sábado, 15 de abril de 2017

A Cidade

Desde que comecei a trabalhar na agência Guarulhos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, passei a conhecer meu município. A verdade é que eu nasci e cresci nesse lugar, mas não saia muito de casa então não conhecia muitos lugares. Ainda hoje, quando me falam nomes de certos bairros, fico em dúvida de onde fica. Nomes de rua então? Até as mais conhecidas ainda me são um pouco difícil de lembrar o nome, então ainda costumo pedir pontos de referência pra lembrar onde fica. Costumo dizer que a cidade é como um grande quebra-cabeças e que, conforme visito setores, vou juntando algumas peças e ligando um lugar ao outro. Não que eu não conhecesse estes lugares, veja bem... Minha mãe me levava pra vários lugares, deu aula em vários lugares, mas eu não tinha o costume de olhar pro caminho, tanto é que quando eu era mais nova um dos meus maiores medos era o de me perder. "Se me largarem aqui, não sei voltar pra casa", eu dizia. Hoje, com o celular, o GPS e o Google Maps, só se perde quem quer.
Desde que ele se foi esta cidade se tornou grande demais, vazia demais, triste demais. No entanto, eu estou aqui. Nunca pensei em sair daqui. Abri mão de muitos amores, muitos sonhos, muitos desejos por querer permanecer aqui. Antes era pela minha mãe, agora é por não me ver em outro lugar que não aqui. Não é como se eu conhecesse muitos outros lugares, nem como se houvessem muitas pessoas que me prendessem por aqui. Na verdade, a maioria dos amigos que tenho nessa cidade não ligam nem se importam comigo. Existem excessões, mas em sua maioria, são pessoas que já têm suas vidas, suas famílias e seus problemas, vidas em que eu não me encaixo. Não que eu ache que as pessoas de outros lugares agiriam de forma diferente, na verdade, eu não acredito nisso. E é por isso mesmo que não me vejo saindo daqui. Esta é minha cidade, sei que se tudo me faltar, ainda sei onde estou e como me reerguer. Não é uma confiança que eu acho que teria em um lugar desconhecido.
Ainda vou conhecer outras cidades, ir para além de Campinas e Sumaré. Para além das praias do Rio de Janeiro ou para os aconchegos da família do meu pai em Bandeirantes. Existem horizontes inexplorados e pessoas novas pra se conhecer. No entanto, esta é minha cidade, e com toda certeza voltarei para ela mais cedo ou mais tarde. Essa é minha realidade hoje.

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