sábado, 27 de outubro de 2018

A Indecisão que me Mata

Eu queria evitar de falar sobre sentimentos no Blog por um tempo, no entanto, querendo ou não aqui é como se fosse meu diário, onde confesso minhas amarguras e minhas angústias. E acontece que meus sentimentos são a maior causa de minhas angústias. Então hoje falarei sobre uma dificuldade que ando tendo e que, apesar de ter um tempo longo intervalo entre as ocorrências, está se tornando mais frequente do que eu gostaria.
Esses dias fui almoçar com minha amiga Eliana e, ao ver a aliança no meu dedo, ela me perguntou se eu ainda estou com o Henrique. Respondi que sim e que a fase de indecisão dele passou, e ela me disse que, mesmo que a fase tenha passado, ela não gostava de saber que os sentimentos dele são tão inconstantes da forma que são, ao ponto de um dia, só por ter dado na telha, ele dizer que não me ama como antes.
É como se ela tivesse invocado o acontecimento. Aconteceu depois do meu encontro com ela. Ele está sem internet, então não está em casa. Eu mal falei com ele durante essa última semana, exatamente por conta da falta de internet na casa dele. O que não justifica, pois ele tinha internet onde estava. Ainda assim, ele tinha os problemas dele pra resolver da mesma forma que eu tenho os meus. No entanto, dia desses, ele começou a me falar sobre como ele não é a pessoa certa para um relacionamento sério, que ele quer curtir, que ele já se imaginou com outra garota enquanto estava comigo e que tem medo do futuro.
Oras, medo do futuro todos temos. Eu, por exemplo, morro de medo do dia em que meu pai morrer, pois tenho consciência que com meu salário atual não consigo sustentar minha casa. Ele é jovem então ouvir que ele quer curtir não me surpreende. Eu sou uma pessoa muito caseira pois minha mãe me criou assim, mas posso entender e até simpatizar com essa vontade dele. Já conversamos antes sobre uma garota q ele gostava na escola. Segundo ele, o amor passou a ódio por conta das próprias atitudes dela. Essa informação me deixou com um pouco de medo, confesso, pois eu sei que quando passamos a ter uma convivência real ele começou a conhecer meus defeitos. Uma coisa que aprendi com meus pais é que amor de verdade não é tentar mudar a pessoa com quem você está, mas sim aceitá-la com suas qualidades e defeitos. Eu sei que às vezes é difícil aceitar alguns defeitos, tem um dia ou outro que vamos acordar com o pé esquerdo e vamos descontar no mundo. Normalmente as pessoas que amamos são as que mais sofrem, pois são as que estão mais próximas de nós e aquelas em quem confiamos para o bem e para o mal. Eu entendo isso também. No entanto, tem vezes que machuca muito ouvir essas coisas. O que foi o caso nesse momento. Quase não nos falamos já fazia uma semana e ver que a primeira conversa longa que temos é sobre algo assim é muito, muito triste. Eu queria ter mais conversas longas com ele, mas falamos pouco e agimos mais. Ou, no caso, eu prefiro agir do que esperar.
Ele é jovem. Eu sou bem mais velha que ele. Isso por si só já cria uma barreira entre nós. Eu trabalho e ele não. Eu pensava e imaginava um futuro com ele, agora me vejo obrigada a parar de pensar nesse futuro pelo bem de nós dois. Nunca cobrei nada dele, mas me sinto cobrada e pressionada por todos os lados. Isso cansa.

sábado, 20 de outubro de 2018

Limpando a casa

Desde que eu comecei a usar o Habitica eu comecei a tentar criar hábitos saudáveis e que me ajudem de alguma forma. Entre eles tem um que está me dando bastante trabalho, o de arrumar / limpar por 15 minutos. Parece algo simples e ele te dá a abertura de limpar por mais de 15 minutos. É verdade, quando se começa a limpar não se percebe o tempo passar e dificilmente se leva apenas 15 minutos, por mais simples que seja a limpeza. Imagino que para pessoas que só tem que passar um pano e uma vassoura leve mais ou menos isso. Meu quarto, no entanto, sofre de um mal chamado bagunça. Ou, como eu costumava chamar, a segunda guerra mundial, que supostamente passou no meu quarto e deixou tudo de pernas pro ar. Existe outro mal que permeia dentro de mim que chama dificuldade de me livrar de coisas velhas, que até pouco tempo atrás acabava fazendo com que eu não jogasse nada fora. Numa época em que usar a internet discada para buscar e imprimir táticas de jogos que eu não conseguia jogar sem um guia, por exemplo, deixaram várias folhas de papel impressas que, na época, podem ter sido muito úteis mas que, hoje, não fazem nada além de servir de comida pro rato e ocupar espaço. Nas minhas limpezas acabei achando vários cadernos com matérias de cursos que eu mal usei e que, agora, vão servir pra que eu continue estudando os cursos que continuo fazendo. E verdade seja dita, ainda existem até mesmo cadernos em branco, ou seja, tem espaço pra muito estudo.
Mas limpar sozinho não é a mesma coisa que limpar acompanhado. Em dias que o Bolsonaro periga a se tornar o presidente, a nova modinha do facebook são fotos de mulheres armadas obrigando seus maridos, filhos, namorados entre outros tipos de homem a lavar a louça, varrer o chão, essas coisas que são tipicamente (e erroneamente) obrigações atribuídas às mulheres. Num sábado em que meu pai  não estava em casa por ter viajado para o enterro de minha tia, lá no Paraná, eu e meu irmão estávamos juntos limpando a casa. E isso me trouxe lembranças de nosso tempo de infância, quando pegávamos vassouras enquanto nossa mãe segurava a mangueira e lavávamos o quintal. Ele saiu e foi comprar pastel, mas a felicidade de ter feito algo junto foi duradoura. Me senti mais próxima de meu irmão, coisa que não sentia desde que ele parou de passar tanto tempo comigo em detrimento de sua (ex) namorada.
Meu quarto não é bagunçado por eu gostar de bagunça. É verdade que mesmo na bagunça eu sei exatamente onde as coisas estão, mas eu não gosto de ver todas as coisas espalhadas por aí, sem um lugar certo, ou ainda coisas que eu comecei e não terminei, esperando serem terminadas. No meu quarto existem muitas coisas nesse estado. Seria ideal fazer uma lista delas e passar a trabalhar de pouco em pouco para que, em algum momento, eu consiga terminar tudo. Talvez meu quarto se tornasse um lugar melhor de se viver. É irônico pensar que meu quarto e minha casa são tão sujos quando, no meu trabalho, um mísero algodão no chão faz com que eu me mova até ele para recolhê-lo e descartá-lo. No meu quarto não tem um cesto de lixo mas no meu emprego tem. Inclusive, talvez esta seja uma coisa que eu precise adquirir para o meu quarto para ver se consigo ter um controle melhor do lixo: um cesto de lixo. Afinal, é muito melhor ter um lugar certo para pôr o lixo do que, em determinado dia, depois de resolver que devo limpar meu quarto, ir enchendo um saco de mercado com o lixo que encontro até que ele fique cheio para que, no próximo dia de lixeiro eu corra o risco de lembrar ou esquecer que tenho que levar esse lixo para descartar. Tudo isso é uma falta de costume. Não sou uma dona de casa e confesso, me envergonho um pouco de não ser o melhor exemplo de feminilidade quando se trata de limpeza e organização. Mas estou me esforçando para melhorar, nem que seja com ajuda de aplicativos e lembretes.

sábado, 13 de outubro de 2018

Professor

“Você se lembra do nome da sua primeira professora?”
Quando me perguntavam isso, minha resposta era óbvia: minha mãe. Vejam bem, além do fato de minha mãe ser, de fato, uma professora, ela era, bem, minha mãe. Um dos meus professores que me perguntou isso uma vez, em detrimento da minha resposta, disse que eu estava certíssima, pois a mãe é, de fato, a primeira professora que temos em nossa vida. E o que ele disse faz muito sentido!
No entanto, um tempo depois fui apresentada à teoria que diz que a pessoa que nos dá amor não pode ser a fonte de educação, pois de certa forma, quando ela nos dá o amor perdemos o respeito por essa figura quando ela se torna a educadora. “Como pode me punir e me amar?” Por isso, na maioria das vezes, o pai educa e a mãe ama. No meu caso minha mãe não tinha problema nenhum em ser a figura educadora e a figura que dava amor. Isso porque, para mim ao menos, nunca faltou o respeito em relação à pessoa que eu amo. A mão que afaga é a mesma que bate, e eu consigo entender isso.
Certo dia, essa semana ainda, no meu trabalho, ouvi uma das pessoas que aqui trabalham dizer “meu filho é mal educado, malcriado, mas ninguém encosta a mão nele”. Um dos outros funcionários revirou os olhos, eu simplesmente levantei e fui pra outro lugar. Depois você encontra uma pessoa mal educada na rua e pergunta se a mãe não deu educação, e é exatamente o caso. Ou não, pois existem vários casos. Nesse específico, a culpa é da mãe.
Eu me lembro do nome de praticamente todos os meus professores durante minha jornada escolar. Um dos motivos de ter agradecido estar na área da saúde e não da educação é exatamente por poder evitar de ter contato com pessoas que trabalharam com a minha mãe, pois como disse antes, ela era uma professora. Não sei onde estão meus professores daquela época pois, diferente de como é hoje, não existia whatsapp. E acho que mesmo que existisse, não pediria o dos meus professores. Existe uma certa hierarquia que deve ser cumprida quando se pensa em escola. O professor não está lá para ser nosso amigo e sim nosso instrutor, mesmo que às vezes pareça que ele é muito amigável. A frase “te pego na saída” sempre fez sentido por conta dessa hierarquia, você não briga dentro da escola para evitar levar uma detenção ou ter seus pais chamados pela diretoria. Fora da escola é de responsabilidade da polícia. Não acho que preciso dizer quão eficiente a nossa polícia é, não é mesmo? Bem, talvez tenha mudado algo desde os tempos que eu estudei.
O caso é que dia 15 é dia dos professores. Ontem foi dia das crianças e dia de Nossa Senhora Aparecida. Eu podia ter feito um post sobre qualquer um desses assuntos, mas não renderia tanto quanto falar de um professor. Afinal, todos nós, mesmo aqueles que nunca foram na escola, tivemos alguém que nos ensinou alguma coisa.

sábado, 6 de outubro de 2018

Solidão

Títulos com apenas uma palavra costumam  me impactar, pois costumam ser o suficiente para que se entenda do que se trata o que se vai ler. Nesse post, como deve parecer óbvio para alguns, nem tanto para outros, vou falar sobre meu sentimento de solidão. Possivelmente me repita, mas quando se escreve por muito tempo - quando se vive por muito tempo - é normal que algumas histórias comecem a se repetir. Sei disso pelas conversas que tenho com meu pai. Mas isso não é assunto para esse post. Foco na solidão.
Eu já contei aqui sobre a sensação de solidão que eu sentia até meus 20 e poucos anos, que me invadia de uma forma tão agressiva que quando eu percebia já estava aos prantos, acreditando com todas as minhas forças que morreria sozinha. Também contei como essa sensação passou graças a uma frase, “eu sempre vou estar do seu lado”, que acabou se mostrando uma mentira, mas que foi o suficiente para me “curar” de minhas visões e sensações de um futuro que, provavelmente, não pertencia ao meu de hoje. Aquela sensação não é mais um problema, não…
O problema agora é a solidão genuína que sinto nesse momento. Meus chefes tiraram a Camila lá do nosso posto, pelo que algumas pessoas ficaram muito aliviadas. “Ela tinha várias ferramentas aqui com que poderia se matar”, eles disseram. Faz sentido e eu entendo, mas não faz com que eu me sinta melhor por ela ter sido tirada do posto. Por ter sido tirada de mim. Eu sei que ainda posso vê-la, mas vai acabar caindo no mesmo caso de tantas outras pessoas com quem convivi enquanto trabalhava que, hoje, só consigo manter contato pelas mídias sociais. A frequência pra mim é algo importante.
Além dela, tem o fato de que, sem meu PC e com uma última avaliação para entregar, meus últimos dias foram resumidos em uma palavra: estudar. O que é bom, vamos ser honestos e realistas. Minha última faculdade eu não terminei exatamente por não ter tido o mínimo empenho no ato de estudar. É uma das armadilhas em que você cai quando conhece o conteúdo, quando tem familiaridade com o que está estudando. O que não é o caso agora e, mesmo que fosse, já ficou claro para mim que não será o suficiente me apoiar no meu próprio conhecimento. Preciso ler os textos, fazer as atividades, ter um entendimento do que ali está me sendo apresentado. Tem dias que estudar não é penoso, no entanto, nos últimos tempos, tem sido. É o principal motivo pelo qual não consigo nem conversar com meu namorado direito.
Eu até entro no discord e fico lá, aguardando que talvez em algum momento ele apareça também. Mas o noteboook dele está funcionando. Ele aparentemente foi aceito em um time competitivo então enquanto eu me esforço para estudar e conseguir boas notas para que num futuro próximo-mas-não-tanto eu possa ter um emprego melhor, ele se esforça para jogar league. Parece injusto, mas ele provavelmente está feliz. Era para eu estar feliz também, mas a verdade é que não estou, pois agora além de não poder ficar com ele por ter que estudar, terei que me adaptar aos horários dele, pois agora ele provavelmente terá horas em que terá que treinar.
No fim das contas, o que parece é que eu tenho que aceitar as coisas como elas são de verdade. E é assim que elas são. Eu não estou feliz e estou me sentindo sozinha, no entanto a tendência é que as coisas permaneçam assim. Caí na Força Estática.