sábado, 10 de março de 2018

Relações Humanas

Ontem, sexta-feira, fui ao cinema com meu irmão assistir o filme do Pantera Negra. Foi um filme muito bonito se você pensar que era um filme sobre um super herói. Eles exploraram as relações do personagem de forma muito, muito satisfatória. Tão satisfatória que, pra mim, que perdi minha mãe, houve um momento bem pontual do filme que eu não consegui não chorar. E meu irmão ainda deu uns tapinhas no meu ombro. É, eu sei irmão, está difícil pra todo mundo. E como eu costumo dizer pra todo mundo, é difícil ser forte o tempo todo.
Ser forte ou aparentar ser forte, tanto faz no final das contas qual caminho você escolher, as pessoas vão te ver como alguém independente e que não precisa de ajuda. Ou de nada, pra ser mais exato. Então às vezes você tem que pedir. Eu descobri nessas últimas semanas, no entanto, que dependendo de como você pede, existem vários tipos de interpretação. Se quer ser entendido plenamente, você tem que se fazer entender de forma clara e objetiva, ou seus pedidos vão se misturar com todas as outras coisas que o ouvinte também tem que lidar. Pois sim, nós, interlocutores, temos problemas. Nossos ouvintes também têm problemas. Uma pessoa aleatória que passa por você na rua também deve ter problemas que você nem imagina, nem quer imaginar. O ponto crucial aqui, pra mim, seria a empatia. Fizemos uma brincadeira outro dia, eu e ele, de que eu me colocaria no lugar dele e ele no meu. Eu tinha que imaginar como ele se sente quando eu estou desanimada. Bem, que posso dizer de nosso pequeno experimento? Doeu. Empatia é uma coisa poderosa e perigosa. Lembrei do que minha psicóloga disse uma vez, sobre eu ter uma empatia muito grande e esperar das outras pessoas essa mesma empatia, e que as outras pessoas não se preocupam tanto com isso, logo q eu tinha que pedir. Sempre voltamos ao pedir. Então, quando percebi como é difícil pra ele também, doeu bastante. Eu não queria ser tão difícil de lidar. Eu não queria que as situações que ele tem que passar fossem tão difíceis de lidar. Mas as realidades nos cobram, e como ele tem feito questão de me lembrar bastante durante os últimos dias, não somos mais namorados. O que não muda alguns fatos, mas muda outros. É difícil saber como lidar com as coisas nesse momento. Então resolvi ser objetiva. E conversamos. E, pelo que me pareceu, nos entendemos. A questão agora é manter a objetividade. O exercício agora é exatamente ser objetiva e conseguir pedir o que quero com sucesso. O problema vai ser lidar com as pessoas ao redor, pois elas também cobram.
Eu trabalho num lugar onde entrevisto pessoas em dois dos sete dias da semana. Eu lido com as pessoas do meu trabalho durante os outros três dias úteis da semana. Lido com meus amigos online, com meu pai e com meu irmão todos os dias. Para cada pessoa eu tento ter uma abordagem diferente, pois preciso saber como lidar com cada uma dessas pessoas pra conseguir o que preciso. Para um entrevistado é fácil, eu só preciso conseguir as informações e deixá-lo em paz pelos próximos três meses. Com as pessoas do meu trabalho, no entanto, já complica um nível, pois existe uma convivência que, por mais que você tente manter de forma pacífica, tem seus altos e baixos. Como ter que ficar numa sala com outras duas pessoas que, enquanto você está lá, ficam trocando mensagens por whatsapp para não ter que falar na sua presença. Ou colegas que somem com sua caixinha de bolos de caneca e sucos em pó, sem nem deixar rastro. Ou ainda aquela pessoa que reclama do cachorro quente não ter ketchup, sendo que todos os ingredientes que foram trazidos estavam bem na vista, em cima da pia, pra qualquer um que quisesse ver e colaborar com alguma coisa. Então, passamos para aquelas pessoas que você vai conviver, pessoalmente, todos os dias por serem sua família. E você tem que saber como eles estão se sentindo, logo você pergunta, pois se você não pergunta, um deles não te diz nada. E você cuida deles da melhor forma possível. E se pergunta se não te mais que você poderia fazer. E você começa a querer que sua família aumente, sem ter os recursos para que isso aconteça. E você procura ser uma boa pessoa. E você falha as vezes, pois somos seres humanos e estamos suscetíveis às mudanças ao nosso redor. Não é possível se ser feliz o tempo todo, mas a gente tenta mesmo assim. E quando não conseguimos ficar felizes tentamos buscar uma pessoa que nos faça felizes. Só que às vezes essa pessoa não consegue nos fazer felizes da forma como gostaríamos. Isso é porque, como também dizia minha psicóloga, nós somos mais responsáveis por nossa felicidade que qualquer outra pessoa. Eu tenho que aceitar que não posso carregar a felicidade de todas essas pessoas nas costas sozinha o tempo todo, mas também tenho que lembrar de pedir. E tenho que saber como pedir. Hoje era um dia que eu bem queria poder ficar quieta na minha cama sem incomodar ninguém. Tem dias que são assim. Mas minha carência me faz sair e buscar por atenção. Qualquer atenção. Uma atenção em especial. Ficar sozinho, pra mim, neste momento, é triste. Quero companhia.

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