sábado, 28 de maio de 2016

Conselhos de um Autor

Quinta-feira da semana que passou (dia 19/05) eu tinha decidido que iria à feira do livro que estava acontecendo na minha querida cidade de Bagulhos. Era um fato praticamente até que uma pessoa, de quem falarei com certeza em algum lugar do futuro, disse que também iria para assistir a palestra de um escritor, segundo ele um dos melhores ainda vivos do Brasil. Passei a cogitar a possibilidade de não ir para evitar desconfortos para mim e para ele. Acabou que me disseram que, se era algo que eu queria fazer, que fizesse. O lugar é grande, pensei. Estou indo pelos livros, pensei. Acabou que depois de andar no frio da noite e comer uma porção de batatas fritas, decidi ir. Cheguei cedo, então fui ver os estandes. Como tudo por aqui, era uma feira pequena, tímida, mas com seu charme. Comprei um livro aqui, outro ali e resolvi ler um pouco até dar a hora da palestra. Um dos livros que comprei era de contos. Li um que fez com que uma lágrima corresse do meu olho. Olhei em volta e ninguém parecia prestar atenção em mim. Como é bom ser um anônimo. Na hora da palestra, me sentei mais ao fundo. Fileira M. O primeiro nome da minha mãe começa com M, achei que daria sorte. E de lá vi o teatro lotando. Não que ele tenha ficado cheio, mas era uma visão bonita. Então ele chegou. Um pedaço de mim quis q ele viesse e me dissesse oi. Outro pedaço de mim preferia que as coisas acontecessem como, de fato, aconteceram, com ele passando direto e indo se sentar nas fileiras mais à frente. Pensei que seria bom se ele não tivesse me visto. Então me sentei ali por uma hora e meia, ouvindo o senhor Ignácio, um velhinho simpático que só, falar sobre sua vida, sobre seu ofício, sobre as mulheres de seus livros. Achei interessante que ele disse ter mais facilidade em escrever no ponto de vista feminino, sendo ele um homem. Não que eu possa dizer algo, já que minha preferência pessoal é o ponto de vista masculino quando escrevo histórias. Sentia quase como se estivesse tendo uma conversa com meu pai sobre os tempos dele de escola. Então, ao final da palestra, perguntaram a ele como se escrever melhor. Como se criar conteúdo em um mundo onde tudo se copia, tudo se reinventa, mas pouco se cria de novo. E ele deu alguns conselhos que me eram familiares, como o de ler. Mas o melhor de todos foi o de escrever qualquer coisa. Tudo que vier à mente. Tudo que seus dedos conseguirem digitar. Segundo ele, quando sua mente se livra do lixo, aí sim você vai poder escrever algo bom, pois sua mente vai estar livre do que estava te bloqueando. Foi graças a esse conselho que resolvi escrever de novo. Demorou pra por em prática, mas acho que já consigo ter algumas idéias do que vou fazer com esse precioso conselho. Para ele era o lixo que enche a mente. Como sou uma daquelas pessoas que tem uma dificuldade extrema de me livrar de coisas velhas, vou jogar esse lixo dentro de uma gaveta. Que esse blog seja minha gaveta.