segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Beleza Oculta

Alguns filmes fazem uma revolução na nossa mente. Esse ano está cheio de filmes que prometem fazer isso. Comigo, pelo menos. Nesse fim de semana que passou meu irmão me fez a proposta de irmos assistir Beleza Oculta, um filme totalmente natalino, que se passa numa época natalina, passando num cinema muito próximo de sua casa... em pleno final de Janeiro. Que razão levou esse filme a estrear somente agora para mim é um mistério mas garanto que vale o ingresso. Já que o boicote ao filme Quatro Vidas de um Cachorro funcionou tão bem, para aqueles que não quiserem ser rebeldes e assistirem ao cachorro podem ver esse filme, vocês não vão se arrepender de forma alguma. Vamos à história.
Para resumir sem dar spoilers e para acompanhar as informações que nos foram dadas nos trailers... A história se passa ao redor de 8 personagens, cada qual com seu próprio peso para a história. Existe o pai cuja filha morreu e que não consegue superar isso, afetando diretamente seu desempenho no trabalho. Existem seus três companheiros de trabalho, a mulher que deu sua vida pelo bem da empresa e agora, no auge da vida, quer ter filhos mas tem medo de estar muito velha para engravidar, o rapaz relativamente jovem que parece estar doente e se recusa a contar para a família e o homem que perdeu o respeito da filha após o divórcio. Existem essas três entidades, a velha morte, a jovem amor e o impetuoso tempo. Por fim, mas em nenhum momento menos importante, a mulher que reúne um grupo de pessoas que também perderam seus filhos. Quase como uma reunião dos alcoólicos anônimos, mas para pessoas que perderam seus filhos.
Howard, o personagem de Will Smith, é o homem que perdeu a filha e escreveu cartas para o tempo, a morte e o amor. Seus companheiros de trabalho estavam procurando por algo para afastá-lo e contratam uma detetive particular que recupera essas cartas e, com a ajuda dessas cartas, resolvem armar um plano para tirar Howard da chefia. Aqui entram nossos atores. Atores interpretando atores. O amor, o tempo e a morte são nada mais que atores contratados para interpretarem tais papéis e ajudarem nessa demanda. Aqui entra a parte bonita da história, e alguns de vocês podem não querer ler o próximo parágrafo se não quiserem ter spoilers pesados sobre o filme.
Kate Winslet é a mulher que viveu para a empresa e quer ter filhos. O tempo é quem vai se envolver com ela, tentando mostrar pra ela que "nunca é tarde". O tempo é um presente. Frases lindas que ajudam muito uma mulher que quer ter filhos mas está com medo demais para seguir com sua ideia. Ele quase convenceu a mim de ter filhos! O segundo é nosso colega que está morrendo. Sim, pois é isso que está acontecendo com ele, mas ele se recusa a falar para sua esposa, e a morte o convence que ele está tirando dela o direito de passar por isso com ele, e o direito de se despedir. Uma coisa é você morrer do nada, outra é saber que está morrendo e não permitir que as pessoas que te amam participem disso. Dos três casos, acho que esse é o que mais me toca. Provavelmente por ser a morte e tudo o mais... Mas caminhemos para o terceiro caso! Edward Norton é o homem mulherengo que, flagrado traindo a mulher, passou por um processo de divórcio e agora não consegue passar tempo com a filha, pois ela o despreza. Claro, temos aqui uma grande influência da mãe, que não aparece em nenhum momento de fato mas que é mencionada todas as vezes pela menina, que faz questão de humilhar o pai pelo seu erro com a mãe. Só no fim do filme que ele consegue uma aproximação um tanto convincente da filha, que logo você percebe, também está disposta a dar uma chance ao pai. Ela só é dura na queda, como qualquer criança triste e magoada. Por fim, existe a mulher que ajuda e seu papel importante no desenvolvimento do Howard. É ela que ele procura quando encontra a morte, o tempo e a amor. É ela que vai, aos poucos, quebrando o gelo ao redor do coração dele. E existem motivos para ser ela que eu não vou dizer aqui, pois esse seria o spoiler máximo e de forma alguma eu faria isso com vocês. Se quiserem saber, vão lá e assistam!
Por fim, Beleza Oculta é um filme bem natalino que saiu no tempo errado mas que vai ter bilheteria mesmo assim, seja pelos seus atores, seja pelo boicote ao filme do cachorro, seja pela busca das pessoas por respostas dessas mesmas "identidades" pelo qual Howard buscou.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Bolha de Vidro

Existe uma metáfora que eu usava muito para definir minha vida enquanto minha mãe estava viva: eu vivia em uma bolha de vidro. Muitas pessoas, dentro de uma bolha de vidro, se desesperariam e tentariam sair dela a todo custo. Outras ainda poderiam viver ali dentro sem relutar muito. Eu me encaixo no segundo tipo. Por mais que houvessem momentos em que eu queria sair da minha bolha eu era feliz dentro dela. Tão feliz que, como brinco quando converso com a Lucimar, peguei latas de tinta e pintei o interior da minha bolha, de forma que tudo que eu via era meu mundinho colorido. Dentro da bolha.
A vida veio e deu um peteleco nessa bolha. Ela rachou, mas não foi o suficiente para quebrar, e eu que lá dentro estava nem percebi o rachado. Até que a vida estilhaçou minha bolha. Não foi algo que me assustou, muito pelo contrário. Podemos dizer que, ao invés disso, peguei o pouco que me restava das minhas latas de tinta e saí colorindo o mundo ao meu redor. É o que eu sei fazer.
Para aqueles que têm dificuldades de entender metáforas, deixem eu explicar que minha bolha de vidro era minha vida dentro de casa. Existia vida fora da bolha, mas estar dentro da bolha era confortável ao ponto de eu não precisar sair dela. Ela me bastava. A rachadura nessa bolha foi o momento em que estar em casa apenas não bastava e confesso, demorou para esse momento chegar. Problema é que mesmo havendo a necessidade de sair da bolha a pessoa dentro desta bolha permanecia inerte. Eu estava feliz com as coisas como estavam. Chamamos isso de Status Quo.
A bolha se estilhaçar, ao contrário do que muitos podem estar pensando, foi o momento em que eu comecei a trabalhar. Independência, rotina, tudo faz uma diferença enorme na vida de uma pessoa que antes vivia enclausurada dentro de uma bolha. E minhas tintas eram a forma com que eu tentava trazer alegria para as pessoas ao meu redor, pois acredito que uma das minhas características é essa, a de fazer com que as pessoas ao meu redor se alegrem. Não que funcione com todas, mas é o que tento fazer na medida do possível.

A bolha estilhaçar só significou uma coisa, de fato: eu sobrevivi. Quando minha mãe morreu eu não chorei tanto quanto todas as pessoas ao meu redor esperavam. "Você é forte" eles diziam. Mas a realidade no "mundo bolha" é que, se eu ainda estivesse dentro dela, eu teria me afogado em minhas próprias lágrimas. Perceber q ela morreu e q eu estava lá fora, livre, me deu um sentimento muito grande de culpa. "Será que ela morreu por perceber que eu podia me virar sozinha?" foi um pensamento que passou pela minha cabeça várias e várias vezes. Eu sei que não foi isso, mas a culpa permaneceu. Em minha última consulta, falei do filme do monstro para minha psicóloga e como, quando minha mãe morreu, não tive um monstro ao meu lado. Ela me disse que o monstro era, para o menino, uma força de dentro dele mesmo que o ajudou a passar por aquele momento de dificuldade. A diferença entre nós, eu e o menino, é que ele passou por aquele momento com agressividade, o "monstro" interior dele era agressivo e descontou a angústia na realidade, por mais que tudo que ele passasse quando falava com o monstro fosse uma ilusão. Eu, ao contrário, passei por aquele momento sendo forte. Meu monstro não estava do meu lado naquele momento sendo agressivo mas sim sendo forte, me segurando. Em algum momento meu monstro vai precisar ser agressivo? Espero que não. Apesar de já estar vendo alguns sinais de agressividade em minha pessoa, por diversos motivos. Mas isso não importa de forma alguma. É minha vida e vou segurá-la com ambas as mãos. Com monstro ou sem monstro, com tintas ou sem tintas, com ou sem cacos de vidro espalhados pelo chão, com ou sem lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Quem fere com ferro...

...com ferro será ferido. O mundo dá voltas. Lei do Karma. Existem vários ditados para essa situação. A verdade é que estava decidida a escrever sobre outro tema aqui, até chegar em casa e receber do Silver a ideia de escrever sobre "ele". Não, não é o Giorgio. E é exatamente por não ser sobre a pessoa de sempre que a ideia me pareceu tão apetitosa. Mas por que fazer rodeios se posso simplesmente lhes contar como o mundo pode ser cruel, mesmo quando você não cobra que ele seja?
Muitas pessoas, quando traídas, abandonadas ou quando passam por um relacionamento que lhes é ruim acham comum desejar o mal para a outra pessoa. Não é meu caso. Inclusive já disse para algumas pessoas que passaram pela minha vida que eu sabia que seria apenas um caminho para algo melhor. Não era o caso dele. Eu realmente queria ele ao meu lado. Foi uma das pessoas com quem consegui me imaginar casada, ao ponto de me imaginar trabalhando para sustentá-lo, pois ele é desses. Como meu irmão se refere a ele, nem-nem, nem estuda, nem trabalha. Não posso discutir com meu irmão pois já perdi a conta de quantas pessoas já tentaram convencê-lo a voltar a estudar e ele ignora esses conselhos terminantemente. É como se ele mesmo se boicotasse para que sua vida não dê certo. Mas verdade seja dita, as pessoas ao nosso redor vêem apenas a parte que permitimos que elas vejam de nós, e eu não sei até que ponto ele é ou foi honesto comigo. Gosto de acreditar que ele é pois vira e mexe ele vem me contar alguma história que, segundo ele, é algo ruim da vida dele e eu fico ouvindo (ou lendo já que nosso contato ultimamente é mais pelo Whatsapp) e pensando que já ouvi essa história. Quando menciono isso ele se surpreende. Você me conta muitas coisas querido, mas vc mesmo não percebe a importância que me deu em sua vida. É uma pena, mas é como você é. Mas estou dando muitas voltas, vamos à história.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que ele é uns 10 anos mais novo que eu mas que, por eu já ter 30 anos, isso significa que ambos somos responsáveis por nossos atos. Nos conhecemos jogando league of legends e ele me fazia sentir muito bem quando falava algo bom sobre minhas jogadas pra tentar salvar o time. Vida de suporte, nada de novidade até aí, mas ser reconhecido nesse papel é raro, logo fico feliz quando o fazem. Eu gostava dele e começamos a ter algo que, ao mesmo tempo, não era nada. Minha característica de ser grudenta fazia com que eu quisesse estar perto dele o tempo todo mas, ao mesmo tempo, ele era uma pessoa cheia de amigos, logo era difícil ficar perto dele e só dele. Acho que ele nunca entendeu o quanto isso me machucava. Eu chorava e ele ria por eu estar chorando porque, segundo ele, não tinha motivo para o choro. Ainda assim eu sofria e chorava. Com o tempo o apresentei a uma amiga que também jogava. Ela era uma fofa e ele concordou comigo. Concordou a tal ponto que começou a exaltar essa qualidade nela toda vez que ela estava conosco no skype. E isso começou a me provocar ciúmes. Eu, que já chorava por me sentir deixada de lado comecei a me sentir pior ainda, apesar dela ser uma criança pela sua idade a diferença de idade entre eles era menor, isso era o suficiente para justificar meu ciúme na minha cabeça, mas mesmo quando disse isso pra ele, ele novamente riu. "Ela é uma criança", ele dizia. Uma criança, é bem verdade. Ele não me dizia que queria terminar mesmo vendo que eu estava sofrendo. E também não mudava seu comportamento em nada. Em certo ponto pensei se ele tinha algum prazer em fazer isso comigo. Foi quando recebi uma conversa que me foi passada pela criança que me decidi a me afastar dele de qualquer forma. Segundo a conversa ele tinha se cansado de mim. Ainda assim, mesmo tendo dito isso pra ela, ele não me largava. Naquele ano, no dia 31, na virada de ano, me despedi dele e disse que não voltaria a falar com ele. A verdade é que isso durou apenas dois meses, e ele voltou a falar comigo.
Desde então, nossa vida é assim mesmo, ele vem e vai quando bem entende. Vem e me conta sobre as novas pessoas q entraram na vida dele, às vezes até me apresenta pessoas legais que se preocupam com ele tanto quanto eu me preocupo, tanto quanto já me preocupei. Mas a verdade é que me surpreendeu na última vez em que ele voltou, pois seu discurso era outro. Ele se apaixonou pela criança. E a criança, agora, diz que ainda é uma criança e que não podem ficar juntos, mas que quer casar com ele no futuro. E ele, na inocência e na cegueira do amor dele, acredita nela. Está sempre do lado dela quando ela precisa. Está sempre se preocupando com ela, cuidando dela, zelando pelo bem dela, enquanto ela, por outro lado, só pensa nela mesma e em como ela quer ser feliz. Não importa para ela a felicidade dele nesse momento. Na verdade, não importa para ela a felicidade de ninguém além dela mesma, e com essa atitude ela faz sofrer todas as pessoas ao seu redor. Mas ela é uma "criança", então todos afagam sua cabeça e a perdoam por ser o tipinho de pessoa que ela é. Eu sinto raiva, por mais que tenha sofrido com ele ver alguém de quem eu já gostei penando me dói também, mas não adianta o que eu diga, ele está cego. O amor é assim, te deixa cego e você se recusa a ver o que está na sua frente. Às vezes você até vê mas releva, pois quer estar perto do seu ser amado. Nem eu posso culpá-lo, pois eu mesma já fiz muito isso. Ainda assim dói.
Não sou uma pessoa que costuma pensar "vou brigar com aquela pessoa". De fato, nunca havia tido esse pensamento. Até o fatídico dia em que eu estava brava e queria brigar especificamente com ele. "Você é pior que uma garota de 12 anos", ele me disse certo dia, nessa última vez que voltou pra minha vida. Eu não acho que seja. No dia em que briguei com ele perguntei o porque ele achava aquilo e ele, como sempre, me enrolou. Uma das coisas que ele sempre faz, desde que o conheço, é evitar tentar me explicar o que ele pensa, o que ele sente, pois segundo ele eu não entenderia nem que ele me explicasse. Mesmo sabendo disso eu cobrei uma explicação, pois sabia que ele não me daria uma, e isso romperia o laço. Foi dito e feito. Ele deu a desculpa de que quem disse a tal frase havia sido a mãe dele e argumentei que, se ele tinha concordado com ela, algum motivo tinha, alguma comparação havia sido feita e eu queria saber que comparação era essa. Ele se esquivou como sempre faz e eu não tive dó em por meu coração pra fora. Naquele dia pela primeira vez, deletei e bloqueei ele de todos os lugares que pude me lembrar. Mas esqueci de um fio de ligação: a mãe dele.

Ela é um doce, a mãe dele. No natal e no ano novo, por vários dias ela conversou comigo. E um dia ele falou comigo pelo whatsapp da mãe dele. Me mandou o link de uma música, Dark on me. Ele sempre teve o dom de achar músicas que falam diretamente sobre nós e nossas situações, e isso me irrita. Por vários dias relutei de ouvir a música. Sabia que tipo de armadilha era e, ainda assim, ouvi. Ainda resisti mais alguns dias. Até ver o trailer de sete minutos depois da meia noite. Aquele menino é a cara dele. Foi quando voltei a falar com ele. E aqui estamos. A única pessoa de nós que tem que ser forte sou eu e sei disso, pois dele não será cobrado nada. De mim ninguém cobrará nada também, mas existe minha própria cobrança. Não existe pessoa no mundo mais cruel comigo do que eu mesma. Sei e tenho consciência disso. Mas nesse exato momento, onde tudo que vejo é escuridão ao meu redor, esqueço que eu sou a luz. Eu tenho que ser forte por mim e pelos outros. Nesse exato momento, penso que tudo que posso fazer é isso mesmo, ser forte. O monstro está dentro de mim. Mas isso, meus caros, é uma outra história. Até semana que vem.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sete Minutos Depois da Meia Noite

Acho que vou voltar a falar de filmes do cinema, já que Janeiro começou muito bem fornido. Já era de meu conhecimento, e eu esperava ansiosamente, pela estréia desse filme no dia 5. Qual não foi minha surpresa por descobrir que ele não veio para Guarulhos. Pelo menos, não para o Cinemark (Shopping Internacional) nem para o Cinépolis (Shopping Maia). Não sei qual a rede de cinemas do Shopping Bonsucesso nem do Shopping Patio, mas enquanto escrevia este post, dei uma olhada e também não tinha. Mesmo em São Paulo, ele estava em pouquíssimas salas. Leandro encontrou o filme passando no cinema do Frei Caneca e marcamos o dia e o horário para assisti-lo. Ir até o Frei Caneca leva um bom tempo, mais ou menos uma hora e meia. Eu acordei tarde, com o despertador que já tinha colocado à propósito para dar tempo de tomar banho, pegar o ônibus, pegar o metrô e descer a Frei Caneca até o Shopping. Aqui, vale lembrar que a rede de cinemas do Frei Caneca não aceita a bandeira Elo e que foi nesse momento que dei graças a Deus por ter pego um pouco de dinheiro antes de sair de casa. O Leandro acabou pagando a pipoca e os refrigerantes. Então nos sentamos e esperamos o pouco tempo até a sessão começar. Até aqui, só falei das dificuldades que encontrei no caminho de ida.
Agora, vamos falar do filme. O nome em inglês é A Monster Calls. Na tradução literal, ficaria "o chamado do monstro" ou "o monstro chama", não sei ao certo. De qualquer forma, não existem tantos personagens assim, e aproveito desse fato para expor cada um deles, de acordo com a sua importância para a história na minha visão. Comecemos com o menino, Con, que está passando por vários problemas tendo que se cuidar praticamente sozinho, esperando por uma cura milagrosa e lutando contra um pesadelo que o atormenta todas as noites. É aqui que entra nosso monstro, e aqui vale lembrar que sua proposta inicial é "lhe contarei três histórias, a quarta você me contará, e será sua verdade". Frases profundas têm aos montes nesse filme, mas vou entrar nesse ponto na próxima parte. Ele diz que veio curar alguém, e aqui entra nossa terceira personagem, a mãe de Connor, Lizzy se não me falha a memória, que está doente e fazendo vários tratamentos tentando combater essa doença. Temos também a avó rigorosa de Con, seu pai ausente e o garoto de quem ele apanha na escola. Óbvio que existem mais alguns personagens mas estes são os de destaque, que se envolvem de alguma forma na trama principal. Agora que temos os personagens, devo mudar de parágrafo, pois o que vou lhes contar à seguir terá spoilers do filme, logo se você não quer saber, pule para o parágrafo seguinte.
A mãe de Connor tem câncer. É óbvio pelas características da doença e pelo cabelo curto e caindo que ela apresenta bem no início do filme. A atriz que interpreta Lizzy é ninguém mais, ninguém menos que a garota de Rogue One e apesar de seu papel não ser o principal do filme ela tem uma carga muito importante não só no filme mas também na vida do nosso personagem principal. A  avó dele é interpretada por Sigourney Weaver, que faz um ótimo trabalho em se mostrar uma pessoa forte e fria na frente do menino enquanto se angustiava e se atormentava com a situação da própria filha. O pai ausente era o mesmo ator que fez o irmão de Ben Hur e foi importante que ele aparecesse para dar a Con a ilusão de que ele poderia ter outro lugar para ficar ao invés da casa da avó, o que não era verdade devido à situação em que o pai dele vivia nos Estados Unidos. Eu gostaria de falar nesse momento do garoto que bate no Con na escola, pois algo nele me incomodou profundamente. Toda vez que o garoto olhava para trás, Con estava olhando para ele, é o que ele argumentava, mas para nós que estamos vendo de fora fica bastante nítido que Con só olha para ele porque ele está olhando para trás, diretamente para ele. Reza a lenda que se alguém te encarar olhando diretamente nos seus olhos que você acabará olhando para essa pessoa e fará o contato visual. Podem fazer o teste e tirar suas próprias conclusões. Aqui entra nosso monstro e suas três histórias, cada uma delas tendo um final inesperado para Connor, o que faz com que ele se revolte por vários motivos. O monstro cobra dele a verdade e a racionalidade, deixando claro na reta final do filme que quem realmente precisava de salvação era o próprio Connor, pois sua mãe não tinha salvação. Inclusive, a quarta história é cobrada do menino no momento exatamente seguinte a ele ter ouvido da mãe que não existe próximo tratamento, quando fica claro que não existe salvação para Lizzy. Connor se revolta e de desespera ao ponto de querer desistir de sua vida, e então você vê que quem realmente precisava de salvação era Connor, desde o início.
Agora vamos filosofar um pouco sobre o monstro, pois foi algo que fiz com dois dos meus amigos para quem contei sobre o filme. A voz do monstro é do ator Liam Neeson. No início do filme você fica sabendo que o pai da Lizzy já morreu e que ela adoraria que Connor o conhecesse. Na casa da vó dele, por duas vezes aparecem retratos e, caso você preste atenção, verá que em um deles está ninguém mais, ninguém menos que o próprio Liam Neeson, segurando uma menina no colo. No final do filme, quando Connor está folheando um caderno de desenhos da mãe dele, ele encontra desenhos relacionados à duas das três histórias que o monstro contou para Connor e, ainda, uma em que existe uma garotinha sentada no ombro do monstro. Me perguntaram se o monstro era real, quando eu assisti o filme com o Leandro até cogitamos a possibilidade de Connor estar tomando algum dos remédios da mãe e o monstro ser apenas uma alucinação causada pelo uso de tais remédios. Também houve a hipótese do monstro ser a imaginação do próprio menino, já que ele praticamente espelhava o menino em muitos momentos do filme. Eu particularmente gosto de pensar que o monstro era o espírito do pai de Lizzy. Tomo como prova o retrato, os desenhos no caderno e a gentileza do monstro para com o menino, apesar que nesse ponto algumas pessoas podem discordar e dizer que não viram gentileza. Se não viram, assistam de novo e procurem, ela está lá. Que pai não conta histórias para sua criança antes dela dormir?
No fundo no fundo, não importa quem ou o que o monstro é. Nem o desfecho de cada personagem. O filme me fez chorar o tempo todo, ao ponto do Leandro ter feito carinho na minha cabeça para me consolar. Apesar do personagem principal ser apenas um menino, não pensem que é um filme infantil. Claro, você pode levar seus filhos para ver, mas é um filme mais profundo, algumas crianças podem sair do filme sem entender muita coisa, pois várias coisas se resolvem de forma velada, sem serem ditas em voz alta. Valeu cada centavo e cada minuto do meu tempo.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Fins e Recomeços

Vou ser bastante sincera, dezembro de 2016 foi um mês inesquecível em vários níveis e não de uma forma boa. Tive problemas com meus chefes, tive problemas sentimentais, tive problemas familiares mas, acima de tudo, não queria viver. Não que eu quisesse morrer, vejam bem, existe uma diferença entre querer morrer e não querer viver. Você tenta suicídio quando quer morrer. Quando você não quer viver você simplesmente pára de se importar consigo mesmo, você para de se importar com os outros, com o que está acontecendo ao seu redor. É como o botão do foda-se, mas você não liga ele para os outros e sim para você mesmo. Demorou para eu perceber que estava com problemas pois para mim mesma foi difícil perceber a pasmaceira em que eu me encontrava. Me magoei, me machuquei (não propositalmente), mas sobrevivi. Nesse momento, devo dizer que tirar férias é uma das coisas mais importantes da vida. Lembro de quando eu estudava e pensava que não via a hora das férias chegarem, só para, quando estava de férias de fato, pensar que queria que elas acabassem logo. O paradoxo chamado férias!
Mas permitam-me contar um pequeno relato que aconteceu pouco antes das férias. Existe uma pessoa que eu estava evitando, isso era óbvio. Minha psicóloga me disse que eu podia contar com ele "pelo menos como amigo", o que fez com que eu o procurasse e tivesse uma resposta negativa por parte dele. Tudo bem, eu entendo quando não querem falar comigo. Posso respeitar isso. Eu não sei o que foi que fez ele mudar de ideia e me ouvir, talvez tenha sido o fato de eu ter mencionado o que a Magliani me disse, mas não vêm ao caso. O importante é que ele finalmente me ouviu! Fomos sinceros um com o outro e isso me fez bem. Ao ponto de eu perceber, por duas semanas consecutivas, que tudo bem se for ele se preocupando ou se for ele me questionando. Ele pode, eu não. Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço! Posso aceitar isso e continuar te amando.
Minhas férias se resumiram a ficar em casa jogando vários jogos e ir no cinema. Inclusive foi graças a ficar jogando que descobri que meu computador precisa ser formatado. Tristeza é uma palavra que vêm à minha mente quando penso nisso. Mas não vamos pensar nisso, vamos pensar nas pessoas com quem passei as férias. Foi bom poder viver as últimas 3 semanas com vários amigos que fazia tempo que eu não podia aproveitar a companhia por vários motivos. Foi bom poder descansar e não pensar em nada ao invés de ficar planejando e criando expectativas de coisas que, provavelmente, não aconteceriam. Quando meus planos dependem só de mim, tudo bem, mas quando dependem dos outros, começa a se tornar um problema. Eu não controlo os outros, nem tento forçá-los a fazerem o que quero. Pedir é o que faço. O problema é que pedir significa que o outro tem a opção de dizer não. Então comecei a perceber o quanto me apoio sempre nas mesmas pessoas e o tanto de amigos que tenho. Não preciso mendigar atenção sempre pras mesmas pessoas. Posso fazer isso acontecer de uma forma que ninguém nem perceba que estou com tantos problemas assim, é só fazer uma distribuição apropriada.
Voltei a trabalhar ontem. Plena sexta-feira 13. Quando vi, pensei que era uma pegadinha do destino, mas não era. Então voltei pro trabalho com uma lista enorme de coisinhas que eu podia fazer para passar o dia na agência sem ter que conversar com os outros. Determinações, meus caros. Se você não pode vencer seus inimigos e não quer se unir a eles, não os encare de frente. Minha decisão para esse ano é que preciso mesmo manter mais o meu silêncio, pois a única responsável pelos meus problemas sou eu mesma. Sendo essa máxima verdadeira, o que posso fazer para não criar mais problemas? Sim, pois os problemas que já aconteceram, aconteceram. Não se pode apagar o passado, mas se pode mudar o futuro!
Era o que eu queria dizer e fazer, no entanto, fui surpreendida novamente quando meu chefe me disse que iríamos aos setores naquele mesmo dia para adiantar o trabalho das aberturas. Discutir pra quê? E foi quando percebi algo triste: mudou o ano, mas as atitudes e as reclamações continuam as mesmas. A pergunta nesse momento é se quero fazer parte da mesmice ou se quero mudar. Não foi uma pergunta difícil de achar a resposta.