sábado, 18 de março de 2017

Mais Uma Vez, Adeus

Verdade seja dita, apesar de eu querer muito escrever algo pra hoje, eu relutei muito de aceitar o que tinha que ser escrito. Dói, machuca e com certeza eu vou pagar por isso mais tarde, mas no fim das contas, não consegui pensar em nada melhor. É como se o mundo estivesse num complô para me fazer escrever sobre ele. Eu lutei enquanto pude, mas já que minha criatividade não foi tão forte quanto o mundo, eu me dobrarei à sua vontade.
Sábado passado eu estava com muita raiva dele. Ainda assim, quando ele disse que tinha que devolver minhas coisas, aceitei encontrá-lo. Era pra ser na hora do almoço então acreditei que ele só viria, me entregaria o que quer que ele tivesse que devolver e iria embora. Pra mim funcionava então, mesmo com fome, tomei banho e me encaminhei, andando, debaixo daquele sol de rachar, até o terminal rodoviário de Guarulhos. Cheguei lá e esperei até receber uma mensagem dele, pouco antes das uma da tarde, dizendo que ele sairia de casa às uma e meia. Voltei pra casa praguejando, ele até perguntou se eu já estava na rua a tentação de dizer que eu já estava lá esperando ele foi muita, mas só respondi com um sim. Ele se justificou dizendo que um amigo que ele não via há muito tempo tinha aparecido, mas não precisava, o mal já estava feito. Fui pra casa, dessa vez de ônibus, comi um pouco de arroz que esquentei no microondas com um ovo que fritei na hora, tomei outro banho e peguei outro ônibus pra voltar pro terminal. E voltei a esperar. Ele chegou, comprou a passagem e perguntou se eu já tinha comido, dizendo q estava com fome. Claro que eu não estava, mas também não ia deixar ele lá, fomos até a lanchonete da rodoviária e ele pediu alguns salgados e um refrigerante. Fomos para a mesa e ele disse "vamos discutir a relação". Isso era algo que ele não dizia há muito tempo, e eu externei esse pensamento. Conversamos durante um tempo, expliquei pra ele como tinha ficado com raiva dele ter furado comigo na quarta da massagem mas como também entendia o lado dele. No fim das contas, contatamos o Jonas e resolvemos ir encontrá-lo. Último encontro dos parceiros de copo. Bebemos um pouco e resolvemos ir embora quando o Jonas mencionou nosso lugar favorito, o vinho. Lá eu já comecei a ficar chorosa, não tinha muito como fugir, eu acho. Bebemos, comemos pizza e nos separamos. Acompanhei ele até um dos pontos da Tiradentes, onde o ônibus que ele precisava pegar parava. E ali, conversamos. E ele foi muito gentil, tiramos uma foto juntos, ele me abraçou, segurou minhas mãos e deixou q eu chorasse. E eu chorei muito, muito mesmo. Pedi desculpas por não ter conseguido parar de gostar dele e falei sobre como, apesar de uma parte de mim acreditar nele quando ele diz q vai voltar, outra parte não acredita. "Você tem que me dar a chance de te provar que está errada". Sim, eu tenho. Mas o ônibus dele passou, ele teve que ir e, antes de entrar no ônibus, falou de nos vermos no domingo, pois a viagem dele era só a noite.
Era domingo então, mas ele não entrou em contato comigo em nenhum momento, logo resolvi falar com ele pelo facebook mesmo. E confessei como eu tinha vontade de me despedir dele com um selinho. Essa simples confissão desencadeou uma longa e triste conversa que conseguiu matar todas as boas memórias do sábado. Palavras duras foram ditas e eu entrei em choque. "Se eu soubesse da intenção, não teria tido ontem". Mas eu não fui lá com a intenção, foi uma vontade que veio e que passou e que eu quis dizer. Eu não fiz nada de fato, nem tentei. Ter que ler tudo aquilo foi massacrante. Mas o que te mata a alegria não te mata o corpo. Na segunda eu só levantei às 2 da tarde, pois tinha que ir trabalhar em algum momento. Na terça, me atrasei pra tudo que eu tinha que fazer, psicóloga inclusa, pois também tive dificuldades em levantar da cama. Saí da psicóloga me sentindo um pouco melhor e até consegui sentir um pouco de fome. Fui num McDonalds e pedi um lanche que tem me encantado faz algum tempo, o CBO. Escolhi um lugar mais vazio e comecei a comer. No entanto, o gosto do lanche não parecia o mesmo. Pra piorar, um casal sentou duas mesas pra frente de mim, virados de frente pra mim, e depois de se acomodarem, começaram a se beijar. Tive que trocar de lugar e, mesmo assim, a pouca fome q tinha me surgido virou enjôo. Quase não consegui terminar de comer toda a comida. Na quarta, agradeci imensamente aos céus por haver a paralisação de ônibus de manhã, pois isso me permitiu ficar na cama até um pouco mais tarde do que eu normalmente fico. A vontade real era a de nem ir, mas achei q ficar em casa seria pior. Então veio quinta e, pela primeira vez em vários dias, eu senti fome de verdade. Me distrai ouvindo vários vídeos de treinamento, voltei do trabalho conversando com minha nova colega de trabalho que me aconselhou a acreditar no meu lado que diz que nunca mais vou vê-lo na vida. Cheguei em casa e resolvi colocar minhas fotos no Google pra poder liberar um pouco de espaço e vi uma foto da minha mãe. Comecei a chorar copiosamente. E como se não fosse suficiente, ele reagiu a um post meu no facebook, o que me deixou atordoada. Sexta passou quase como um dia normal, não fosse pelo Jonas ter mandado uma mensagem perguntando "E aí Lu tudo bem?", o que desencadeou um eu choroso e autodefensivo. "Eu não fiz nada", me defendi, e me contive pra não começar a chorar ali mesmo, no meio da agência. Literalmente, porque minha mesa fica praticamente no meio da sala. Eu queria dizer que foi difícil mas a verdade é que está sendo difícil. É sempre mais doloroso quando a pessoa se torna importante pra gente, que era o caso dele. Acho que é ainda mais doloroso que as boas lembranças que tenho dele tenham sido levadas pra longe e que, no momento, mesmo que eu lembre dos momentos legais que tivemos no sábado passado, o peso do domingo me esmague. Não tem melhor forma de se colocar isso. Estou sendo esmagada pelos meus próprios sentimentos. E não consigo pensar em como sair disso. No momento, tenho que me recompor, como na vez em que caí e ralei o joelho depois de beber. Tenho que cair, mas cair de forma que não me machuque. Já que o machucado já está ali, já foi identificado, não tem nada que possamos fazer. Além de levantar. Mas eu estou num estado de embriaguez, não é só levantar e sair andando, posso acabar caindo de novo e me machucando mais. O ideal no momento é fazer como naquele dia, sentar no chão e aceitar o que aconteceu. Tenho que passar pelo inferno para, quando tiver confiança de novo, poder levantar. Com a certeza de que, se levantar, não vou cair de novo. Pelo menos não pelo mesmo motivo. Sei que uma parte de mim ainda está sentindo falta dele e tenho certeza que vai continuar assim por um tempo, e essa é a parte de mim que eu relacionaria com o estado de embriaguez. Tanto esse estado quanto o machucado estão ali, só depende de mim levantar. Eles vão continuar ali e eu não posso ficar sentada no chão até amanhã, esperando a embriaguez passar nem o machucado cicatrizar. Ainda assim, me permitam ficar sentada mais um pouco. Eu não tenho as forças que preciso pra me levantar e me manter de pé.

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