sábado, 10 de dezembro de 2016

Como em um RPG

Pense em um RPG qualquer que você conheça. Agora imagine seu personagem cercado por inimigos. O que você vê depois? O desenlace dessa batalha depende muito de que tipo de personagem você é.
Neste exato momento, me sinto como um ranger cercado por assassinos. Silenciosos, letais, um movimento em falso e tudo estará perdido. Uma batalha dessas é praticamente uma dança. Você precisa saber onde ir para não cair em uma cilada. Eles observam e esperam uma brecha pra atacar. Você tenta andar por locais movimentados, estar perto de gente, mas isso dura apenas alguns momentos, nunca o suficiente pra você se sentir seguro. Sair da cidade não é uma opção, essa cidade é minha, tenho que defendê-la com unhas e dentes. Minha saída é depender o máximo possível das pessoas ao meu redor, por mínimo que seja. Os assassinos não atacam quando existem pessoas por perto, é quando estou sozinha que viro um alvo fácil. E a dança começa com passos duros, a mão que rege a música nunca é gentil. Ainda assim, não sei como, estou viva.
Minha cidade é minha vida. Desistir dela nunca foi uma opção. Ou talvez tenha sido num passado muito, muito distante onde os inimigos eram em um número muito menor e meu personagem era level muito mais baixo. Não, sair daqui não é uma opção. Não hoje.
As pessoas que encontrar pelo caminho, mais conhecidas como NPC's, são meus amigos. Pessoas que conheço, gente com quem gosto de conversar, de conviver, de passar o tempo. Mas não é uma constante. Nem mesmo em casa isso é uma constante. Tenho que me mover para encontrar esses NPC's, pois eles não têm vontade nenhuma de me ver, de falar comigo, de interagir comigo. Como em um RPG, é você que tem que ir até o NPC. Como na minha vida, sou eu que tenho que procurar ajuda, companhia, bem estar.
Finalmente, os assassinos. Esses são os meus inimigos mais letais, meus pensamentos, meus medos, minhas fraquezas. Os meus momentos mais vulneráveis são quando estou só, pois é nesses momentos que os assassinos atacam e eu tenho que me defender como posso. Às vezes procurar pessoas faz com que um assassino se revele nessa pessoa. Isso é normal. A maioria das pessoas nessa cidade já foi um assassino pressionando uma faca no meu pescoço. Todas, em algum momento, tiveram essa posição. Existem pessoas que procuro com mais frequência que outras, existem pessoas que procuro apenas em caso de emergência e existem as pessoas que não procuro mais por saber que não estão mais nessa cidade. Afinal, algumas pessoas, seja por escolha própria ou for porças das circunstâncias, tiveram que ir embora.
Tem uma parte da bíblia que fala do bom combate. Acredito que o bom combate nada mais é do que isso, esse combate diário pela sua própria vida, pela sua própria existência. O que é justo e o que é correto? Isso varia de pessoa para pessoa. Mas o combate diário pela sua vida? Essa é uma coisa que acredito que todos nós, seres que vivem nesse planeta, sabemos muito bem o que é. Vou continuar meu combate, com ou sem ajuda.

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