sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Desafio dos 30 Dias - Médico Rato

Agora, para a história de hoje... O que? Vocês acharam que eu ia pular? Eu poderia, mas o tema é interessante e já tenho uma pessoa em mente. Vamos começar!

Quando era mais novo, ele gostava de uma menina que eu conhecia e odiava. Gostou dela por dois anos ou mais, quando finalmente teve uma chance. Um mês depois, terminaram. Lembro de ter pensado na importância que ela tinha na vida dele. Dois anos se foram por água abaixo após um mero mês de namoro. Não era amor, era uma paixonite. A garota era importante pra ele, mas perdeu a importância quando finalmente se tornou algo mais. Às vezes se tornar algo mais para os outros é um problema.
Não muito tempo depois soube que sua mãe estava com câncer e que era incurável. Minha avó também tinha morrido de câncer e eu também já tinha perdido minha mãe quando a dele faleceu, mas não pude dar nenhum tipo de apoio ou conforto para ele. Não nos falávamos muito na época. Mas soube que ele passou a morar com a avó. Motivos familiares que não cabem aqui, pois seria doloroso e revoltante de mencionar. Mas sei que ele mergulhou de cabeça nos estudos. Seu sonho era ser médico.
Vez ou outra combinava com ele de assistir algum anime juntos. Era bom, pois ele não desistia no meio do caminho. Muito pelo contrário, ele avançava até onde eu tinha parado e, de lá, continuávamos juntos. Ele, mesmo estudando, se esforçava da forma dele, e isso era bom. Mas ele estudava demais. Estudava e estudava, sem parar. Comecei a me preocupar dele se tornar uma daquelas pessoas bitoladas com algo ao ponto de esquecer da vida. Era algo que eu admirava mas que ao mesmo tempo me assustava. Eu nunca tinha conseguido ser uma dessas pessoas totalmente dedicadas a uma única coisa. Se teve algo assim na minha vida, se perdeu. Várias e várias vezes. Mas não é de mim que estamos falando!
Queria ser médico. Brincávamos que ele era a pessoa perfeita para ser médico, pois não se importava muito com ninguém, não se apegava muito a coisa alguma. Características ideais para médicos. No meu trabalho conheci um médico que, para mim, é o espelho de como ele vai ser. Um médico eficiente nas medicações e nos tratamentos, mas que não olha muito pra cara do paciente, pelo simples fato de tudo que ele precisa estar ali, escrito na ficha de atendimento. E por conta disso, ele vai ouvir muitas reclamações do tipo "ele nem olhou na minha cara". Torço pra que ele não tenha também a característica de tratar mal os idosos. Não é que o médico que conheço faça isso, mas as pessoas mais idosas, em especial, reclamam do tratamento recebido por ele. Talvez um pouco por idosos terem uma necessidade maior de atenção. Pessoas doentes em geral precisam de atenção. Então, meu amigo, se estiver lendo, quero que saiba que você tem um grande futuro pela frente e que eu torço muito pelo seu sucesso. Quero muito que se torne médico. Dos bons. E que se os pacientes tiverem que reclamar de você, que seja, também, de você não olhar na cara deles, e não de você ter errado a medicação. Que você tenha um futuro brilhante e que seja feliz. E que eu possa ainda ser sua amiga pra ver tudo isso acontecendo. Digo isso pois sei como é difícil manter contato com os outros quando começamos a trabalhar. Tenho medo de quando todos os meus amigos estiverem trabalhando, pois sinto que vou perder uma boa porção da minha felicidade, mas espero que cada um, à sua maneira, também encontre algo que te mova e que te traga felicidade. Eu, também, vou começar uma busca por algo que me faça feliz de verdade.

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