segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Sete Minutos Depois da Meia Noite

Acho que vou voltar a falar de filmes do cinema, já que Janeiro começou muito bem fornido. Já era de meu conhecimento, e eu esperava ansiosamente, pela estréia desse filme no dia 5. Qual não foi minha surpresa por descobrir que ele não veio para Guarulhos. Pelo menos, não para o Cinemark (Shopping Internacional) nem para o Cinépolis (Shopping Maia). Não sei qual a rede de cinemas do Shopping Bonsucesso nem do Shopping Patio, mas enquanto escrevia este post, dei uma olhada e também não tinha. Mesmo em São Paulo, ele estava em pouquíssimas salas. Leandro encontrou o filme passando no cinema do Frei Caneca e marcamos o dia e o horário para assisti-lo. Ir até o Frei Caneca leva um bom tempo, mais ou menos uma hora e meia. Eu acordei tarde, com o despertador que já tinha colocado à propósito para dar tempo de tomar banho, pegar o ônibus, pegar o metrô e descer a Frei Caneca até o Shopping. Aqui, vale lembrar que a rede de cinemas do Frei Caneca não aceita a bandeira Elo e que foi nesse momento que dei graças a Deus por ter pego um pouco de dinheiro antes de sair de casa. O Leandro acabou pagando a pipoca e os refrigerantes. Então nos sentamos e esperamos o pouco tempo até a sessão começar. Até aqui, só falei das dificuldades que encontrei no caminho de ida.
Agora, vamos falar do filme. O nome em inglês é A Monster Calls. Na tradução literal, ficaria "o chamado do monstro" ou "o monstro chama", não sei ao certo. De qualquer forma, não existem tantos personagens assim, e aproveito desse fato para expor cada um deles, de acordo com a sua importância para a história na minha visão. Comecemos com o menino, Con, que está passando por vários problemas tendo que se cuidar praticamente sozinho, esperando por uma cura milagrosa e lutando contra um pesadelo que o atormenta todas as noites. É aqui que entra nosso monstro, e aqui vale lembrar que sua proposta inicial é "lhe contarei três histórias, a quarta você me contará, e será sua verdade". Frases profundas têm aos montes nesse filme, mas vou entrar nesse ponto na próxima parte. Ele diz que veio curar alguém, e aqui entra nossa terceira personagem, a mãe de Connor, Lizzy se não me falha a memória, que está doente e fazendo vários tratamentos tentando combater essa doença. Temos também a avó rigorosa de Con, seu pai ausente e o garoto de quem ele apanha na escola. Óbvio que existem mais alguns personagens mas estes são os de destaque, que se envolvem de alguma forma na trama principal. Agora que temos os personagens, devo mudar de parágrafo, pois o que vou lhes contar à seguir terá spoilers do filme, logo se você não quer saber, pule para o parágrafo seguinte.
A mãe de Connor tem câncer. É óbvio pelas características da doença e pelo cabelo curto e caindo que ela apresenta bem no início do filme. A atriz que interpreta Lizzy é ninguém mais, ninguém menos que a garota de Rogue One e apesar de seu papel não ser o principal do filme ela tem uma carga muito importante não só no filme mas também na vida do nosso personagem principal. A  avó dele é interpretada por Sigourney Weaver, que faz um ótimo trabalho em se mostrar uma pessoa forte e fria na frente do menino enquanto se angustiava e se atormentava com a situação da própria filha. O pai ausente era o mesmo ator que fez o irmão de Ben Hur e foi importante que ele aparecesse para dar a Con a ilusão de que ele poderia ter outro lugar para ficar ao invés da casa da avó, o que não era verdade devido à situação em que o pai dele vivia nos Estados Unidos. Eu gostaria de falar nesse momento do garoto que bate no Con na escola, pois algo nele me incomodou profundamente. Toda vez que o garoto olhava para trás, Con estava olhando para ele, é o que ele argumentava, mas para nós que estamos vendo de fora fica bastante nítido que Con só olha para ele porque ele está olhando para trás, diretamente para ele. Reza a lenda que se alguém te encarar olhando diretamente nos seus olhos que você acabará olhando para essa pessoa e fará o contato visual. Podem fazer o teste e tirar suas próprias conclusões. Aqui entra nosso monstro e suas três histórias, cada uma delas tendo um final inesperado para Connor, o que faz com que ele se revolte por vários motivos. O monstro cobra dele a verdade e a racionalidade, deixando claro na reta final do filme que quem realmente precisava de salvação era o próprio Connor, pois sua mãe não tinha salvação. Inclusive, a quarta história é cobrada do menino no momento exatamente seguinte a ele ter ouvido da mãe que não existe próximo tratamento, quando fica claro que não existe salvação para Lizzy. Connor se revolta e de desespera ao ponto de querer desistir de sua vida, e então você vê que quem realmente precisava de salvação era Connor, desde o início.
Agora vamos filosofar um pouco sobre o monstro, pois foi algo que fiz com dois dos meus amigos para quem contei sobre o filme. A voz do monstro é do ator Liam Neeson. No início do filme você fica sabendo que o pai da Lizzy já morreu e que ela adoraria que Connor o conhecesse. Na casa da vó dele, por duas vezes aparecem retratos e, caso você preste atenção, verá que em um deles está ninguém mais, ninguém menos que o próprio Liam Neeson, segurando uma menina no colo. No final do filme, quando Connor está folheando um caderno de desenhos da mãe dele, ele encontra desenhos relacionados à duas das três histórias que o monstro contou para Connor e, ainda, uma em que existe uma garotinha sentada no ombro do monstro. Me perguntaram se o monstro era real, quando eu assisti o filme com o Leandro até cogitamos a possibilidade de Connor estar tomando algum dos remédios da mãe e o monstro ser apenas uma alucinação causada pelo uso de tais remédios. Também houve a hipótese do monstro ser a imaginação do próprio menino, já que ele praticamente espelhava o menino em muitos momentos do filme. Eu particularmente gosto de pensar que o monstro era o espírito do pai de Lizzy. Tomo como prova o retrato, os desenhos no caderno e a gentileza do monstro para com o menino, apesar que nesse ponto algumas pessoas podem discordar e dizer que não viram gentileza. Se não viram, assistam de novo e procurem, ela está lá. Que pai não conta histórias para sua criança antes dela dormir?
No fundo no fundo, não importa quem ou o que o monstro é. Nem o desfecho de cada personagem. O filme me fez chorar o tempo todo, ao ponto do Leandro ter feito carinho na minha cabeça para me consolar. Apesar do personagem principal ser apenas um menino, não pensem que é um filme infantil. Claro, você pode levar seus filhos para ver, mas é um filme mais profundo, algumas crianças podem sair do filme sem entender muita coisa, pois várias coisas se resolvem de forma velada, sem serem ditas em voz alta. Valeu cada centavo e cada minuto do meu tempo.

Um comentário:

  1. Excelente post, obrigado, amei muito. Este livro conta uma história extraordinária, por isso quando soube que estrearia o filme A Monster Calls soube que devia vê-la. Parece surpreendente que esta história tenha sido real, considero que outro fator que fez deste um grande filme foi a atuação do Lewis MacDougall, seu talento é impressionante.

    ResponderExcluir