sábado, 17 de dezembro de 2016

Sinceridade

Vamos falar um pouco sobre sinceridade e relações humanas.
Nos cobram o tempo todo que sejamos sinceros com os outros. Até que ponto isso é benéfico? Tenho um amigo que, segundo os boatos, teve uma namorada que terminou o relacionamento com ele por ter perguntado se estava gorda e ele ter respondido que "sim, um pouquinho". A sinceridade na verdade dói quando não estamos preparados para ela. Por outro lado, machuca a nós mesmos quando vem acompanhada de resultados inesperados. Nem estou entrando no mérito de que tipo de resultados, pois mesmo um resultado positivo pode vir a se mostrar ruim quando você menos espera. É isso que acontece na maioria das vezes quando eu tento ser sincera.
Ontem, sexta-feira, briguei com minha chefe. A culpa foi minha, deixei que as coisas chegassem num ponto difícil de se ignorar. Minha psicóloga, ao ouvir o relato, disse que meu erro foi deixar que as coisas chegassem naquele ponto. Meu amigo me falou que fui muito influenciada pelas palavras de outrem e, por isso, acabo tendo dificuldades de lidar com minha chefe quando, na verdade, ela não é tão má como pintam. Muito pelo contrário, segundo relatos, ela foi a melhor chefe mulher que ele teve. O detalhe é que todas eram. Eu consigo entender isso, ela é realmente uma ótima pessoa. Meu problema é cobrar dela atitudes que, na verdade, nem sei se deviam ser cobradas dela. Por isso, ao invés de cobrar dela vou cobrar de mim mesma. É mais fácil mudar as coisas em nós mesmos. Não estou dizendo que é fácil se mudar, mas com certeza é mais fácil do que tentar mudar ao outro. Minha psicóloga disse que tenho que trabalhar minha aceitação. "É como quando chove e estou sem guarda-chuva, você pode escolher brigar com a chuva e se desgastar ou aceitar que está chovendo e continuar andando."
Brigar só desgasta as relações. A minha com minha chefe não é um exemplo de boas relações. Nem as relações que tenho que eu costumava achar que eram boas relações estão funcionando. E começo a pensar se o problema está em mim. E, se está, qual é o problema e o que posso fazer para que ele não seja mais um problema.
Um dos problemas que identifiquei em mim é que sou sincera com todo mundo, mas que não falo de tudo com todo mundo. Nesse sentido, tenho uma peneira. A peneira seria o assunto, meus amigos seriam as pedrinhas e a areia. Os que eu posso contar pra falar sobre aquele assunto são as pedras, os que não posso são a areia. O problema é que minha chefe passa como areia por todas as minhas peneiras. Neste exato momento, pelo menos no que tange meu trabalho e no que pode influenciar diretamente nele, ela tem que se tornar uma pedra. E eu mesma vou ter que, quando escolher a peneira, avaliar se essa peneira vai influenciar no meu trabalho. Acredito que dessa forma eu vou conseguir organizar melhor as coisas.
No entanto a melhor demonstração de sinceridade foi a dessa pessoa que me pergunta tanto, me fala tanto e me ajuda tanto. Ficar longe de você pessoa é difícil, mas eu vou continuar da forma que estamos, Pois sei que peso. Finalmente estou começando a te entender melhor. Agora só falta entender a mim mesma. E colocar em prática todas as idéias que tive pra que a sinceridade seja, pra mim, de hoje em diante, um ajudante ao invés de uma arma de destruição. Pois essa arma destrói somente uma pessoa: eu mesma.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Como em um RPG

Pense em um RPG qualquer que você conheça. Agora imagine seu personagem cercado por inimigos. O que você vê depois? O desenlace dessa batalha depende muito de que tipo de personagem você é.
Neste exato momento, me sinto como um ranger cercado por assassinos. Silenciosos, letais, um movimento em falso e tudo estará perdido. Uma batalha dessas é praticamente uma dança. Você precisa saber onde ir para não cair em uma cilada. Eles observam e esperam uma brecha pra atacar. Você tenta andar por locais movimentados, estar perto de gente, mas isso dura apenas alguns momentos, nunca o suficiente pra você se sentir seguro. Sair da cidade não é uma opção, essa cidade é minha, tenho que defendê-la com unhas e dentes. Minha saída é depender o máximo possível das pessoas ao meu redor, por mínimo que seja. Os assassinos não atacam quando existem pessoas por perto, é quando estou sozinha que viro um alvo fácil. E a dança começa com passos duros, a mão que rege a música nunca é gentil. Ainda assim, não sei como, estou viva.
Minha cidade é minha vida. Desistir dela nunca foi uma opção. Ou talvez tenha sido num passado muito, muito distante onde os inimigos eram em um número muito menor e meu personagem era level muito mais baixo. Não, sair daqui não é uma opção. Não hoje.
As pessoas que encontrar pelo caminho, mais conhecidas como NPC's, são meus amigos. Pessoas que conheço, gente com quem gosto de conversar, de conviver, de passar o tempo. Mas não é uma constante. Nem mesmo em casa isso é uma constante. Tenho que me mover para encontrar esses NPC's, pois eles não têm vontade nenhuma de me ver, de falar comigo, de interagir comigo. Como em um RPG, é você que tem que ir até o NPC. Como na minha vida, sou eu que tenho que procurar ajuda, companhia, bem estar.
Finalmente, os assassinos. Esses são os meus inimigos mais letais, meus pensamentos, meus medos, minhas fraquezas. Os meus momentos mais vulneráveis são quando estou só, pois é nesses momentos que os assassinos atacam e eu tenho que me defender como posso. Às vezes procurar pessoas faz com que um assassino se revele nessa pessoa. Isso é normal. A maioria das pessoas nessa cidade já foi um assassino pressionando uma faca no meu pescoço. Todas, em algum momento, tiveram essa posição. Existem pessoas que procuro com mais frequência que outras, existem pessoas que procuro apenas em caso de emergência e existem as pessoas que não procuro mais por saber que não estão mais nessa cidade. Afinal, algumas pessoas, seja por escolha própria ou for porças das circunstâncias, tiveram que ir embora.
Tem uma parte da bíblia que fala do bom combate. Acredito que o bom combate nada mais é do que isso, esse combate diário pela sua própria vida, pela sua própria existência. O que é justo e o que é correto? Isso varia de pessoa para pessoa. Mas o combate diário pela sua vida? Essa é uma coisa que acredito que todos nós, seres que vivem nesse planeta, sabemos muito bem o que é. Vou continuar meu combate, com ou sem ajuda.