sábado, 27 de maio de 2017

Do Nome Gaveta

A verdade é que eu tinha outros planos sobre o que escrever hoje. No entanto, amanhã faz um ano que eu comecei a escrever para o blog semanalmente. Não que eu tenha realmente postado todos os fins de semana, mas eu me esforcei bastante e, pra ser sincera, estou bastante orgulhosa de mim mesma por ter conseguido manter minha determinação de continuar. Logo eu que tenho o costume de desistir tão fácil.
Quando escrevi pela primeira vez expliquei sobre um autor, um conselho e uma vontade. Não preciso falar sobre eles novamente para justificar o nome dessa sessão do blog. No entanto, existe uma explicação para o nome Gaveta que é bastante interessante. E eu fiz questão de esperar o “aniversário” da sessão para explicar o por quê. A intenção inicial era chamar de lixeira, já que o conselho tinha sido escrever tudo para limpar o cérebro. No entanto, eu sou uma daquelas pessoas que tem muita dificuldade de jogar coisas fora. Tenho plena noção disso. Por isso o nome se transformou. Gaveta.
O que é uma gaveta? Um compartimento de algum tipo de móvel onde você guarda coisas. Na cozinha, talheres. No quarto, roupas. Na memória, lembranças. Não significa que você vai usar todo o conteúdo daquela gaveta ao mesmo tempo, nem que vai, de fato, usar. Você só precisa de um lugar pra guardar, pois acredita que algum dia pode precisar deles. É assim que foi com essa sessão. Ela começou como uma brincadeira e foi crescendo, foi ficando difícil e dolorida de escrever, por alguns momentos eu nem queria de fato escrever e, realmente, não escrevi. Mas o esforço está registrado aqui e pode ser visto por qualquer um que se importe. Vou continuar me esforçando pra conseguir escrever mais coisas além da gaveta. Já está passando da hora do lixo dar espaço pro que eu realmente preciso escrever, por mais q eu tenha perdido todas as anotações q eu tinha com a formatação do PC.
E você? O que guarda nas suas gavetas?

sábado, 20 de maio de 2017

O Próximo Passo

Já faz um tempo que meu trabalho tem pedido mais de mim do que eu estou acostumada. Isso por querer ajudar demais, e ainda ter que ouvir reclamações por estar ajudando. Bem, que posso dizer? Parece que, nos dias de hoje, pedir ajuda é o mesmo que ter que se humilhar. Eu entendo bem essa sensação, pois quando era mais nova sempre preferi fazer tudo sozinha do que ter que pedir ajuda. É um ciclo longo e demorado aprender a pedir ajuda. Mas com treino e persistência, se consegue.
Minha psicóloga me questionou sobre qual seria meu próximo passo após eu ter lhe contado como a última vinda daquela pessoa para a cidade foi. Vira e mexe, pessoas, situações e comentários me fazem lembrar dele. Como no dia que fomos coletar dados de divórcio e reparei no nome do casal que estava se divorciando: Luciana e Jorge. O divórcio saiu em Fevereiro. Ele foi embora em Março. Pra mim, funcionou muito bem. É como se algo tivesse se quebrado por dentro, e ao contrário do que eu pensei, fez muito bem. Como meu caro amigo Gilson me disse certa vez, enquanto eu ainda sofria, “você já sobreviveu à dores mais fortes”. E ele tem razão. Não importa quão importante ele tenha sido na minha vida durante o período em que esteve nela, este período chegou ao fim. Não do jeito que eu queria, mas agora, ele será como tantas outras pessoas que passaram pela minha vida e que verei muito raramente e só quando a pessoa quiser. E me lembro das pessoas que cuidam tão bem de mim quando eu vou pro Rio de Janeiro. É, ele será assim. Provavelmente.
Meu próximo passo tem a ver com minha busca pessoal por Deus. Com meu desejo de poder fazer massagens nas pessoas e ganhar um pouco de dinheiro com isso, além de trazer alívio pras pessoas. Tem a ver com meu pai e meu irmão conseguirem se sentir melhor a respeito da minha mãe, ao ponto que consigam, como eu, falar dela e pensar nela sem ficarem com os olhos marejados. Com poder arrumar meu quarto ao ponto de que ele pareça um lugar habitável o bastante para uma pessoa humana normal. Com ver as pessoas que eu gosto de tempos em tempos pra ir no cinema ou mesmo que seja só pra conversar sem precisar me preocupar (muito) com o dinheiro ou com o tempo. Tem a ver com ir na praia num fim de semana e não chover, já que ainda estou me devendo esse prêmio por ter conseguido terminar o curso de massagem. Com escolher outra meta, talvez estudar pro Enem e passar com uma boa nota pra que eu consiga ao menos pensar em estudar no ano que vem sem me sentir muito culpada por querer isso. Talvez, quem sabe, começar uma academia quando o IBGE se mudar, seja lá pra onde, afinal, vamos nos mudar. E tem a ver com querer ser feliz com a pessoa que me ama, pois apesar de não saber até onde poderemos ir, nem até onde conseguiremos ir, eu quero ser feliz com ele, pois nós dois merecemos isso. Como quando falei para aquele rapaz que também era jovem, mesmo que eu seja apenas uma ponte, ele se mostra disposto a tentar. Então, por que não?
O próximo passo é só mais um passo de uma longa jornada e de uma longa busca. Se essa busca vai acabar algum dia, eu não sei. Provavelmente no dia de minha morte, pois como a humana que sou, morrerei. Um dia. Qualquer dia. Mas não hoje. Hoje eu estou indo atrás da minha felicidade. E este é meu próximo passo.

sábado, 13 de maio de 2017

A Criança Perdida

Essa semana quando fui pro curso de terça e estava saindo da aula, encontrei a Liliane e, enquanto ela me levava até o lugar em que estava trabalhando naquele dia, vi a filha dela correndo em minha direção com os braços abertos. E isso me lembrou como eu era quando era criança. Na verdade, eu demorei bastante pra amadurecer, tanto que até os 14 anos eu ainda agia como uma. É só lembrar de como eu corria feliz até as pessoas para alcançá-las e dizer oi. Ou como eu abanava a mão no alto para que uma pessoa que eu conhecia me visse do outro lado da rua. Ou como eu não sabia o que era masturbação, nem várias coisas relacionadas ao sexo, mesmo com várias garotas ao meu redor ficando grávidas e tendo filhos. Lembro como eu me choquei quando a pessoa grávida foi uma das minhas amigas próximas e como ela me disse para eu não fazer “aquela cara” (de espanto no caso).
Essa semana também aconteceram várias coisas que me fizeram pensar em como as pessoas ao meu redor também são. Crianças no caso. Mas eu não tenho coragem de dizer isso em voz alta, pois me faz lembrar do Fabrício e de como ele me disse que era “uma criança” e se eu realmente sentia “o que dizia sentir” por ele. É como se a idade fosse uma barreira. E é, eu passei a ver como uma barreira depois daquilo. Uma coisa é você ter 18 anos e gostar de um garoto de 14, outra é ter 31 e gostar de um garoto de menos de 20 anos. “Idade é um número”. Queria eu que fosse só isso mesmo.
Sempre fui da opinião que não gosto muito de bebês. As pessoas olham pra eles e acham eles fofos, mas eu só consigo ver o choro e a incapacidade de falar para me comunicar o que está doendo para ele estar fazendo aquele berreiro. Ao contrário, as pessoas reclamam de crianças, pois elas correm, falam, fazem birra e ainda choram. Eu prefiro assim, pelo menos posso perguntar o motivo do choro, correr atrás e ainda consigo pegar no colo. E não é como se correr atrás de uma criança fosse tão difícil assim, convenhamos. Nossas pernas são bem maiores que as deles. E eles têm aquela inocência que nos falta.
Não é que não exista a inocência nos adultos. Existe, mas não é nem um pouco comparável à das crianças. Se eu pudesse, protegeria essa inocência até onde me fosse possível. Mas nos dias de hoje, não é tão fácil. Quando penso nisso, lembro daquela menina e de como mataram a inocência dela. E do que ela se tornou. E de como eu ainda não consigo aceitar que tudo isso está acontecendo. Foi por esse e outros motivos que decidi cortar laços definitivamente, tanto com ela quanto com a pessoa que a ama. Não adianta que eu me preocupe, não adianta que eu queira ajudar, não adianta que eu tente colocar nada de bom ali, pois nada de bom vai sair dali caso eu adicione algo. E não quero levar patadas. Mais patadas do que já levei. Existem limites. Mas isso aqui continuará em outro post. Este é sobre a criança dentro de nós.
No fim das contas, acho que um dos motivos que gosto dessas crianças é por elas terem uma inocência que não encontro mais dentro de mim. Por sentir falta dela. Por ver neles algo que eu ainda queria ter. Mesmo que nos dias de hoje seja muito mais difícil preservar esses sentimentos bons que eles têm, quero fazer tudo que estiver ao meu alcance para manter isso. Pois isso era tudo que eu tinha, e agora está perdido. Amanhã é dia das mães, e a minha não está aqui para me dar o abraço que a criança dentro de mim precisa. Aos poucos, sinto que essa criança vai morrer, pois não existe mais a fonte que a alimentava. Está na hora de crescer. De abraçar a vida adulta. De ter responsabilidades. Goodbye my friend.

sábado, 6 de maio de 2017

Relações Humanas

Se eu tivesse que escolher como começar este post, diria que tudo aqui faz parte um pouco da pessoa que eu sou, das relações que cultivo e do como o mundo olha de volta pra tudo que eu faço. Não sei como são todos os frutos que colho, mas quero dividir alguns dos mais recentes com vocês leitores, para terem uma ideia do que é uma vida. A minha vida no caso.
Você fica irritado com uma pessoa e vai afastá-la de você mais do que o normal. E vocês vão ficar um tempo sem se falar, mas isso é normal, é o tempo que você precisa pra que as coisas voltem pro seu lugar. E quando elas voltarem, vocês vão poder falar normalmente. No entanto, o normalmente não vai ser tão normal assim, pois você, melhor do que ninguém, sabe o que não pode fazer pra não desandar as coisas de novo. É tudo questão de você querer agir nessa direção.
E você terá uma amiga que quer te trazer mais perto de Deus, e vai começar a te pedir pra aparecer na igreja, e te apresentar pessoas, e te falar de coisas que aconteceram com ela. E ela é a pessoa que você julgava mais forte que qualquer outro. No entanto, ouvindo suas palavras, sua confissão, vendo suas lágrimas e sentindo sua dor, você percebe que ela é uma pessoa comum, como qualquer outra pessoa, e percebe também que você não é tão fraca assim. Mas eu já falei do como eu sou forte e não percebo em outras situações...
Essa mesma amiga te diz que você se doa demais e que não é ruim que você seja egoísta e pense em você mesmo. Ou que você recuse ajudar os outros por estar se sentindo sem condições. Mas eu também já ouvi isso da minha psicóloga e continuo não tendo um limite muito claro de até onde posso me doar. A verdade é que, quando penso a sério nessa situação, acho que dôo muito pois tenho muito mais pra doar que os outros. Prefiro pensar assim do que achar que estou doando mais do que devo. Se eu acho que está me afetando eu vou parar, não se preocupem.
No dia seguinte você tem que trabalhar mas uma das pessoas que te é especial te pergunta se você já está indo dormir e você diz que não. Isso resulta numa longa conversa sobre a vida dessa pessoa, que se extende até as 3 da manhã do dia seguinte. E apesar de você saber que é uma situação isolada, no dia seguinte você fica esperando poder conversar de novo, mesmo sabendo que você tem que trabalhar no dia seguinte e que ele não vai poder falar.
No seu trabalho existem várias pessoas com quem você tem que conviver, querendo ou não. Se você é eu, você aceita, afinal, é muito mais fácil aceitar que elas farão parte da sua vida do que relutar e tornar a convivência uma coisa massante. E uma das pessoas que entrou não faz muito tempo te informa que vai se mudar e que, por conta dessa mudança, terá que abandonar o posto. E isso te dói, pois ele é uma das pessoas com quem você se dá bem e com quem você gosta de conversar. Mas não tem muito que se possa fazer, só aceitar. Aceitar é sempre o caminho mais fácil.
Por fim, você está conversando com alguém sobre pessoas e relacionamentos e confissões e essa pessoa te diz como, apesar de tudo que você diz e disse, ele ainda tem dificuldades de falar, pois é tímido. Então você pergunta se essa pessoa é você, pro que uma longa espera resulta num sim. Fazia tanto tempo que eu não sabia o que era ter alguém gostando de mim que, honestamente, eu não sei nem como reagir direito. No entanto, fiquei feliz e agradeci no dia seguinte, quando lembrei. Acabei fazendo a mesma pergunta que aquela pessoa me fez quando conversamos, logo após eu ter deixado claro como me sentia. E como eu respondi na época, ele preferiu que eu continue como sou e eu vou atender esse pedido, pois sei bem porque ele prefere assim. No entanto, fico preocupada. Também sei a dor que é gostar de alguém. E começo a pensar que tenho que resolver minhas pendências com outras pessoas pra saber como agir com ele. Isso me faz lembrar de quando eu disse pra um dos caras que passou na minha vida como eu era apenas uma ponte pra que ele encontrasse alguém melhor. Tenho plena consciência de onde estou situada e não vou me iludir demais. Vamos nos libertar e libertar aos outros. Ninguém gosta de ficar preso, não é mesmo?