sábado, 26 de maio de 2018

(Quase) Dois Anos

Já faz um tempo mas eu gosto de lembrar daquele dia, no teatro Adamastor da minha cidade, quando eu fui compelida pelo meu amigo Giorgio a ir assistir uma palestra que um senhor escritor, senhor Ignacio Loyola, faria. Foi mais como uma entrevista e uma das respostas que ele deu, de escrever e simplesmente escrever, nem que seja pra deixar os pensamentos saírem, têm dado certo pra mim. Meu post “conselhos de um autor” foi postado no dia 28 de maio, há dois anos atrás. No dia de hoje, fiz um levantamento dos posts que escrevi desde então. Escrevi 80 posts, a maioria deles tem algo sobre as pessoas de quem eu gostei. Isso só mostra o tipo de pessoa que eu sou, o amor, pra mim, é um sentimento importante. Talvez o mais importante.
Pouco tempo depois que eu comecei a escrever, minha mãe morreu. Essa semana que passou, inclusive, seria o aniversário dela. Eu lembrei, meu pai também, mas nenhum de nós mencionou para o outro até o dia seguinte. Acho que nenhum de nós gosta de ficar cutucando as feridas, mesmo que elas ainda estejam lá. Um bom tempo depois disso, o Giorgio, que era meu pilar de apoio, decidiu ir estudar em Minas Gerais e isso me abalou fortemente. No entanto, graças a isso, conheci várias pessoas novas, dentre elas meu atual namorado.
Verdade seja dita, eu nunca namorei antes. Não considero minha experiência com o Luciano um namoro, por mais que ele tenha dito que sente minha falta e que “se o destino nos der outra chance”. Eu sei bem que não vai existir outra chance pois minha decisão já foi feita desde aquela época, eu nunca voltaria pra ele. Meu namoro é conturbado até demais e eu tenho plena noção dos porquês. Ele é mais novo que eu, tem uma mentalidade diferente, é homem, tem vários caminhos que pode tomar na vida ainda. Minha felicidade é poder ouvir a voz dele, estar perto dele, ver ele. Eu não sei o que é a felicidade dele. Eu odeio tomar decisões e ele parece odiar também, então me lembro da minha mãe e do meu pai quando eu queria algo difícil. “Pede pro seu pai” ela dizia, e quando eu pedia pra ele, ele me dizia “pede pra sua mãe”. No fim das contas, quem decidia era mesmo minha mãe. Hoje quando paro e penso, acho que ela só nos dirigia a ele para ter mais tempo pra decidir, de fato. Sempre foi ela que tomou as decisões e, hoje, eu queria que ela estivesse viva pra poder perguntar como ela conseguia.
Quando comecei a escrever no blog eu lembro que pensei que, talvez, isso me ajudasse a pôr meus sentimentos pra fora e me deixasse mais leve. Hoje escrevo este post ainda com essa esperança. Não é como se escrever hoje fosse apagar a péssima semana que eu tive, nem me fazer esquecer como dói que um pedido simples não possa ser atendido e o quanto isso me afeta. Como já foi escrito em um post, as pessoas me consideram forte, mas não é fácil ser forte o tempo todo. Eu já mudei várias vezes desde o começo e não pretendo parar, mas estou cansada. Hoje acordei com a garganta doendo, mas tenho que ir trabalhar, pois já não fui no sábado passado, não posso me dar ao luxo de não ir hoje de novo. O Brasil está em um estado de caos por conta dos caminhoneiros e seu protesto pela redução dos combustíveis. Quem se importaria comigo no meio disso tudo? Ontem eu fui esquecida, hoje eu estarei sozinha e amanhã, por decisão minha, estarei calada. Não posso mudar a atitude dos outros, mas posso mudar a minha. Não posso forçar uma pessoa a estar comigo então, ao invés de lutar contra ela, aceitarei a solidão. Não existem dúvidas sobre o que eu estou fazendo aqui. As palavras que não consigo dizer, consigo escrever.. Se minha voz não atinge as pessoas, talvez minhas palavras escritas atinjam. Não que eu ache que faria alguma diferença, mas com certeza o momento em que eu termino de postar me faz sentir mais leve. Um pequeno peso foi deixado pra trás. Hoje queria deixar minha vida pra trás, mas não tenho tempo pra isso. O trabalho me espera.

sábado, 5 de maio de 2018

Primeiros Erros

Esse post está sendo escrito hoje, no sábado, de madrugada, pois me lembrei que já é sábado e que eu posso escrever. Também está sendo escrito agora pois, verdade seja dita, por mais vontade que eu tenha de ir dormir, estou com mais vontade de escrever, pois na quinta-feira tive que pedir as contas do meu emprego, e isso me fez pensar na vida como um todo. Vamos por partes?
O título era pra ser meus erros, uma música que eu gosto muito de ouvir na versão CPM22 que eles cantaram na MTV. Mas a letra da música é romântica, não combinava com o que eu precisava de fato. Então lembrei dessa música do Capital Inicial, primeiros erros, e ela sim cai como uma luva para a situação toda. A situação será explicada em breve, por favor tenham paciência, eu quero divagar um pouco neste momento. “Meu caminho em cada manhã, não procure saber onde vou. Meu destino não é de ninguém e eu não deixo os meus rastros no chão. Se você não entende e não vê, se não me vê não entende”. Tudo vai fazer sentido em breve. O título foi explicado, agora devo lhes falar sobre o que, afinal, foi meu erro. Então, honrarei o nome da música que emprestou seu nome pra esse post e começarei do começo.
Quando comecei a trabalhar no IBGE foi uma alegria. Já tinha deixado de acreditar que seria chamada. Mas fui, e seria meu primeiro emprego. Lembro inclusive que mantive segredo de algumas pessoas na época, pois queria evitar o que eu chamo de olho gordo. Não que eu achasse que as pessoas me invejariam por quaisquer motivos que fossem, não me acho uma pessoa digna de inveja. Mas a inveja não parte de mim e sim dos outros, e eu sou um bichinho medroso por natureza. Logo que entrei fui alertada por todos os lados de todas as pessoas que lá trabalhavam. Lembro que falei pro meu irmão como era impressionante o quanto se falava mal uns dos outros naquele lugar e ele, sabiamente, me avisou que eu, também, deveria ser mal falada pelas costas. Nunca duvidei, mas também nunca me importei. E houveram os primeiros entreveros com o sujeito que tinha entrado na mesma data que eu. Não durou muito tempo, pois ele foi mandado embora. Reza a lenda que é muito raro alguém ser mandado embora do IBGE, no entanto, desde que entrei naquele lugar, duas pessoas foram mandadas embora.
Outro dos erros que eu cometia bastante era brigar com meus superiores. Eu não fazia por mal, acredite, mas pra mim, se eu acho algo errado, está errado e ponto. Então era inevitável, era mais forte que eu. Começar a ir na psicóloga ajudou a amenizar e muito minhas brigas com a chefia, no entanto foi também um dos motivos que, fiquei sabendo muito tempo depois, eu quase fui mais uma das pessoas mandadas embora. O engraçado é que quando você escuta as histórias, cara uma aponta a outra pessoa como o autor do pedido da minha cabeça. No final das contas, ela não rolou ali.
Agora, vamos entrar num terreno bastante complicado, o da confiança. Lembro como se fosse hoje e sempre conto essa história pra quem quiser ouvir, sobre como num belo dia cheguei na agência e fui questionada pelo Thiago, que viria a se tornar meu superior e depois meu chefe, se eu preferia trabalho de agência. Minha confiança nele me fez responder o q meu coração sentia: agência. No entanto, eu sabia que ia ser colocada na PNADC, pois meu rendimento na PNAD Anual tinha sido satisfatório. Foi o dia que eu cheguei chorando em casa e avisei minha mãe, pro que ela disse que eu conseguiria, pois sou sua filha. Suas palavras me deram força e, por muito tempo, eu me esforcei pra fazer um trabalho limpo, correto e direito. Mas os tempos mudam e o IBGE tem o péssimo hábito de cobrar mais de quem faz mais. Eu gostava de ajudar na agência mas meu superior começou a me cortar de ajudar na agência. “Seu trabalho é a PNAD”. Conforme fomos alcançando metas foram cobrando mais e mais dele e, não sei se por querer mostrar serviço ou se por querer desmoralizar a antiga chefia, ele nos cobrava mais. E, obviamente, nós fazíamos. Não por medo de perder o emprego, mas por simpatia ao nosso superior. Por confiança.
Então a confiança se quebrou. E, como meu irmão diz, a confiança é algo que, uma vez perdido, é muito difícil de se reconstruir.
Quando voltei das minhas últimas férias no início do ano levei uma bronca, pois as entrevistas tinham que ser todas entregues na quarta-feira. Meus dois outros companheiros de PNAD eram perfeitos e só eu continuava a dar trabalho com isso, então fiz uso de uma artimanha que já fazíamos no fim do mês para alcançar as metas para alcançar as metas no fim de cada semana. O resultado disso foi começar a não me importar mais com a qualidade e sim com a quantidade, com resultados. Era o que eles queria, e foi o que eu passei a entregar. Tudo estaria bem não fosse uma ligação de denúncia. E uma investigação. Contando Maio, faltavam 6 meses pro meu contrato vencer. Eu passei em um concurso e estou esperando ser chamada, o que espero que aconteça dentro de dois a 3 meses no máximo. Então meu chefe me disse que, caso eu continuasse no IBGE corria o risco de abrirem um processo contra mim e que, para evitar tanto o processo quanto qualquer outro tipo de agravante que pudesse ser gerado por ele, eu devia pedir a recisão do meu contrato.
Honestamente? As pessoas ao meu redor pareciam mais chocadas do que eu, mais abaladas do que eu. Só fui começar a ficar angustiada de fato quando voltava para casa, mais por não saber como dar a notícia pro meu pai e pro meu namorado do que por ter perdido o emprego. Minha amiga Lucimar confessou que se sentiu aliviada, pois estava com medo que eu desenvolvesse uma úlcera se continuasse trabalhando naquele lugar. “Você está certa disso?” foi o que meu chefe perguntou quando me trouxe o papel pra assinar. “Tenho outra alternativa?” foi o que eu perguntei pra ele. Nós dois sabíamos que não. Ele me aconselhou a tomar cuidado pra não cometer mais erros no futuro. Não posso dizer que nunca mais vou errar, pois sou humana, mas uma coisa é certa. Eu ganhei e perdi muita coisa nesse emprego. Ele me serviu de aprendizado em muitos sentidos e por isso eu agradeço. Nunca mais vou deixar que minha confiança num chefe me cegue a ponto de me fazer cometer quaisquer erros que forem. E viramos a página.