sábado, 10 de setembro de 2016

Minhas Primeiras Vezes

Desde que inventei de escrever todo sábado com o marcador "Gaveta" eu já preestabeleci alguns títulos padrão; coisas que eu tinha certeza que cedo ou tarde eu iria falar. A verdade é que eu pensei em usar esses títulos como guias para o que escrever, como escrever, do que escrever, pro caso de eu não saber sobre o que escrever. Bem, verdade seja dita, esse é um dos títulos iniciais,  algo que eu deveria ter escrito já faz tempo, mas que nunca saiu. Tanta coisa aconteceu que ele foi sendo deixado de lado. Mas hoje me pareceu um bom momento pra que eu escrevesse sobre isso. Isso sendo minhas primeiras vezes.
Acredito que toda pessoa já ouviu alguma história sobre seu primeiro dente, sua primeira palavra, a primeira vez que andou, essas coisas que todo pai babão gosta de contar pros seus filhos, por ser uma memória marcante pra eles. Esse também seria um bom título pra um próximo post... mas vamos voltar ao foco principal. Me lembro de quando eu ainda usava o cabelo curto como o de um menino pois havia tido um surto de piolhos na escolinha. E também porque um menino grudou chiclete no meu cabelo. Lembro de quando estava na primeira série e tive uma dor muito forte no ouvido, de como corri até a sala de aula da minha mãe chorando e de como ela me confortou enquanto aquecia meu ouvido pra que a dor diminuísse. Lembro de quando, na segunda série, comecei a usar óculos. E de como meu irmão me empurrou com força na casa da minha avó, ao ponto de eu me lembrar que eu não caí, mas escorreguei por um trecho do chão, quase como um sabonete no chão com água. Lembro que na terceira série fizemos várias excursões, entre elas a primeira vez que fui à bienal do livro na vida. Na quinta série foi a primeira vez que estudei em uma escola onde minha mãe não dava aula. E nos anos seguintes continuei estudando naquela escola, o que era algo incomum pra mim, pois sempre mudávamos de escola com nossa mãe. Lembro da primeira vez que levei um tapa da minha mãe por gostar de um rapaz da minha escola, e de como depois disso fui acusada de ficar usando o telefone para ligações que eu não havia feito, e de como quando ela quis saber quem era o rapaz de quem eu gostava em questão ela disse que ele não era lá grande coisa, e que eu podia escolher algo melhor. Lembro de como prometi que depois daquilo só falaria pra ela que eu gostava de alguém quando conseguisse me ver casada com o rapaz, e como isso só aconteceu uma vez na vida, quando disse pra ela que eu conseguia me ver casada com meu amigo Brenno e como ela disse que já havia sonhado com nós dois casados, "vocês casaram pela internet" ela disse. Lembro de quando gostei de um rapaz por 5 anos seguidos e de como não doeu quando eu desliguei o telefone aquele dia em que ele queria, mais uma vez, que eu dissesse que gosto dele, e eu me recusei dizendo que não havia por que dizer algo que ele já sabia. Lembro de quando meus amigos da escola me fizeram uma festa surpresa. E de quando as pessoas da faculdade fizeram o mesmo quando completei 18 anos. Lembro de quando minha avó morreu. De como meu primo titubeou pra por o terço nas mãos dela e de como minha mãe me disse para fazer aquilo no lugar dele. E de como ele não pestanejou em deixar o terço nas minhas mãos e se afastar. Lembro de como as mãos dela estavam geladas. E de como eu chorei quando terminei de arrumar o terço nas mãos dela. Lembro daquela gentil velhinha que me comparou a meu avô, que eu não conheci mas que amo tanto. Lembro de quando comecei a usar a internet, na época, só de noite ou de fim de semana, só pra fazer trabalhos de escola e ficar no bate papo UOL. Lembro de quando comecei a jogar Ragnarok. Lembro do meu primeiro blog. Lembro da primeira vez que conheci alguém da internet e de como ele foi a primeira pessoa que eu beijei. Lembro do gosto de cereja daquele beijo, e de como eu odeio cerejas, e de como aquele beijo me influenciou a querer esquecer alguém.
Lembro de quando entrei no SENAI e de como um colega disse que meus pais estariam mortos até meus 20 anos. Lembro de como perdi uma amiga por causa de um garoto que me empurrou e de palavras impensadas e inocentes da minha parte, vistas de forma vulgar pelos outros. Lembro de como fui acolhida entre os garotos depois disso. E de como elas queriam que eu pedisse desculpas na frente de todo mundo, sendo que eu recusei já que não achava que estava errada. Lembro de como comecei a ter muito mais amigos homens depois disso e de como eu achava a amizade deles mais sincera do que a das mulheres. Lembro da formatura e de como usei um vestido preto, e de como todos os garotos ficaram me olhando como se nunca tivessem me visto. Lembro de como eu usei minhas habilidades de leitura em inglês pra traduzir, por um tempo, mangás do inglês pro português pra um scanlator chamado Redisu e de como ele me fez conhecer a Aby. Lembro de como viajei pro Rio de Janeiro pela primeira vez de avião com meu irmão e conheci vários amigos virtuais que eu tinha na época. Lembro da segunda vez que fui pro Rio de Janeiro, de ônibus, e de como juntei toda minha coragem pra pedir um beijo pro Brenno. E de como ele me deu selinhos que valeram mais do que qualquer coisa que eu tenha ganhado em toda a minha vida, pois me fizeram ver que mesmo um gesto simples desses, vindo de quem eu realmente gostava, valia mais do que qualquer coisa vinda de um qualquer. Lembro de como me decepcionei e me afastei dele quando ele me disse que ia tentar voltar com a ex. Lembro de como ele me deu apoio pra começar a caminhar pra esquecer. E de como as caminhadas faziam com que eu pensasse e falasse comigo mesma, achando soluções pros meus próprios problemas. E de como em uma dessas caminhadas conheci o Luciano.
Perder a virgindade é ruim, todo mundo sabe disso. Dói. Mas é pior quando além de doer você se sente rejeitada. Ele parou quando eu estava começando a sentir prazer. Segundo ele, ele não gozou. Mas parou mesmo assim. E mandou eu ir me lavar. E quando perguntei se podíamos continuar ele disse que não. Eu entendi quando ele disse que queria me levar de volta, pois meus pais podiam estar preocupados e sentindo minha falta, mas não fez com que eu me sentisse melhor. E lembro de como esse episódio em si desencadeou uma série de fatos frustrantes na minha vida.
Lembro de quando arrumei meu primeiro emprego e de como ele me foi apresentado, "4G". Lembro da primeira vez que pensei que gostava dele, quando ele veio perguntar o que tinha acontecido quando chegamos do cartório, depois de alguns fatos desagradáveis que tinham acontecido. Lembro de quando eu quase caí por estar procurando 50 centavos pra ele comprar um cigarro e ele me segurou, e de como eu pedi desculpas e ele disse que sempre me seguraria, mesmo que estivesse longe. Lembro de quando tentei marcar de sair com ele pela primeira vez e não deu certo, e de como ele quis explicar o porque mesmo eu dizendo q não precisava. Lembro de quando ele veio arrumar o SECAF dele quando estava de férias e de como ele me abraçou enquanto eu estava sentada, de como aquilo me surpreendeu e de como me deixou com o coração acelerado. Lembro de quando eu pedi que ele visse o nascer do sol comigo algum dia. E de quando ele propôs de irmos num mirante que tem em Guarulhos algum dia. Lembro de quando saímos pela primeira vez, do choque que ele levou sem que nem encostássemos direito um no outro, de como comemos uma bandeja de sushi, de como ele comprou incensos e de como eu tirei uma foto dele escondida. Lembro de quando disse pra ele que gosto dele e da conversa que tivemos logo em seguida. Lembro de quando bebemos juntos e ele falou olhando nos meus olhos, ao ponto de eu não lembrar de metade do que ele disse, apenas dele ter dito que uma das minhas qualidades era a temperança e de como eu o incomodo, e de como isso é algo bom, pois não é todo mundo q o incomoda. Lembro de quando perguntei se ele ficaria mais feliz se eu não gostasse mais dele e de como ele respondeu que sim. Lembro do coração dele batendo mais rápido quando eu o abracei no ponto de ônibus aquele dia. E lembro de como chorei abraçada a ele não muito tempo depois de internar minha mãe.

Lembranças. Algumas pessoas podem dizer que o nome desse post está errado, pois ele está repleto de lembranças. Pois se enganam; primeiras vezes são lembranças. Se você não lembra é porque não aconteceu, porque não foi vivido, porque não foi sentido. Você precisa sentir pra saber. Por isso que me lembro. Meu corpo lembra. Meu coração e meu cérebro lembram. Minha alma então, lembra muito mais. Tudo isso é apenas um sinal de que vivemos. Eu podia ter feito muito mais, beijado muito mais, aproveitado muito mais. Mas essa é minha vida, essa sou eu, essas são algumas das lembranças que fazem de mim... eu.

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