sábado, 13 de janeiro de 2018

Problemas e Não Problemas

Tenho uma amiga que me diz que, quando um problema não tem solução, solucionado está. Não significa que não exista algo que nos atormenta, que seria o problema. Significa simplesmente que, se você como pessoa não consegue achar uma solução para aquilo que te atormenta, então , talvez você devesse parar de se atormentar com esse dito problema. Existe uma palavra muito boa para isso, chamada autosabotagem. Eu tenho um relacionamento. Eu tenho um homem que me ama. No entanto eu não consigo fazer ele feliz, é o que eu repito pra mim mesma constantemente, ao ponto de isso ter se tornado algo que me atormenta. Mas posso eu fazer algo para que ele seja mais feliz? A resposta dessa questão depende do ponto de vista de cada um. Meu amigo Gilson me diria que eu devo investir em mais viagens e mais motéis, que se eu satisfazê-lo sexualmente não existirá problema algum. Obviamente o meu amigo Gilson não tem um salário de menos de dois salários mínimos por mês e ele nunca viaja com sua namorada. A desculpa que ele daria seria o trabalho e eu compraria essa desculpa com todo prazer, no entanto o mesmo não se aplica a mim. Então, voltamos ao problema. Como fazer meu homem mais feliz?
Outro amigo perguntou outro dia se eu sou feliz. Eu não soube responder. Às vezes eu me foco tanto em fazer as coisas de uma forma que agradem mais que esqueço de me perguntar se eu estou bem. Aquela pergunta ficou martelando minha cabeça por um dia inteiro, como se não bastasse que eu estivesse angustiada o suficiente com meus próprios fantasmas me atormentando. Eu sou feliz? Então lembrei das várias vezes que eu rio converso e sou, de fato, feliz. Não parece algo que tenha acontecido muito ultimamente, de fato. Mas tudo bem, eu estou de férias e, durante minhas férias, choveu praticamente todo dia, sem excessão. Como eu podia fazer mais? E essa justificativa me pareceu boa o bastante.
O problema aqui, na verdade, não é o problema em si, mas sim como eu estou lidando com o problema. Eu escrevi um textão enorme ontem pro meu homem, pois o problema havia chegado num ponto em que eu não sabia mais como lidar com toda a angustia e aflição que ele estava me causando. O problema que não era um problema, pois não tinha solução até aquele momento. Naquele momento, no entanto, ele passou a ter solução. Ele só se tornou um problema quando eu finalmente criei coragem pra dizer tudo que estava me afligindo e me torturando. Pode não parecer pras pessoas de fora que costumam me ver feliz e contente andando por ai, sorrindo e falante o tempo todo. Mas minha realidade é bem mais melancólica que isso. Expus meus sentimentos, minhas preocupações e todas as coisas que estavam me incomodando já desde o início do ano. Sim, tudo começou com esse ano, a impressão que eu tenho é que assim que o calendário virou pra 2018 uma força maior que eu resolveu brincar com a minha resiliência. Bem, deixe-me dizer que não está sendo divertido. Eu venho dizendo isso desde que minha mãe morreu, não é fácil ser forte o tempo todo. Às vezes eu só quero poder me dar um tempo, um descanso, me permitir chorar. Nessas horas busco refúgio na mesma pessoa que inspirou o título desse post de hoje. Mas existem coisas que só você pode resolver e meu problema, minha angústia, aquelas palavras que me machucavam não iam se curar sozinhas se eu não fizesse alguma coisa.
Então eu fiz. E deu certo. Ele começou a escrever e escreveu bastante e por vários momentos eu fiquei com medo daquela linha, “está digitando”. Pensei que talvez ele fosse ficar bravo comigo por ter dito tantas coisas que, talvez, para ele, não fizessem sentido. Afinal, eram minhas angústias. Eram meus medos. Era meu problema. No entanto ele me mostrou de novo o porquê ele é meu homem, e não outra pessoa. A resposta dele foi calorosa, não de uma forma nervosa, mas sim de uma forma acolhedora. Confesso que algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto quando terminei de ler, mas foi uma sensação boa. Era como se, finalmente, depois de 12 dias de angústia atordoante, uma calmaria se espalhasse ao meu redor, me aquecendo de uma forma gentil.
E depois disso, por alguns momentos, fiquei me perguntando se as coisas não teriam se resolvido antes caso eu tivesse de fato falado com ele sobre tudo aquilo antes. A resposta é que não, pois o trigger tinha que ser ativado de uma forma bem específica para que o problema se tornasse, finalmente, um problema solúvel. Viva as soluções!

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