sábado, 29 de abril de 2017

Não se Importar

Existe uma pessoa de quem gosto. Essa pessoa é irritante e sempre foge de perguntas diretas com a resposta "não sei" ou "sei lá. Eu vivo tentando interagir com ele da melhor forma que consigo mas sempre acabo ficando triste ou magoada de forma que de uns tempos pra cá tem sido difícil até mesmo ficar por perto. Não sei mais como falar com ele, nem como pedir que ele jogue comigo, por exemplo, pelo simples fato que já espero que as interações vão ser ruins e que eu vou me sentir mal com isso.
Mas ele não se importa.
Existe também uma pessoa com quem me preocupo muito que está passando por algo muito doloroso. Sei disso pelo fato dele ter vindo aqui tarde da noite para chorar e ouvir que tudo vai ficar bem sem ter que pedir por isso. Ele foi embora me dizendo que estava melhor e pedindo que eu não dissesse nada para pessoas próximas a ele. Eu não ia, pois acredito que as pessoas envolvidas deviam ter noção do que anda acontecendo.
Mas elas não se importam.
Existem muitas pesquisas que precisam ser feitas no IBGE e muitas pessoas que trabalham no IBGE para realizarem essas pesquisas. Existem problemas institucionais, legislativos e trabalhistas. Nessa sexta houve o pedido de greve geral e, mesmo não tendo a obrigatoriedade de aderir, não fui trabalhar. Por não haverem ônibus para se ir trabalhar.
Mas o mundo não se importa.
Existe uma pessoa que precisa de mim. Que quer minha atenção. Mas que sofre calada. E eu nem sabia que ele precisava tanto de mim até ele falar hoje que sentia falta de mim e que não tenho dado tanta atenção pra ele como costumava. "Roubaram de mim a coisa mais preciosa que eu tinha de você, que era sua atenção".
E eu não me importei.
Até ele ter me dito.
E agora estou me sentindo mal, pois uma das coisas que me deixa bastante chateada é saber que não se importam. E ele se importa, isso só fez com que as coisas doessem mais. A verdade dói. Sempre dói. Como daquela vez em que percebi a diferença de se preocupar e se importar. Ele me falou uma verdade, eu gosto de estar com pessoas. E ele me deu a oportunidade de estar com pessoas. Mas com isso acabei me afastando dele mais do que devia, e ele sentiu isso mais do que eu senti. Tenho que me policiar mais pra não cometer o erro que os outros tanto fazem comigo.
Não se importar.

sábado, 22 de abril de 2017

Deus e o Autoconhecimento

Não sei de vocês caros leitores, mas eu tenho uma religião. Não significa que eu a pratique, mas eu a tenho. Sou católica, no entanto tenho amigos de todas as religiões. E é com essas religiões que vou interagindo e passando pelo mundo, criando minha própria identidade religiosa e crenças. Mas nenhuma religião chega aos pés de experiências reais. E foi isso que aconteceu comigo essa semana. Minha amiga Liliane me chamou para fazer um curso de autoconhecimento na Igreja Universal. São apenas cinco terças-feiras, e é em um horário depois do trabalho, então aceitei de bom grado. Mas a verdade é que já para o primeiro dia eu me atrasei. No entanto, a mensagem que precisava ser passada chegou: qualidades e defeitos. Segundo a premissa do curso, isso é o início de tudo, você precisa se conhecer para que possa evoluir como pessoa. E eu estou estagnada há um bom tempo. Conversando com ela após o curso, ela deixou bastante claro como estava feliz de me ver ali e de todas as coisas que percebia conforme eu ia dizendo como estou. Já começou por aí, com ela me dizendo que tenho sempre que dizer que estou bem, pois as palavras têm poder. Sim, eu sei, isso é algo que outras pessoas me dizem também. Mas foi além, com ela me dizendo como eu era uma pessoa cheia de vida quando ela me conheceu e como hoje ela não vê mais essa vida, como eu me dôo demais para os outros ao ponto de não ter o que preciso pra cuidar de mim, que não preciso pensar que é egoísmo meu querer pensar em mim. E por fim, houve o comentário que eu precisava ouvir sobre o Giorgio, de que apesar de ser uma boa pessoa, seus sentimentos são muito nocivos. Eu já tinha ouvido da minha psicóloga como eu mesma tenho que cortar o fio que alimenta o sentimento de amor e juro por Deus que estou tentando, mas sou apenas humana. E essas coisas levam tempo pra mim.
No dia seguinte, meu irmão me chamou pra conversar. É raro, então fui, e acabei contando pra ele sobre os últimos acontecimentos que estavam me deixando abalada, pro que ele fez questão de me lembrar que não devo criar esperanças e pro que eu lhe assegurei que não estou. Consigo fazer bem meu papel de amiga, não se preocupe irmão. Não se preocupem pessoas. Eu estou bem. Mas continuando, meu irmão queria conversar pois tinha que ir até a loja de fantasias, onde pediu uma cabeça de cachorro pra fantasia e, de lá, ia pro curso de gnosis, e como ia demorar até lá, ele queria companhia. E eu fui. Tinha várias coisinhas pra fazer, como pagar contas e pegar o certificado do meu curso de massoterapia. E quando estava na hora dele ir pro curso, ele me convidou para ir junto, o que recusei. E me arrependi quando ele chegou em casa e me falou sobre o que tinha sido a palestra. Novamente, qualidades e defeitos. O mais interessante foi a maneira que ele me informou, "não fui eu que te chamei, foi seu anjo da guarda". E apesar de não praticar nenhuma religião, acredito muito em Deus. E as coisas começaram a me fazer pensar. Muito.
O autoconhecimento é importante pois faz com que olhemos pra dentro. Pra dentro, pra nós mesmos, é algo que minha prima fala bastante quando conversamos sobre a Mary Kay. Quando foco em mim mesma e me sinto mais feliz comigo mesma, consigo viver de forma mais leve. E é disso q eu preciso, viver bem comigo mesma. Logo, farei o possível pra poder terminar aquela lista. Qualidades e defeitos, não é mesmo? Como me dizem toda hora, eu já sobrevivi a coisas mais difíceis que isso. É só uma lista. Duas no caso. Mas vou sobreviver a elas também.

sábado, 15 de abril de 2017

A Cidade

Desde que comecei a trabalhar na agência Guarulhos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, passei a conhecer meu município. A verdade é que eu nasci e cresci nesse lugar, mas não saia muito de casa então não conhecia muitos lugares. Ainda hoje, quando me falam nomes de certos bairros, fico em dúvida de onde fica. Nomes de rua então? Até as mais conhecidas ainda me são um pouco difícil de lembrar o nome, então ainda costumo pedir pontos de referência pra lembrar onde fica. Costumo dizer que a cidade é como um grande quebra-cabeças e que, conforme visito setores, vou juntando algumas peças e ligando um lugar ao outro. Não que eu não conhecesse estes lugares, veja bem... Minha mãe me levava pra vários lugares, deu aula em vários lugares, mas eu não tinha o costume de olhar pro caminho, tanto é que quando eu era mais nova um dos meus maiores medos era o de me perder. "Se me largarem aqui, não sei voltar pra casa", eu dizia. Hoje, com o celular, o GPS e o Google Maps, só se perde quem quer.
Desde que ele se foi esta cidade se tornou grande demais, vazia demais, triste demais. No entanto, eu estou aqui. Nunca pensei em sair daqui. Abri mão de muitos amores, muitos sonhos, muitos desejos por querer permanecer aqui. Antes era pela minha mãe, agora é por não me ver em outro lugar que não aqui. Não é como se eu conhecesse muitos outros lugares, nem como se houvessem muitas pessoas que me prendessem por aqui. Na verdade, a maioria dos amigos que tenho nessa cidade não ligam nem se importam comigo. Existem excessões, mas em sua maioria, são pessoas que já têm suas vidas, suas famílias e seus problemas, vidas em que eu não me encaixo. Não que eu ache que as pessoas de outros lugares agiriam de forma diferente, na verdade, eu não acredito nisso. E é por isso mesmo que não me vejo saindo daqui. Esta é minha cidade, sei que se tudo me faltar, ainda sei onde estou e como me reerguer. Não é uma confiança que eu acho que teria em um lugar desconhecido.
Ainda vou conhecer outras cidades, ir para além de Campinas e Sumaré. Para além das praias do Rio de Janeiro ou para os aconchegos da família do meu pai em Bandeirantes. Existem horizontes inexplorados e pessoas novas pra se conhecer. No entanto, esta é minha cidade, e com toda certeza voltarei para ela mais cedo ou mais tarde. Essa é minha realidade hoje.

sábado, 8 de abril de 2017

Incoerências

Eu tinha várias coisinhas que podia falar na semana passada, mas a verdade é que tudo girava em torno do mesmo problema, e eu não queria citar problemas. Então, nesta semana, várias outras coisinhas aconteceram, também em torno do problema. O que faz com que eu seja um tanto quanto forçada a falar a respeito, ou vou acabar ficando sufocada por tudo isso. E eu nem sei por onde começar.
Outro dia estava no Discord e começamos a falar sobre generalizações. É difícil falar de generalização pois sempre haverão os que dirão que é injusto generalizar, pois existem exceções. Todos nós sabemos que existem, mas também sabemos que existem os exemplos, Lembro que certa vez, quando vi que os ídolos da adolescência de hoje são pessoas como o Neymar, o Justin Bieber e certas outras figuras da mídia que, em minha humilde opinião, são de mau caráter, lembrei da época em que eu era jovem e não tinha tanto acesso à informações, e como os nossos exemplos eram... bem, não vou dizer perfeitos, pois não o eram, mas com certeza ganhavam e muito dos de hoje. Então, como posso querer que o futuro do mundo seja melhor do que a época em que vivi se os exemplos que eles têm são tão quebrados? E pensar que toda essa conversa começou quando eu disse q a maioria das mulheres dizem ser cruéis com os homens que amam pois, dessa forma, fazem com que eles continuem interessados. E como eu não me encaixo nesse quadro.
Eu andei muito triste de uns tempos pra cá, no entanto fui visitada pela minha prima que me deu um boost bem grande em vários pontos da vida que eu acho que posso por em prática para que minha vida, aos poucos, melhore. Não precisa ser agora, mas se eu conseguir fazer algo por mim mesma, serei mais feliz, com certeza. E isso nos leva ao outro fator que me deprimiu bastante nesses últimos dias. Fui beber com meu parceiro de copo, coisa que já não fazíamos há tempos. O problema é que tive a nítida impressão de que haviam coisas dando errado. E elas realmente deram errado. Começaram bem mas no decorrer da conversa, um assunto foi mencionado e desse assunto houve o comentário de que eu sou "mimada". Mimada com certeza é algo que eu não acho que eu sou. Logo eu? Confesso que nunca passei necessidade na vida, mas isso não significa que tive tudo que quis, e isso com certeza me ajudou a ter um bom caráter. O que machucou mais, acho, foi que em conjunto com essa nomenclatura ele mencionou como certa pessoa se arrependeu "daquele sábado". Oras, não é como se eu não soubesse, ele disse, não é mesmo? Que se soubesse das minhas intenções, não haveria sábado. E a verdade é que, hoje, eu me esforço pra esquecer aquele dia. Sejam as boas lembranças como as ruins, pois se engana quem pensa que aquele dia foi um mar de rosas. Não foi não. Muito pelo contrário, saber que ele possuía fotos de uma certa pessoa de uma certa forma fez com que eu me sentisse realmente não amada. Por ele, especificamente. Sempre voltava aquela sensação de que ele transaria até com uma árvore se a árvore lhe parecesse sexualmente atraente. Mas não comigo. Eu sou o único ser na face da terra por quem ele nunca vai sentir essa atração. Seremos eternamente amigos. As mensagens que ele insiste em me mandar toda semana mostram isso. "Como você está?" ele perguntou... Como ele achava que eu estaria? Bem? Que já estaria apaixonada por outra pessoa ou que já teria, ao menos, esquecido dos meus sentimentos por ele? O domingo sim é o dia que eu nunca esqueço. A forma como ele disse que saber que eu nunca superei afasta ele de mim, sendo que ele já estava de partida para Minas Gerais. Ter finalmente aceito que eu nunca mais veria ele, que se eu não falasse com ele, ele também não me procuraria, só para, bem no dia seguinte de ter tomado essa decisão, ter que lidar com ele aparecendo e dizendo oi. Isso, pra mim, seria classificado como tortura. Por que ele não pode ser como o Brenno, que entendeu que eu precisava de um tempo longe dele e me deu esse espaço? E esperou que eu me aproximasse novamente? A última que ele me aprontou foi dizer que eu adoraria a cidade. Mesmo que eu venha a adorar a cidade, não espere que eu vá, pois eu não pretendo ir. Não hoje, não amanhã e, se depender de mim, não esse ano. Talvez no futuro. Bem futuro. Hoje, definitivamente, não.
A última coisa que deve ser mencionada é como a bebedeira, apesar de ter me deixado bastante pra baixo, ajudou em coisinhas mínimas que eu nem imaginava que ajudaria. Ouvir o povo do Discord dizer que eu devia ir pra Curitiba pra gente encher a cara foi engraçado. Ouvir que, como opção de onde ficar, eu podia ficar na casa de outro deles e que a mãe, ao ver uma mulher na casa dela, pensaria "meu filho não é gay", entre outras coisas que aconteceram, foi muito bom e muito divertido. O que significa que, no fim das contas, coisas ruins se tornam coisas boas.
Já dizia o senhor Gilson, eu já sobrevivi a coisas piores, vou passar por isso muito bem. E ele tem razão. Quando penso em tudo que passei e em tudo que perdi, vejo que eu realmente sou uma pessoinha forte. Não que eu esteja me gabando disso, mas às vezes é legal ver que temos uma qualidade que não acreditamos que temos. Eu nunca me acho forte, até olhar pra trás e ver tudo pelo que passei. Se isso não é ser forte, então nunca saberei o que é.