sábado, 24 de setembro de 2016

Caixa de Pandora

Verdade seja dita, eu esqueci completamente de escrever hoje. Ontem eu não estava em condições de escrever por motivo de bebedeira brava, mas eu acordei cedo hoje. É como se meu corpo me avisasse que tinha algo que eu tinha que fazer, mas eu realmente não lembrei. E hoje o dia passou como um raio até este momento.
Este exato momento em que você chega em casa depois de ver uma ópera. Pagliacci, pra ser bem específica. Estava sentada em uma mesa esperando dar hora de ir pra frente da bilheteria pra pegar meu ingresso quando vi um aglomerado de pessoas formando fila. Não acreditei que fosse, mas resolvi perguntar. "É pra ópera?" E era. Acabou que fiquei na fila por duas horas pra ver a peça. E não é como se a peça fosse ruim, muito pelo contrário, era bonitinha, mas imaginem a seguinte cena: você está assistindo uma cena onde a mulher está sentada no colo do homem, de frente pra ele, ele então começa a passar a mão pelas pernas dela, desnudando a carne. Muito sexy, não é mesmo? Agora imaginem que durante essa cena você ouve a voz de uma criança perguntando "O que eles estão fazendo pai?"
Agonia é uma palavra que me passa pela cabeça. Irresponsabilidade também. Mas fazer o que? "Crianças são bem-vindas ao nosso teatro", uma gravação te diz no inicio do espetáculo. Devia ter limite etário, mas como todas as coisas no Brasil, se você estiver com seus pais irresponsáveis, eles serão responsáveis pelo que você assiste. E como ninguém liga pra bosta nenhuma, está tudo bem.
Semana que vem é meu aniversário. E eu estou bastante ansiosa, como todos devem imaginar. Mas não é pelo motivo que vocês devem estar imaginando. Deixem que eu lhes conte um pouco dessa semana, por gentileza. Segunda fui no dentista e descobri que as manchas pretas nos meus dentes não eram cáries, nem sinal de que eles estavam podres, mas apenas tártaro. Alívio. Então ele me falou de fazer uma limpeza, tudo bem, nunca fiz uma, mas o que podia dar errado? Pois saibam vocês que dentes limpos depois de muito tempo sujos significa que eles praticamente perderam a proteção natural deles. Sim, aquela sujeira era a proteção dos meus, e agora eles estão sensíveis. Pra caralho. Dor. Tive que treinar o Flávio e de tarde fui na minha psicóloga. Disse estar aliviada e acabou que mais uma vez falamos de trabalho. Fiquei frustrada, esperava do fundo do meu coração que pudéssemos falar dele, mas o assunto foi postergado mais uma vez. Sinto que se continuar assim vai chegar no ponto em que não precisaremos mais tocar no assunto. A ferida vai se cicatrizando sozinha. Verdade seja dita, assisti um vídeo onde um homem dizia que temos que abrir mão não da pessoa que gostamos, mas sim do que queremos dela. Não posso dizer que consegui abrir mão de tudo, mas aos poucos estou tentando, e isso até que está ajudando. Pulemos pra quarta, quando fui assistir um filme com o William. Ben-Hur. Filme bom, muito bom. Chorei ao ver certas cenas, afinal, não é todo dia que você vê o Rodrigo Santoro sendo crucificado no papel de Jesus Cristo. Se Deus não é brasileiro, agora Jesus Cristo é. Brincadeiras à parte, quinta fui questionada sobre o dia do meu aniversário. "Dia 30". E que dia da semana seria? Ele tinha um calendário na mesa dele, mas vamos ter um pouco de paciência. "Sexta-feira". Estava me preparando pra ouvir que ele não poderia ir por causa do ensaio que ele estava fazendo. "E onde vai ser a festa?" Eis uma questão que eu não esperava, mas que foi bom ter sido feita. Pude perguntar a ele se poderia usar mesmo a casa dele, como ele havia oferecido. Lembro que quando comentei com meu irmão sobre a oferta ele me xingou e, ao questionar o motivo, ele não quis dizer. Consigo pensar em pelo menos uma meia dúzia de motivos, mas todos são absurdamente impossíveis, então resolvi ignorar a opinião dele e focar no que tenho em minhas mãos, ao meu alcance. A oferta foi feita, e eu estava disposta a aceitar. Então ele perguntou se eu gostaria de visitar a casa dele para ver o espaço. Foi inusitado, confesso. Eu só esperava por os pés naquele lugar na companhia do meu supervisor, pois tinha certeza que ele não abriria as portas para mim. Tudo bem que não estava sozinha, o motorista estava lá também, mas ainda assim. E uma conta de água foi colocada em minhas mãos enquanto eu estava de olhos fechados e mãos esticadas. Honestamente, acho que essa foi a primeira ou a segunda vez que me pediram pra fechar os olhos para receber uma surpresa, e não me lembro da primeira vez ter sido divertida também, o que me faz crer que surpresas nunca são legais. Vamos dar continuidade. O espaço é legal, o ambiente é agradável, quero uma rede pra pendurar naqueles ganchos da parede e deitar nela. Mas não tenho uma rede, nem faço ideia de onde comprar uma. Talvez arrume uma quando for pra praia, veremos. Sexta resolvemos fazer o teste drive da casa. Tivemos uma baixa de duas garrafas de vinho, uma de licor de leite (não perguntem, só aceitem), uma conta paga e um cartão de débito. Sim, um cartão de débito. Por algum motivo que não sei, ele sumiu. Acredito ter esquecido ele no banco. Quando percebi ele até pegou a bicicleta para ir até a agência (onde trabalhamos, não a do banco) e ver se achava ele por lá. Alguns minutos mais e ele estava de volta, sem cartão. "Melhor bloquear". Não precisava nem dizer, mas obrigada pelo conselho. Acabou que não sabia o número da minha conta, então só fiz isso chegando em casa. Agora tenho que esperar alguns dias para receber um novo cartão em casa, pois apesar de preferir pegar na agência, os bancos estão de greve, o que faz com que seja uma opção inviável.
Agora aqui estou eu, planejando gastos que supostamente não vou poder pagar até ter meu cartão de volta, na esperança de que aconteça algum milagre que me traga de volta a esperança. Pandora, querida... me traga sua caixa. Troco todos os seus sentimentos perdidos pelo único que te restou.

sábado, 17 de setembro de 2016

Eu Te Amo

Hoje, cheguei bêbada em casa. Para aqueles que não sabem ainda, ou que nem desconfiam, escrevo, na maioria das vezes, na sexta, e programo para que seja postado no sábado. Hoje é sexta. Foda-se. Cheguei bêbada em casa. E enquanto estava no ônibus com uma vontade enorme de ir no banheiro, pensei nessas pessoas. Todas pessoas que amo. Então vamos lá, esse post é pra vocês. Uma homenagem de uma pessoa Bêbada para pessoas que eu amo.
Para você que morreu esse ano e que me deu a luz, que me criou, que me educou, que me amou da sua maneira torta de amar, eu te digo, eu também te amo.
Para você que eu não vejo mais, que eu nunca toquei, que eu dizia o tempo todo "I love you", que nunca pude tocar, que tanto pude ver, que tanto me deu, que tanto me tirou, eu digo com todo o prazer que meu corpo sente ao lembrar de você: eu te amo.
Para você que fez com que eu viajasse para outro estado por um mísero dia, de quem eu não esperava nada além de rejeição, que amou outra mulher mais do que eu e ainda assim me deu uma das lembranças mais bonitas que eu tenho da vida, eu digo, eu te amo.
Para você que ainda é uma criança mas que tem uma voz de adulto, que amava alguém quando te conheci, que teve algo com esse alguém enquanto eu te amei, que brigou comigo várias e várias vezes por tantas coisas que nem valem a pena serem ditas, que é melhor que eu em tudo que faz, que tem tanto pra crescer e melhorar, eu digo, eu te amo.
Para você que provocava ciúmes em mim e achava graça por eu me irritar quando tinha ciúmes, e ainda assim brigava comigo por eu ter esse ciúmes, que tem uma mãe q eu amo como se fosse minha, que ainda passa pela minha mente quando preciso de ajuda com meu prazer, eu digo, eu te amo.
Para você que reclama do meu cheiro, da minha chatice, que não lembra de nada do que aconteceu ou do que foi dito ou do que foi prometido ou do que foi importante pra mim, eu digo que te amo.

Eu quero ser amada de volta. Quero sentir carinho, quero sentir que alguém precisa de mim, que me quer por perto, que está feliz com minha companhia. Não existe ninguém assim na minha vida. Nunca houve. O futuro não é meu, nem seu, nem nosso. Se eu realmente escolhi cada uma das coisas que eu deveria passar nessa vida, devia ser um espírito muito masoquista. Mas já que essa foi a vida que me foi dada, vou vivê-la até a última gota. Não consigo pensar em desistir dela. Amo demais pro meu próprio bem. Que Deus me ajude, porque eu estou perdida.

sábado, 10 de setembro de 2016

Minhas Primeiras Vezes

Desde que inventei de escrever todo sábado com o marcador "Gaveta" eu já preestabeleci alguns títulos padrão; coisas que eu tinha certeza que cedo ou tarde eu iria falar. A verdade é que eu pensei em usar esses títulos como guias para o que escrever, como escrever, do que escrever, pro caso de eu não saber sobre o que escrever. Bem, verdade seja dita, esse é um dos títulos iniciais,  algo que eu deveria ter escrito já faz tempo, mas que nunca saiu. Tanta coisa aconteceu que ele foi sendo deixado de lado. Mas hoje me pareceu um bom momento pra que eu escrevesse sobre isso. Isso sendo minhas primeiras vezes.
Acredito que toda pessoa já ouviu alguma história sobre seu primeiro dente, sua primeira palavra, a primeira vez que andou, essas coisas que todo pai babão gosta de contar pros seus filhos, por ser uma memória marcante pra eles. Esse também seria um bom título pra um próximo post... mas vamos voltar ao foco principal. Me lembro de quando eu ainda usava o cabelo curto como o de um menino pois havia tido um surto de piolhos na escolinha. E também porque um menino grudou chiclete no meu cabelo. Lembro de quando estava na primeira série e tive uma dor muito forte no ouvido, de como corri até a sala de aula da minha mãe chorando e de como ela me confortou enquanto aquecia meu ouvido pra que a dor diminuísse. Lembro de quando, na segunda série, comecei a usar óculos. E de como meu irmão me empurrou com força na casa da minha avó, ao ponto de eu me lembrar que eu não caí, mas escorreguei por um trecho do chão, quase como um sabonete no chão com água. Lembro que na terceira série fizemos várias excursões, entre elas a primeira vez que fui à bienal do livro na vida. Na quinta série foi a primeira vez que estudei em uma escola onde minha mãe não dava aula. E nos anos seguintes continuei estudando naquela escola, o que era algo incomum pra mim, pois sempre mudávamos de escola com nossa mãe. Lembro da primeira vez que levei um tapa da minha mãe por gostar de um rapaz da minha escola, e de como depois disso fui acusada de ficar usando o telefone para ligações que eu não havia feito, e de como quando ela quis saber quem era o rapaz de quem eu gostava em questão ela disse que ele não era lá grande coisa, e que eu podia escolher algo melhor. Lembro de como prometi que depois daquilo só falaria pra ela que eu gostava de alguém quando conseguisse me ver casada com o rapaz, e como isso só aconteceu uma vez na vida, quando disse pra ela que eu conseguia me ver casada com meu amigo Brenno e como ela disse que já havia sonhado com nós dois casados, "vocês casaram pela internet" ela disse. Lembro de quando gostei de um rapaz por 5 anos seguidos e de como não doeu quando eu desliguei o telefone aquele dia em que ele queria, mais uma vez, que eu dissesse que gosto dele, e eu me recusei dizendo que não havia por que dizer algo que ele já sabia. Lembro de quando meus amigos da escola me fizeram uma festa surpresa. E de quando as pessoas da faculdade fizeram o mesmo quando completei 18 anos. Lembro de quando minha avó morreu. De como meu primo titubeou pra por o terço nas mãos dela e de como minha mãe me disse para fazer aquilo no lugar dele. E de como ele não pestanejou em deixar o terço nas minhas mãos e se afastar. Lembro de como as mãos dela estavam geladas. E de como eu chorei quando terminei de arrumar o terço nas mãos dela. Lembro daquela gentil velhinha que me comparou a meu avô, que eu não conheci mas que amo tanto. Lembro de quando comecei a usar a internet, na época, só de noite ou de fim de semana, só pra fazer trabalhos de escola e ficar no bate papo UOL. Lembro de quando comecei a jogar Ragnarok. Lembro do meu primeiro blog. Lembro da primeira vez que conheci alguém da internet e de como ele foi a primeira pessoa que eu beijei. Lembro do gosto de cereja daquele beijo, e de como eu odeio cerejas, e de como aquele beijo me influenciou a querer esquecer alguém.
Lembro de quando entrei no SENAI e de como um colega disse que meus pais estariam mortos até meus 20 anos. Lembro de como perdi uma amiga por causa de um garoto que me empurrou e de palavras impensadas e inocentes da minha parte, vistas de forma vulgar pelos outros. Lembro de como fui acolhida entre os garotos depois disso. E de como elas queriam que eu pedisse desculpas na frente de todo mundo, sendo que eu recusei já que não achava que estava errada. Lembro de como comecei a ter muito mais amigos homens depois disso e de como eu achava a amizade deles mais sincera do que a das mulheres. Lembro da formatura e de como usei um vestido preto, e de como todos os garotos ficaram me olhando como se nunca tivessem me visto. Lembro de como eu usei minhas habilidades de leitura em inglês pra traduzir, por um tempo, mangás do inglês pro português pra um scanlator chamado Redisu e de como ele me fez conhecer a Aby. Lembro de como viajei pro Rio de Janeiro pela primeira vez de avião com meu irmão e conheci vários amigos virtuais que eu tinha na época. Lembro da segunda vez que fui pro Rio de Janeiro, de ônibus, e de como juntei toda minha coragem pra pedir um beijo pro Brenno. E de como ele me deu selinhos que valeram mais do que qualquer coisa que eu tenha ganhado em toda a minha vida, pois me fizeram ver que mesmo um gesto simples desses, vindo de quem eu realmente gostava, valia mais do que qualquer coisa vinda de um qualquer. Lembro de como me decepcionei e me afastei dele quando ele me disse que ia tentar voltar com a ex. Lembro de como ele me deu apoio pra começar a caminhar pra esquecer. E de como as caminhadas faziam com que eu pensasse e falasse comigo mesma, achando soluções pros meus próprios problemas. E de como em uma dessas caminhadas conheci o Luciano.
Perder a virgindade é ruim, todo mundo sabe disso. Dói. Mas é pior quando além de doer você se sente rejeitada. Ele parou quando eu estava começando a sentir prazer. Segundo ele, ele não gozou. Mas parou mesmo assim. E mandou eu ir me lavar. E quando perguntei se podíamos continuar ele disse que não. Eu entendi quando ele disse que queria me levar de volta, pois meus pais podiam estar preocupados e sentindo minha falta, mas não fez com que eu me sentisse melhor. E lembro de como esse episódio em si desencadeou uma série de fatos frustrantes na minha vida.
Lembro de quando arrumei meu primeiro emprego e de como ele me foi apresentado, "4G". Lembro da primeira vez que pensei que gostava dele, quando ele veio perguntar o que tinha acontecido quando chegamos do cartório, depois de alguns fatos desagradáveis que tinham acontecido. Lembro de quando eu quase caí por estar procurando 50 centavos pra ele comprar um cigarro e ele me segurou, e de como eu pedi desculpas e ele disse que sempre me seguraria, mesmo que estivesse longe. Lembro de quando tentei marcar de sair com ele pela primeira vez e não deu certo, e de como ele quis explicar o porque mesmo eu dizendo q não precisava. Lembro de quando ele veio arrumar o SECAF dele quando estava de férias e de como ele me abraçou enquanto eu estava sentada, de como aquilo me surpreendeu e de como me deixou com o coração acelerado. Lembro de quando eu pedi que ele visse o nascer do sol comigo algum dia. E de quando ele propôs de irmos num mirante que tem em Guarulhos algum dia. Lembro de quando saímos pela primeira vez, do choque que ele levou sem que nem encostássemos direito um no outro, de como comemos uma bandeja de sushi, de como ele comprou incensos e de como eu tirei uma foto dele escondida. Lembro de quando disse pra ele que gosto dele e da conversa que tivemos logo em seguida. Lembro de quando bebemos juntos e ele falou olhando nos meus olhos, ao ponto de eu não lembrar de metade do que ele disse, apenas dele ter dito que uma das minhas qualidades era a temperança e de como eu o incomodo, e de como isso é algo bom, pois não é todo mundo q o incomoda. Lembro de quando perguntei se ele ficaria mais feliz se eu não gostasse mais dele e de como ele respondeu que sim. Lembro do coração dele batendo mais rápido quando eu o abracei no ponto de ônibus aquele dia. E lembro de como chorei abraçada a ele não muito tempo depois de internar minha mãe.

Lembranças. Algumas pessoas podem dizer que o nome desse post está errado, pois ele está repleto de lembranças. Pois se enganam; primeiras vezes são lembranças. Se você não lembra é porque não aconteceu, porque não foi vivido, porque não foi sentido. Você precisa sentir pra saber. Por isso que me lembro. Meu corpo lembra. Meu coração e meu cérebro lembram. Minha alma então, lembra muito mais. Tudo isso é apenas um sinal de que vivemos. Eu podia ter feito muito mais, beijado muito mais, aproveitado muito mais. Mas essa é minha vida, essa sou eu, essas são algumas das lembranças que fazem de mim... eu.

sábado, 3 de setembro de 2016

Meia-Boca

Outro dia eu estava conversando com uma amiga e ela fez aquilo que ela sempre faz por mim: ser direta, dura e objetiva quanto a meus problemas. E ela falou algo que, honestamente, não tem como não pesar na balança. As palavras que ela usou foram "você tem um coração enorme DEMAIS pra se contentar com metade do todo". E ela tem toda razão. Eu não sei viver de forma meia-boca. Oito ou oitenta, sou eu. Feliz demais. Triste demais. É assim que eu sou. Por isso pra mim é difícil quando tenho que lidar com certas situações. Gosto de conversar mas na maioria das vezes os assuntos que são colocados em pauta são assuntos de que eu não tenho nenhuma propriedade pra falar. E normalmente quando falam de assuntos comuns a todo ser humano como filmes, livros e músicas, eu fico atrás, pois as pessoas ao meu redor são pessoas com gostos e gêneros muito diferentes, muito refinados. É praticamente impossível saber tudo, e normalmente eles não gostam do que eu gosto. Eu gosto de músicas populares, livros de histórias fantásticas, filmes de heróis. Podem dizer que isso é falta de cultura da minha parte, mas honestamente, pouco me importa. Minha vida é minha, meus gostos são meus, o que eu gosto eu realmente gosto e o que eu não gosto eu tento aprender a gostar. E se não consigo, aprendo a pelo menos suportar.
No outro lado da moeda, poderia se dizer que eu também sou uma pessoa meia-boca. Quando começam a falar sobre algo q eu não conheço ou não me interesso acabo ficando calada. Não é que eu não esteja ouvindo, mas muito provavelmente acham q não estou nem ouvindo, nem prestando atenção. Quando falam de livros ou de filmes que eu não vi e me recomendam que eu leia ou assista eu acabo sempre não lendo, não assistindo. A primeira (e única vez) que li um livro que alguém me recomendou foi porque tínhamos combinado de lermos juntos, e eu achei a ideia ótima. Ler em conjunto é sempre legal. Já me recomendaram muitos filmes, alguns que eu inclusive conheço de nome, mas que nunca tive paciência pra realmente me sentar e assistir. Ficar na frente da TV é um martírio pra mim, mas acho que as pessoas não sabem disso.
Já pensei em fazer vários programas legais. Tenho um jogo de tabuleiro do Hobbit e sempre fico pensando que seria muito legal se pudéssemos combinar com uns amigos de nos encontrar no Bosque Maia e jogarmos durante uma tarde qualquer. Já quis levar meu video game pra casa de amigos (pois todos sabem q na minha casa é praticamente impossível) pra poder jogar uns jogos multiplayer. Mas na hora de por idéias em prática, eu me acovardo e não ajo. Me falta sempre coragem pra fazer tudo que eu realmente quero. E isso faz de mim uma pessoa meia-boca.
A liberdade que eu conquistei vai aos poucos abrindo suas asas e me deixando viver no mundo. Hoje, sábado, estou viajando para o Rio de Janeiro para a festa de aniversário da Ana Brum. Só volto na segunda, bem de manhãzinha. Avisei praticamente todo mundo. Confesso que estou com medo. Confesso que estou ansiosa. Confesso que provavelmente só sossegue quando por os pés no Rio e ver a Ana lá, no aeroporto, me esperando. Confesso que quero muito abraçar o Brenno e ser abraçada por ele, porque ele me faz bem. Confesso que quero muito ver a Ana Sofia e poder chorar muito, porque minha mãe morreu e por mais que eu lute contra o pensamento de que não tenho o carinho de ninguém, esse sentimento é recorrente e gosta de me atormentar em momentos que me sinto mais frágil.
Amo muito. Mas amo sozinha. E o amor, quando não correspondido, acaba também se tornando meia-boca. Quanto mais penso, mais triste fico. É um ciclo infinito esse o meu, de amar sem ser amada. Queria poder acreditar que um dia isso possa mudar, mas diferente do que aconteceu no caso do Brenno, que é meu amigo há mais de 10 anos e com quem eu tive alguns dos momentos mais felizes da minha vida, tenho a impressão de que a pessoa de agora vai sumir da minha vista quanto mais cedo melhor. Melhor, nesse caso, pra ele. Não importa quanto eu me esforce, nada nunca parece o suficiente pra ele. Pra ele, sou apenas uma pessoa meia-boca. Mesmo que tantos indícios me provem o contrário, ele é a pessoa que eu amo, e isso acaba definindo muito do como me sinto. "Você não consegue superar que gosta de mim", ele disse. Queria eu que isso fosse algo fácil de se superar, sir…
Por fim, queria dizer que, se eu morrer nessa viagem, saibam que o nome do homem que amo é Giorgio. Foi um fato levantado pelo Silver um dia desses, quando falava com ele. "Quando você fala dos seus amigos você sempre fala o nome deles, mas nunca o dele". Não é como se eu ache que algum dia ele vá ler isso de qualquer forma, então, acho que não faz diferença. Mas não pretendo dizer o nome dele de novo por aqui.