sábado, 24 de fevereiro de 2018

Aquilo que nos Separa

Parece que o que eu mais falo aqui é sobre amor. Sobre meus objetos de afeto e como nossos relacionamentos se desenvolvem. Então quando chega o momento da separação, é difícil. Eu me sinto sozinha, perdida, abandonada. Nos últimos meses eu estive em um relacionamento com um garoto de 17 anos que completou 18 em Janeiro. O normal é se imaginar que as coisas melhorariam, que nosso relacionamento se desenvolveria de forma mais agradável para ambos os lados. Não foi o que aconteceu e, no domingo, dia 18, sem nem se dar ao trabalho de me chamar pra conversar em uma call do discord, nem me chamar pra nos vermos pessoalmente, apenas com uma mensagem, ele me disse aquilo que haviam meses eu estava com medo de ouvir: “eu nunca achei que diria isso, mas vamos terminar”.
Desde Janeiro eu estava com dores na barriga. Primeiro pensei que fosse apenas o estômago, já que comecei o ano vomitando tudo e mais um pouco. Depois comecei a culpar os gases. Dentro de mim uma voz dizia que não era nada disso, mas eu relutava em aceitar, no entanto, assim que ele disse, a dor passou. Era nervoso. Então, naquele mesmo dia, tínhamos que jogar RPG, então chorei tudo que podia pra que, na hora, não chorasse. A tentativa foi boa, mas eu mesma coloquei uma armadilha em meu caminho. Minha alma no RPG conseguiu completar sua missão ‘póstuma’, então minha personagem disse que, contanto que ela não a abandonasse como sua última alma, que tudo bem. Então meu mestre de RPG fez o favor de fazer ela reforçar seu juramento, que ela estaria ao meu lado até que ela morresse ou até o fim de minha jornada. E por um segundo eu lembrei de todo o futuro que planejei com ele, um futuro que agora sei que nunca vai chegar. O carnaval realmente destrói casais, mas eu não imaginei que iria me destruir também.
Ele é jovem, eu digo. Jovens mudam, eu digo. Ele disse que não me ama mais como amava no início e eu entendo. Entender não muda o fato de que dói. Ele ficou vários dias na casa do melhor amigo dele e, pouco a pouco, percebi que eu não tenho importância nenhuma na vida dele. Passei três ou quatro dias tentando entrar em contato com ele, mas ele me evitava. Suas respostas eram curtas e sem tentativa de continuar uma conversa. Tudo que ele fazia, também, era pra se manter longe. Eu perguntava o que ele estava fazendo e as respostas sempre vinham em forma de “vendo série” ou “ouvindo música”. No entanto, depois de vários dias sem me falar nada, naquela noite que ele pediu pra terminar ele me disse boa noite antes de ir dormir.
Boa noite Hakion.
Meu amigo Silver disse que não coloca fé no término mas eu disse que, dessa vez, eu não acho que voltaria com ele se ele não criar um pouco de maturidade e responsabilidade primeiro. Ele gosta de dizer que é um espírito livre, mas ainda depende dos outros pra tudo. Eu sei o que é ser um espírito livre nesses termos. Ele diz que quer ganhar dinheiro mas, mesmo quando estávamos juntos, era sempre com intuito de jogar. Quando paro pra pensar, ele nunca fez planos pra gastar dinheiro comigo. A última prestação da última viagem que fizemos venceu esse mês e eu fiquei lembrando de como era bom ficar com ele, de como eu gosto de estar com ele. Mas ele não me ama. E eu me pego pensando que queria estar com ele. E me pego pensando que gostaria de continuar. Mas ele é jovem e ele mudou. Mudou tanto que não me ama mais. Verdade seja dita, eu já senti todo tipo de sentimento por ele desde que terminamos, desde mais amor até raiva e, principalmente, saudade. Os amigos dele são mais importantes pra ele que eu. A liberdade do espírito dele quis que ele levantasse vôo e fosse pra longe de mim e ele não demorou pra seguir o chamado. Ele disse que queria que algo acontecesse que o fizesse mudar de ideia, mas que não aconteceu. Disse que sentia falta de algo que eu tinha antes, mas que não sabia o que era. Reclamou das brigas que nenhum de nós lembrou quando foi a última vez que aconteceu. E, no fim das contas, por ele achar que era cruel continuar daquele jeito, acabou. Eu não pude fazer nada além de ver a pessoa que eu amo ir embora. Não literalmente, mas não muda o fato de que não temos mais motivo pra nos ver. E, mesmo que eu o veja, não vou poder abraçar ele e beijar sua boca. Isso dói.
Lembro nesse momento da minha amiga Liliane e de como ela me disse uma vez que, se é pra sentir algo ruim, que se sinta logo tudo de uma vez pra que a gente consiga ir em frente. Nos últimos dias continuei usando a aliança, só pra continuar uma farsa que, dentro da minha cabeça, diz que a gente ainda pode, um dia, se entender. Ele perguntou se eu preferia que ele se afastasse ou se preferia continuar sendo amigos. Deixei que ele escolhesse e, pelo que parece, ele preferiu continuar sendo meu amigo, pois continuamos nos falando às vezes e jogando juntos, também às vezes. Naquele domingo falei com o Giorgio, que está de férias aqui desde dezembro e disse que queria sair pra beber. Fiquei até tarde bebendo e voltei pra casa às 11 da noite. Encontrei meu pai na mesa, lendo jornal, esperando por mim. Literalmente, pois foi eu chegar e ele foi se deitar. E lembrei de tudo que depende de mim. E lembrei que eu não tenho 18 anos e que tenho muitas responsabilidades. Que provavelmente eu me arrependa agora por termos terminado, por não ter tentado mais, por não ter insistido mais, mas que, no fim, eu tenho que ter a consciência de que eu realmente tentei tudo que podia. Como eu disse naquele dia, eu não fui suficiente. Meu próximo post ainda vai ser sobre ele, eu tenho plena consciência disso. Afinal, tenho que agradecer e me desculpar por tudo que puder antes de deixar ir. Depois disso, me pergunto, qual será o futuro da minha gaveta.

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