sábado, 21 de janeiro de 2017

Quem fere com ferro...

...com ferro será ferido. O mundo dá voltas. Lei do Karma. Existem vários ditados para essa situação. A verdade é que estava decidida a escrever sobre outro tema aqui, até chegar em casa e receber do Silver a ideia de escrever sobre "ele". Não, não é o Giorgio. E é exatamente por não ser sobre a pessoa de sempre que a ideia me pareceu tão apetitosa. Mas por que fazer rodeios se posso simplesmente lhes contar como o mundo pode ser cruel, mesmo quando você não cobra que ele seja?
Muitas pessoas, quando traídas, abandonadas ou quando passam por um relacionamento que lhes é ruim acham comum desejar o mal para a outra pessoa. Não é meu caso. Inclusive já disse para algumas pessoas que passaram pela minha vida que eu sabia que seria apenas um caminho para algo melhor. Não era o caso dele. Eu realmente queria ele ao meu lado. Foi uma das pessoas com quem consegui me imaginar casada, ao ponto de me imaginar trabalhando para sustentá-lo, pois ele é desses. Como meu irmão se refere a ele, nem-nem, nem estuda, nem trabalha. Não posso discutir com meu irmão pois já perdi a conta de quantas pessoas já tentaram convencê-lo a voltar a estudar e ele ignora esses conselhos terminantemente. É como se ele mesmo se boicotasse para que sua vida não dê certo. Mas verdade seja dita, as pessoas ao nosso redor vêem apenas a parte que permitimos que elas vejam de nós, e eu não sei até que ponto ele é ou foi honesto comigo. Gosto de acreditar que ele é pois vira e mexe ele vem me contar alguma história que, segundo ele, é algo ruim da vida dele e eu fico ouvindo (ou lendo já que nosso contato ultimamente é mais pelo Whatsapp) e pensando que já ouvi essa história. Quando menciono isso ele se surpreende. Você me conta muitas coisas querido, mas vc mesmo não percebe a importância que me deu em sua vida. É uma pena, mas é como você é. Mas estou dando muitas voltas, vamos à história.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que ele é uns 10 anos mais novo que eu mas que, por eu já ter 30 anos, isso significa que ambos somos responsáveis por nossos atos. Nos conhecemos jogando league of legends e ele me fazia sentir muito bem quando falava algo bom sobre minhas jogadas pra tentar salvar o time. Vida de suporte, nada de novidade até aí, mas ser reconhecido nesse papel é raro, logo fico feliz quando o fazem. Eu gostava dele e começamos a ter algo que, ao mesmo tempo, não era nada. Minha característica de ser grudenta fazia com que eu quisesse estar perto dele o tempo todo mas, ao mesmo tempo, ele era uma pessoa cheia de amigos, logo era difícil ficar perto dele e só dele. Acho que ele nunca entendeu o quanto isso me machucava. Eu chorava e ele ria por eu estar chorando porque, segundo ele, não tinha motivo para o choro. Ainda assim eu sofria e chorava. Com o tempo o apresentei a uma amiga que também jogava. Ela era uma fofa e ele concordou comigo. Concordou a tal ponto que começou a exaltar essa qualidade nela toda vez que ela estava conosco no skype. E isso começou a me provocar ciúmes. Eu, que já chorava por me sentir deixada de lado comecei a me sentir pior ainda, apesar dela ser uma criança pela sua idade a diferença de idade entre eles era menor, isso era o suficiente para justificar meu ciúme na minha cabeça, mas mesmo quando disse isso pra ele, ele novamente riu. "Ela é uma criança", ele dizia. Uma criança, é bem verdade. Ele não me dizia que queria terminar mesmo vendo que eu estava sofrendo. E também não mudava seu comportamento em nada. Em certo ponto pensei se ele tinha algum prazer em fazer isso comigo. Foi quando recebi uma conversa que me foi passada pela criança que me decidi a me afastar dele de qualquer forma. Segundo a conversa ele tinha se cansado de mim. Ainda assim, mesmo tendo dito isso pra ela, ele não me largava. Naquele ano, no dia 31, na virada de ano, me despedi dele e disse que não voltaria a falar com ele. A verdade é que isso durou apenas dois meses, e ele voltou a falar comigo.
Desde então, nossa vida é assim mesmo, ele vem e vai quando bem entende. Vem e me conta sobre as novas pessoas q entraram na vida dele, às vezes até me apresenta pessoas legais que se preocupam com ele tanto quanto eu me preocupo, tanto quanto já me preocupei. Mas a verdade é que me surpreendeu na última vez em que ele voltou, pois seu discurso era outro. Ele se apaixonou pela criança. E a criança, agora, diz que ainda é uma criança e que não podem ficar juntos, mas que quer casar com ele no futuro. E ele, na inocência e na cegueira do amor dele, acredita nela. Está sempre do lado dela quando ela precisa. Está sempre se preocupando com ela, cuidando dela, zelando pelo bem dela, enquanto ela, por outro lado, só pensa nela mesma e em como ela quer ser feliz. Não importa para ela a felicidade dele nesse momento. Na verdade, não importa para ela a felicidade de ninguém além dela mesma, e com essa atitude ela faz sofrer todas as pessoas ao seu redor. Mas ela é uma "criança", então todos afagam sua cabeça e a perdoam por ser o tipinho de pessoa que ela é. Eu sinto raiva, por mais que tenha sofrido com ele ver alguém de quem eu já gostei penando me dói também, mas não adianta o que eu diga, ele está cego. O amor é assim, te deixa cego e você se recusa a ver o que está na sua frente. Às vezes você até vê mas releva, pois quer estar perto do seu ser amado. Nem eu posso culpá-lo, pois eu mesma já fiz muito isso. Ainda assim dói.
Não sou uma pessoa que costuma pensar "vou brigar com aquela pessoa". De fato, nunca havia tido esse pensamento. Até o fatídico dia em que eu estava brava e queria brigar especificamente com ele. "Você é pior que uma garota de 12 anos", ele me disse certo dia, nessa última vez que voltou pra minha vida. Eu não acho que seja. No dia em que briguei com ele perguntei o porque ele achava aquilo e ele, como sempre, me enrolou. Uma das coisas que ele sempre faz, desde que o conheço, é evitar tentar me explicar o que ele pensa, o que ele sente, pois segundo ele eu não entenderia nem que ele me explicasse. Mesmo sabendo disso eu cobrei uma explicação, pois sabia que ele não me daria uma, e isso romperia o laço. Foi dito e feito. Ele deu a desculpa de que quem disse a tal frase havia sido a mãe dele e argumentei que, se ele tinha concordado com ela, algum motivo tinha, alguma comparação havia sido feita e eu queria saber que comparação era essa. Ele se esquivou como sempre faz e eu não tive dó em por meu coração pra fora. Naquele dia pela primeira vez, deletei e bloqueei ele de todos os lugares que pude me lembrar. Mas esqueci de um fio de ligação: a mãe dele.

Ela é um doce, a mãe dele. No natal e no ano novo, por vários dias ela conversou comigo. E um dia ele falou comigo pelo whatsapp da mãe dele. Me mandou o link de uma música, Dark on me. Ele sempre teve o dom de achar músicas que falam diretamente sobre nós e nossas situações, e isso me irrita. Por vários dias relutei de ouvir a música. Sabia que tipo de armadilha era e, ainda assim, ouvi. Ainda resisti mais alguns dias. Até ver o trailer de sete minutos depois da meia noite. Aquele menino é a cara dele. Foi quando voltei a falar com ele. E aqui estamos. A única pessoa de nós que tem que ser forte sou eu e sei disso, pois dele não será cobrado nada. De mim ninguém cobrará nada também, mas existe minha própria cobrança. Não existe pessoa no mundo mais cruel comigo do que eu mesma. Sei e tenho consciência disso. Mas nesse exato momento, onde tudo que vejo é escuridão ao meu redor, esqueço que eu sou a luz. Eu tenho que ser forte por mim e pelos outros. Nesse exato momento, penso que tudo que posso fazer é isso mesmo, ser forte. O monstro está dentro de mim. Mas isso, meus caros, é uma outra história. Até semana que vem.

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