quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Desafio dos 30 Dias - Muito Tempo Longe

Quando falamos em muito tempo longe, podemos pensar apenas em um tempo longo. No caso de hoje, vou escrever sobre um tempo que pode não parecer tão longo, mas que com certeza é longe. Longe de quem a gente ama.

O que é muito tempo pra você? Dez anos? Um ano? Um mês? Um dia? Dependendo de quem for, até mesmo algumas horas podem parecer uma eternidade. É assim que me sinto quando penso na minha mãe. Algumas horas era totalmente suportável. Três anos parece uma eternidade.
Algumas perdas você aceita. Quando você viveu tanto quanto eu, você aceita que algumas pessoas vão passar pela sua vida e servir de ponte para algo melhor. Elas vão te lapidar, e você vai estar melhor preparado para uma pessoa que apareça no seu futuro. Outras pessoas vão passar na sua vida para serem lapidadas. É bom ter noção que algumas pessoas, por mais bem quistas que sejam, uma hora ou outra vão te abandonar. Se a realidade é essa, você pode desistir delas. Pode preferir não se envolver. Ou pode mergulhar e se arriscar.
Eu sou o tipo de pessoa que mergulho. Perdi pessoas no decorrer dos anos que dava por garatidas pelo resto da vida e que descobri, da pior forma, que não era bem assim. Perdi pessoas de uma forma que nunca mais vou revê-las nessa vida, e isso dói. Dói demais saber que você já amou alguém ao ponto de desistir de sua própria vida por ela. E descobrir, quando a perdeu, que existem outras coisas no mundo que vão te ajudar a seguir adiante. 
A vida me tirou minha avó, a única de que eu tenho lembranças. Doeu. Ela também me tirou minha mãe, por quem eu já tinha decidido desistir de tudo para viver por ela. As pessoas não fazem ideia da dificuldade que é tomar essa decisão. Eu perdi amores que não eram amores. Perdi amores que acreditava serem para sempre num piscar de olhos, sem motivo real ou aparente para acontecer. Perdi amigos que acreditava se importarem comigo.
Mas também ganhei. Ganhei força e resistência. Ganhei cicatrizes. Ganhei dor. Ganhei um punhado de poucas pessoas com quem realmente posso contar quando preciso. Ganhei um ombro onde posso chorar o quanto preciso até me sentir melhor. Melhor o suficiente para ir em uma festa de casamento, preparada para terminar um relacionamento e não chorar para não estragar a comemoração dos noivos. Ganhei pessoas que eu vou acreditar até o último dia da minha vida que são maravilhosas, mesmo que não as veja tanto quanto gostaria.
Tenho certeza que meia dúzia de pessoas que lessem isso se reconheceriam nessas linhas. Tenho também certeza absoluta que, dessa meia dúzia de pessoas, nenhuma leria. Tenho certeza que, se fosse uma pessoa normal, já teria desistido de muita gente. Ainda assim, sou eu. E eu não costumo desistir dos outros se os outros não me fazem acreditar que não há esperança. Talvez outras pessoas leiam essa parte e achem injusto, mas é a realidade. Estou cansada de ser a única pessoa que corre atrás. Num mundo onde todos estão ocupados demais com suas vidas, eu ainda tento colocar um pouco de alegria na vida dos outros, não só na minha.

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