domingo, 20 de novembro de 2016

Pressão

Sexta-feira saí pra beber com o Jonas depois de sei lá e quanto tempo sem ter essa oportunidade. Foi ótimo, pois o Jonas, diferente de um psicólogo mas do jeito dele, faz com que eu pense. Dessa vez nossa conversa girou em torno de pressão. Que pressão, alguém pode vir e perguntar. Pois bem, eu explico. Desde que eu entrei de férias coloquei na minha cabeça que devia fazer todo o possível para não ver o Giorgio. Acho que comentei como ele ter ido embora sem se despedir direito no meu último dia antes das férias me afetou de uma forma ruim, de como meu cérebro cruel quis colocar a culpa nele por eu ter um esquema para ficar sozinha, sendo que eu mesma tenho consciência de que não é assim, de que a culpada mesmo sou eu. De qualquer forma, a ideia de ficar longe dele pareceu ser a melhor de todas as que eu podia ter para evitar qualquer tipo de mal entendido. Acontece que meus colegas de trabalho percebem e comentam. "Ele estava do outro lado da rua na segunda quando você veio buscar seu equipamento de trabalho" ou "Vimos ele na quarta" são comentários comuns que são feitos o tempo todo. Não vejo como maldade da parte dos meus colegas de trabalho, mesmo que eu não diga acredito que sou transparente demais para que eles ao menos desconfiem do que se passa pela minha cabeça e meu coração. E finalmente chegamos à pressão.
Segundo a teoria do Jonas, quando eu crio expectativas eu acabo criando também uma pressão na pessoa alvo da expectativa. Não precisa se ser um gênio pra entender isso. Eu criei expectativas pra praia, isso gerou uma pressão no Leandro e, pra piorar o quadro, houve a decepção de quando ele cancelou. Minha psicóloga estava feliz que estou começando a tomar conta de mim e fazer coisas por mim. Ela também percebeu que agora eu estou fazendo o possível para ficar longe do Giorgio sendo que, antes, eu saía do meu caminho pra estar perto dele. Houve a cogitação dele não ter percebido que eu queria falar com ele no meu último dia de trabalho mas falei pra ela de como eu tenho certeza que ele sabia. Ele tem uma percepção muito boa quando se trata de mim então tenho certeza que ele sabia. Mas é uma opção que ele tinha, não uma obrigação: me ouvir. E ele escolheu não me ouvir. Verdade seja dita, até essa sexta eu não sabia como reagiria quando o visse de novo, mas depois da conversa sobre pressão eu consigo imaginar alguma coisa. De certa forma tirou um peso da minha consciência. Ele é meu amigo. É um colega de trabalho. Se eu focar apenas nessas condições acredito que consigo lidar com a volta dele. Acredito que consigo vê-lo sem surtar ou querer correr e me esconder. Óbvio que se eu tiver a opção de não vê-lo até o fim das férias dele, eu prefiro. Mas com tantos comentários de que viram ele vários dias perto do trabalho devo me preparar pra isso.
Perguntei ao Edgar se ele ja tinha se sentido pressionado por mim. Ele disse que sim mas não soube explicar quando e por quê. Falei que tudo bem, que ele não precisava fazer um TCC sobre o assunto. Na verdade acredito hoje que o que eu faço é cruel. Essa pressão deve ser horrível pra quem sente. Tenho que trabalhar nisso.

sábado, 12 de novembro de 2016

Enroscos

Minhas férias acabaram, finalmente. Pensei que quando elas de fato terminassem que eu me sentiria triste, deprimida, magoada mas, de fato, tudo que venho sentindo é preguiça. Voltar ao cronograma normal de acordar cedo, ainda mais quando uma gripe acompanhada de pulmão cheio te atacaram, é um tanto mais penoso do que eu esperava. Ainda assim, voltar me fez um bem que eu não consigo quantificar. Ainda tem algumas pessoas que insistem em perguntar sobre ele, se estou bem sem ver ele por tanto tempo. E eu continuo dando a mesma resposta que dei quando entrei de férias: estou.
Desde que combinamos nossas férias eu já sabia que ficaríamos sem nos ver por um mês e meio. Também sei que, quando ele voltar de férias, não teremos muito tempo de convivência mútua de novo até que eu tire o resto das minhas férias. É algo que eu já aceitei, é algo que eu já sabia e é algo que eu queria. A vida é feita de escolhas e as minhas, pelo menos no que diz respeito ao fim do ano, foram muito bem planejadas. É óbvio que eu não fazia ideia de tudo que ia acontecer nesse período, mas no fim das contas tudo está seguindo o fluxo normal dos acontecimentos. Mesmo aqueles que eu não deveria ter deixado acontecer.
Uma das coisas engraçadas das férias terem terminado é que agora eu recebo ofertas de coisas pra fazer que não recebi enquanto estava de férias. Jonas me chamou pra beber na sexta, apesar que ambos achamos melhor cancelar por causa do meu estado de saúde; "vamos na semana que vem" foi o que acordamos. Renilda, que é uma das melhores pessoas que entrou na minha vida graças a esse emprego, me disse q se soubesse que eu estava precisando tanto de sair, teria me chamado, e não obstante, me chamou para ir no aniversário da filha dela. Apesar que vou ter que ligar pra ela e explicar que não melhorei o suficiente pra ir. Imagina o risco, um monte de criança e eu com gripe? Não é algo muito legal. Também conversei bastante com o William que é um dos meus colegas de trabalho. Ele é uma daquelas pessoas que insiste em falar do Giorgio pra mim. "Você viu ele na segunda? Ele apareceu do outro lado da rua, ainda acenei pra ele". Agradeci que não demorei pra pegar o DMC naquele dia, pois segundo o horário que ele falou, foi bem perto da hora que eu tinha passado lá pra buscar as tralhas. Existe dentro de mim uma voz que diz que isso que estou fazendo é fugir, pode até ser, mas quem decide sou eu. Eu estava de férias, agora as férias são dele. Da mesma forma que insisti em uma forma dele poder me pagar o que devia sem que tivéssemos que nos ver, insistirei em continuar sem encontrá-lo durante suas férias. Eu disse isso antes, "te dar espaço é a única coisa que posso fazer por você", continuo acreditando nisso.

Não sendo isso o suficiente, Edgar ter voltado pra minha vida esta fazendo com que meus sentimentos estejam atormentados. Minha raiva fez com que eu pedisse pra que ele não falasse comigo por uma semana. Nem um dia depois eu já estava me arrependendo e pedindo pra que ele voltasse a falar comigo. Falei que queria me apoiar nele, apesar de não poder. Ele disse que eu não só podia como devia e prometeu que conversaríamos. No entanto, a conversa nunca aconteceu. E nos desentendemos de novo. Dessa vez acho que vou simplesmente tomar um atalho mais rápido e voltar à proposta inicial de não falar com ele. Fui eu que desisti, não fui? Posso muito bem mudar de ideia e ficar quietinha aqui no meu canto. Não é como se essa fosse a primeira vez que eu tivesse que passar por isso. Nem a primeira, nem a última.

sábado, 5 de novembro de 2016

Esquemas Traiçoeiros

Uma das coisas tristes de se ser eu e de se estar passando pelo que estou passando é que quanto mais penso, mais miserável me sinto. Não estou me forçando a ficar sozinha mas ao mesmo tempo me sinto mais sozinha do que nunca, e isso é preocupante. Vejo meus amigos e o que eles fazem ou, no caso aqui, o que eles deixam de fazer. Minhas férias estão acabando, semana que vem volto à minha rotina normal. Sinto como se quase não tivesse aproveitado esse tempo, várias coisas continuam pendentes e precisando de resolução, no entanto, algo de bom saiu de todo essa caos.
Fui para Campinas na terça-feira assistir o "Eu lidero!" de Wendell Carvalho. Nunca tinha ouvido falar sobre esse homem até aquele dia. E em nenhum segundo me arrependi de ter ido até lá. Ele estava falando de como conseguiu perder gordura para ganhar massa muscular e eu soltei meu famoso "ah vá", nunca pensei que ele teria a reação que teve. Ele olhou direto nos meus olhos. Sustentei o olhar e ele simplesmente disse que, se eu acredito que não posso, então realmente não posso. Tudo depende do que você acredita. Ele ganhou minha atenção total naquele momento. Houveram diversas dinâmicas, várias delas eram bem divertidas, outras até me fizeram chorar. Não sei se isso é tão obvio para os outros como é para mim mas meu medo me prende, me segura, me impede de fazer muitas coisas que eu poderia fazer de forma simples. E eu parti meu medo ao meio naquele dia, literalmente. Ele nos desafiou a encontrarmos desafios para fazermos e utilizarmos alavancas, uma de dor e uma de prazer, além de ter um guardião que nos policiará no processo. Basicamente a alavanca de dor é algo que você deve perder caso não cumpra sua meta no prazo. A alavanca de prazer é algo que você vai ganhar caso conclua sua meta. O guardião é meramente aquela pessoa que será chata o suficiente pra te cobrar que seja lá qual for sua meta, ela será cumprida. Ou essa pessoa deve executar a alavanca de dor. Parece um processo complexo mas, de fato, não é. Enquanto eu estava na palestra chorei muito e não tinha metas claras na minha mente para que pudesse olhar pra elas de frente e ter determinação em nenhuma delas. Mas conforme voltei pra casa consegui amadurecer algumas idéias, a primeira delas já foi executada com sucesso, então vou compartilhar com vocês para que fique como um exemplo. Já fazia muito tempo que eu queria fazer um curso de massagem, mas sempre usei desculpas. Minha meta então se tornou fazer a matrícula em um curso de massoterapia até o fim do ano. Minha alavanca de dor seria ficar um mês sem jogar league of legends. Minha alavanca de prazer será que, ao término do curso, eu irei pra praia, com ou sem companhia. E o guardião de minha meta é um rapaz chamado Gabriel que, apesar de conhecer só pela internet e não há tanto tempo assim, já cresceu muito em minha estima. Pois bem, a matrícula foi realizada, mas como eu disse, não é só isso. Não acabou, muito pelo contrário, está só começando. Só vou ganhar meu prêmio no fim do curso mas pelo menos me livrei da alavanca de dor. E é assim que funciona. Inclusive, se algum de vocês for de Guarulhos e quiser servir de modelo pra massagem, me avise, pois vou precisar de alguns.
Estou me sentindo bem mais leve apesar de ainda estar me sentindo muito mal em relação a maioria dos meus amigos. Sempre sinto como se eles me abandonassem, como se eles não se importassem. Escrevi um desabafo no meu facebook onde várias pessoas vieram se defender. Quando retruquei acabei tirando deles a muleta que eles estavam usando de desculpa e, ainda assim, eles não se mexeram. Minha psicóloga me aconselhou a pedir mais pois, segundo ela, as pessoas não são tão sensíveis quanto eu, não percebem que eu preciso de atenção e carinho também por eu sempre me mostrar forte. Tenho que mostrar pra eles q não sou tão forte assim. Ou que, apesar de forte, também preciso de carinho, amor e atenção. Segundo ela eu sai de um esquema para entrar em outro. Tudo isso esta sendo muito exaustivo pra mim, mas acredito que, no momento, o melhor que posso fazer não é ficar chorando pelos cantos, pensando em como tudo na minha vida é injusto e como sou cruel comigo mesma. Não, isso não vai resolver meu problema. No momento o que eu preciso realmente é de realmente ser forte e começar a pedir. Alguém, por favor, me dê atenção. Preciso de abraços. Preciso que alguém me faça carinho na cabeça e diga que vai ficar tudo bem. Preciso de um beijo. Preciso sentir que tenho alguma importância, por mínima que seja, na vida de alguém. Não acho que estou pedindo muito mas sei que não receberei nada disso se não der o primeiro passo. Tudo acaba dependendo de mim. E de meus esquemas auto-destrutivos.