesma, é a primeira coisa que eu pretendo fazer. Conhecer pessoas novas também seria uma opção. Deixar que pessoas que já me machucaram não seria. No entanto, todas essas opções foram testadas essa semana. Existem as pessoas que conheci através do meu trabalho e para quem eu daria chances se eu não pensasse que, talvez, de alguma forma, isso poderia afetar meu trabalho. Existem as pessoas que já estiveram na minha vida, no papel de seres amados, que me fizeram sofrer e que voltaram a falar comigo, inclusive me prometendo que passariam um dia inteiro me dando atenção para que, no dia em questão, me ignorassem por completo em detrimento de outra pessoa. E existe a pessoa que eu conheci que faz com que eu me sinta muito bem mas por quem eu estou com muito medo de me apaixonar, pois não sei até que ponto isso seria eu me apaixonando ou meu esquema entrando em funcionamento com uma nova pessoa. Sem esquecer do detalhe que a pessoa que eu amo, sem saber, acabou se tornando o alvo de um pouco da minha raiva por eu estar nessa situação. Eu estava com medo que isso acontecesse e mesmo assim, meu cérebro fez com que essa ligação fosse feita de alguma forma. Eu queria poder contar com ele mesmo que fosse como amigo nesse momento, no entanto ele me deixou de lado. Quando paro pra olhar, muitas pessoas me deixaram de lado essa semana. Não estou culpando ninguém, mas isso faz com que eu realmente me sinta sozinha. E isso esta me afetando de um jeito ruim. Não sei como as coisas vão se encaminhar de agora pra frente, mas é minha vida e minha liberdade que estão em jogo aqui. Se quero que as coisas melhorem tenho que me dar uma chance de mudar, pois do jeito que as coisas estão não pode continuar. De jeito nenhum.

sábado, 15 de outubro de 2016

Meu Eu Gamer

Tenho passado por vários momentos difíceis durante as últimas semanas e percebi que precisava de algo a mais. Algo pra me tirar dos problemas que eu não quero e não consigo encarar. Foi então que voltei a jogar um joguinho de Nintendo 3DS que eu comprei e ainda não zerei, mas que acho muito fofo. E enquanto jogava pensei que podia (e devia) escrever sobre isso. Afinal, ninguém vive só de amor nessa vida!
Verdade seja dita, os jogos que eu realmente "zerei" nessa vida foram poucos. Eu sou o tipo de pessoa que joga mais pela história do que pelos gráficos, e é exatamente por causa da história que não fui capaz de terminar vários jogos. Devo alertá-los que existem spoilers nesse post, mas que posso fazer? A maioria dos jogos é antigo, então provavelmente isso não afete ninguém de forma ruim. Quando eu era pequena meu primeiro video game chamava Hi-Top Games e, com um adaptador, você podia jogar jogos de nintendinho nele. Amávamos jogar Super Mario Bros 3 e descobrimos vários glitches do jogo. Era bom, era divertido, era saudável e jogávamos em família. Então houve o tempo de locadoras e compramos o Super Nintendo e o Nintendo 64. Minha mãe gostava de jogar um joguinho do Mickey que eu honestamente não me lembro o nome, lembro inclusive que quando a locadora que nós costumávamos alugar o jogo fechou eu quis comprar o jogo dela mas já tinha sido comprado por outra pessoa. Aqui foi onde minha vida deu uma guinada, pois existem jogos completamente fáceis de se terminar e jogos completamente difíceis de se terminar. Os níveis de desafio de um jogo também determinam o quanto você se interessa por ele. Mas então lá estava eu, jogando um jogo de fazenda chamado Harvest Moon 64, onde você é o Jack (na época eu não sabia que existia um nome padrão pra ele, então pra mim ele era o Luke, era esse o nome que eu dava pra ele) e tinha que cuidar da fazenda do seu falecido avô e trazê-la de volta à vida. Era um jogo simples. Objetivo simples. Personagens fofos. Tudo ia bem até que a avó da Elli morreu e eu fiquei muito, muito deprimida. Tinha um álbum de fotos no jogo, coisa que nunca mais se repetiu em nenhum dos jogos da franquia, o que me deixa muito triste, honestamente. Tive vários jogos de Harvest Moon, a maioria deles pra portáteis, mas verdade seja dita... sempre acabo perdendo o ânimo em algum ponto do caminho. Joguei Tale of Two Towns até o ponto em que me casei com o Cam e abri o túnel entre as duas cidades, mas não consegui continuar jogando para ver minha personagem ter filhos. Inclusive parei exatamente quando houve o evento de se descobrir a gravidez. E depois dele acabou que não me lembro de ter terminado nenhum Harvest Moon. Muitos personagens, muitas pessoas para você ter que conversar, ficar amiguinho, participar dos eventos, muitas dificuldades para fazer o que eu realmente gostava no jogo, que era plantar, regar, colher e cuidar de alguns animais. Era tão simples, agora é tão... Social.
Outra franquia de jogos que me marcou bastante foi Final Fantasy. Houve uma época em que compramos um Playstation e pude jogar os de número 7, 8, 9 e o Tactics. o 9 e o Tactics são, de longe, meus favoritos, mas confesso que nunca terminei nenhum deles. Parei de jogar o 7 assim que mataram a Aerith. Parei com o 8 por motivos que nem me lembro. No 9 fui bem longe, estava perto da entrada para o puzzle do final boss, mas pelo bem de mim não pude achar em mim forças pra matar o Kuja. Quem foi o gênio que inventou de criar um vilão bonito? E eu sei que vilões e final bosses em Final Fantasy tem mais que uma forma e normalmente as seguintes não são bonitas nem nada, mas sério, eu não consegui. Foi mais forte que eu. Já sobre Final Fantasy Tactics, apesar de eu não ter zerado o de Playstation eu consegui zerar um de nintendo DS que teve depois dele, onde você tinha sido engolido por um livro e, de todas as pessoas que você conhecia que também tinham sido engolidas pelo livro, você era o único que queria voltar pra o mundo real. Era fofo, era meigo, era mágico... e eu tinha que saber como terminava!
Então houveram vários outros jogos soltos que marcaram minha vida da mesma forma, como Chono Cross (Kid, eu te amo), Legend of Legaia, Legend of Mana (se eu fosse um Jumi, eu teria virado pedra em tantos momentos daquele jogo), Ogre Battle 64 (de onde saiu meu nome feminino favorito, Erin, e de onde fui apresentada para minha criatura mística favorita, o Grifo), sem esquecer de Zelda que, apesar de não ter sido zerado por mim e sim pelo meu irmão, foi um dos melhores jogos da minha vida. Das plataformas "simples". Às vezes sinto que os jogos naquela época eram não só mais simples, mas tinham mais conteúdo do que os de hoje. Me lembro de quando jogávamos Odin's Sphere (do playstation 2) e os garotos apanhavam para um boss que sugava as armaduras no chão, formando uma bola enorme de entulho que era atirada contra eles. Vi tanto que me irritei. "Passa esse controle pra cá", pedi. Não questionaram, mas ficaram olhando com aquelas caras de "se nós não conseguimos, ela com certeza não vai". Só que eu não sou um homem. E se tem algo que eu não tenho em jogos é medo de morrer. Logo, quando o monstro tinha acabado de sugar as armaduras e todos falaram pra eu me afastar, pois era o momento dele cuspir a bola eu continuei atacando. E rebati a bola no monstro, o que deu um dano incrível e fez com que eu matasse o boss. Devolvi o controle pra pessoa que estava jogando e todos ficaram me olhando por alguns segundos. Devem ter me achado louca, mas não falaram nada.
Então veio Okami. Ah, Okami, que saudade de você... Gráficos lindos, história envolvente, personagens cativantes. O único problema é que as lendas japonesas, todas, em sua essência, não são histórias pra fazer seus filhos dormir. Não. Elas contém em sua essência lições morais que são transmitidas através de perda e dor. E Okami é totalmente baseada em lendas japonesas. Então, quando cheguei na parte em que vários personagens tiveram que se doar por causas maiores... aquilo doeu. E eu não consegui mais jogar aquele jogo desde então. O que é triste.

Minha última aquisição chama Fantasy Life e é um jogo de 3DS como falei no início do post. É simples, é fácil, tem personagens cativantes e mistura várias coisas que eu gosto em um jogo só. Esse, em algum momento, será terminado. Ou eu não me chamo Luciana.

sábado, 8 de outubro de 2016

Desculpe... e Obrigada - Parte I

Hoje acabei fazendo tanta cera que consegui chegar em casa após a meia noite, o que significa que este post esta sendo escrito realmente no sábado em que será postado. Yey. Isso foi uma das primeiras coisas que eu planejei para escrever neste post enquanto estava no ônibus voltando pra casa depois de tomar muita coisa e comer uma pizza.
A segunda coisa que eu pensei foi na minha pessoa especial e em como eu faço da vida dele um inferno. Hoje uma das atitudes dele confirmou pra mim algo que já me era bem claro,mas q meu coração não queria aceitar de forma alguma. Então, como uma das formas de libertação, devo falar disso. Pensei em como as desculpas e o obrigado se encaixam a bem mais gente do que só ele, mas verdade seja dita, neste exato momento eu preciso focar nele. Que assim seja.
Hoje é sábado. Bem-vindo sábado. Queria eu poder ficar acordada pra ver os primeiros raios do sol quando amanhecer, mas isso não posso fazer, pois me lembraria dele e eu acabaria ficando triste ao lembrar do tanto de promessas que dentro da minha cabeça sonhadora ele fez. Sim, só dentro da minha cabeça, pois tenho certeza absoluta que para ele foram palavras ao vento, que ele não lembra de nenhuma delas, que se eu cobrasse ainda seria capaz dele se zangar ou se incomodar como sempre faz.
Desculpe por me preocupar com você e obrigada por se preocupar comigo. Desculpe por ser tão grudenta e obrigada por estar ao meu lado quando eu preciso mesmo assim. Desculpe por te querer tanto e obrigada por nunca me dar esperanças. Desculpe por criar esperanças mesmo assim e obrigada por acabar com uma por uma delas de forma sutil e definitiva. Desculpe por querer te entender e te ajudar quando é nítido que você não quer nem uma coisa nem outra, mas obrigada por se esforçar tanto para me dar conselhos. Desculpe por sonhar com o dia que você vai tomar uma iniciativa e obrigada por nunca tê-la tomado. Desculpe por ter acreditado um dia que nós dois, juntos, seríamos felizes e obrigada por me abrir os olhos de que isso não é possível. Desculpe por ter te trazido tantos problemas em uma época tão atribulada da sua vida e obrigada por ter dividido as dificuldades que você teve naquela época, mesmo sendo tanto tempo depois. Desculpe por te amar e obrigada por não aceitar que eu te ame. Desculpe por ter cheiro de cachorro e obrigada por me forçar a tentar tão desesperadamente me livrar desse aspecto. Desculpe por não poder fazer nada por você e obrigada por não querer nada de mim. Desculpe por te querer pra mim e obrigada por não ceder. Desculpe por existir e obrigada por acolher minha existência. Desculpe por depender tanto de você e obrigada por ser minha fonte de força. Desculpe por fazer de você um dos assuntos da minha terapia e obrigada por fazer com que eu me abra para minha psicóloga a respeito dos meus traumas.
Existem tantas coisas pelas quais eu devia me desculpar com você... Mas a verdade é que eu só consigo sentir gratidão quando penso em você. Pelo bem e pelo mal, você me ensinou muita coisa, me fez ser uma pessoa melhor do que eu era, me mostrou o que eu posso fazer e ser, sem limites, sem podas, sem medo. O problema é que o medo é o sentimento que rege minha vida desde sempre. Te ter na minha vida é um presente. Um presente com prazo de devolução. Você tem sonhos que eu não posso acompanhar. Mesmo assim, pelo tempo que nos resta, me permita estar ao seu lado. Mesmo que não literalmente ao seu lado, mas me permita sentir a felicidade que você me proporciona. Tentarei o meu máximo para não invadir seu espaço, para não te sufocar. E no dia em que não nos vermos mais eu vou lembrar de você com carinho e ternura.
Hoje eu te amo. Desculpe por isso. E obrigada por me proporcionar isso.

sábado, 1 de outubro de 2016

Feliz Aniversário pra Mim


Queria começar esse post agradecendo as pessoas que foram na minha festa. Obrigada.
Queria agradecer também a pessoa que cedeu sua casa para que a festa pudesse ser realizada. Obrigada. Eu te amo.
Neste ponto, devo descrever a odisseia de uma festa de aniversário. Não é fácil se fazer uma festa quando você fez a burrice de esquecer o cartão do banco no banco e os bancos estão de greve. Você pede um cartão novo e descobre que o prazo pra ele ser entregue na sua casa é de 10 dias uteis. Ainda assim, se você é eu, você é mais teimoso que uma mula empacada, então você da um jeito de tirar dinheiro pra poder pagar o máximo possível de coisas que você precisa pra sua própria festa. É simples, é fácil, é prático, mas dói ficar andando com dinheiro vivo de lá pra cá. Ainda assim, as coisas começam a se encaminhar e tomar forma. Como a festa ia ser na casa dele eu tinha que levar uma porção de coisas pra lá, então fui levando aos pouquinhos. Se alguém olhasse pra mim poderia pensar que eu estava levando um corpo esquartejado em tantas bolsas e sacolas. Foram três dias levando coisas e mais coisas, ao ponto que ao final dos três dias o pensamento que passava pela minha cabeça era o de "por que ele não me enxotou de perto dele ainda?"
Não me entendam errado, mas quando se tem uma briga com uma pessoa de quem você gosta e essa pessoa te diz "você me sufoca" é difícil não sentir como se qualquer coisa que você faz perto dessa pessoa não vá acabar dando a ela a impressão de sufocamento de novo. Era meu aniversário, tenho noção disso. Ele mesmo ofereceu a casa dele pra festa, então ele devia estar ciente de que existia a possibilidade de eu aceitar a oferta. Que foi o que aconteceu, era o lugar perfeito! Mas confesso que me causou um estranhamento estar perto dele depois de ter dito que daria espaço pra ele. "É a única coisa que posso fazer", lembro de ter dito pra ele na época. Que bom que foi meu aniversário e pude compartilhar esses momentos com ele, mas como a Cinderela à meia noite, está na hora de voltar pra realidade do borralho. Ou no meu caso, devo aceitar que o espaço deve ser mantido.
Eu tinha feito uma lista de convidados com uns 25 nomes, dos quais eu tinha certeza que apenas uns 15 viriam. Foi assim mesmo. Eu estava preocupada que por algum motivo alguém se sentisse deslocado, mas meus amigos o são por algum motivo afinal, e tudo se desenrolou de forma suave. Acredito que ninguém passou fome. Sede com certeza não passaram. O bolo tinha forma de poring e era todo rosa, uma coisa linda, fofa e gostosa de se comer. Fritamos todos os salgados, sem exceção. Os doces também acabaram. O tempo foi passando e quando olhamos já tinha passado da 1 da manhã. Isso porque eu disse pra ele que não pretendia varar. Acabou que resolvemos chamar um Ubber. Eu queria ficar até a hora do primeiro ônibus, mas o Ubber ia passar na minha casa, então era mais fácil ir com eles.
Sinto falta de por a mão no seu cabelo. Sinto falta do seu abraço. E você me deu as duas coisas ontem. Obrigada. Agora, como uma carta Clow, voltarei à forma humilde que mereço. Baixem as cortinas, o espetáculo acabou.