sábado, 17 de fevereiro de 2018

Roseiras

Uma planta não sente dor. Se você fizer uma pesquisa simples no Google vai receber essa resposta e várias justificativas que dizem que, para sentir dor, precisa existir um sistema nervoso. Ainda assim, vamos dizer que ela perde partes de si quando arrancamos algo dela. Tendo dito isso, vamos prosseguir com alguns pensamentos que desenvolvi durante esses dias.
Uma rosa é uma flor que é muito apreciada em vários sentidos. Dizem que cada cor representa uma emoção, na Wikipedia se encontra as cores e seus significados. Meu irmão, apaixonado que está e romântico que é, sempre compra uma rosa vermelha quando vai ver a garota que é alvo de sua afeição. Digamos que eles se vejam uma vez por semana, todas as semanas do mês, todos os meses do ano. Quando você trabalha na PNAD Contínua você sabe que um mês tem, em média, quatro semanas. Multiplicamos isso por doze meses e temos 48 rosas dadas no decorrer de um ano. Não vou entrar no mérito de preço aqui, já que as únicas rosas que dei na minha vida foram alguns vários anos atrás, no dia das mães, para a Lucimar e para a minha mãe. Minha noção de preço então está bem defasada, mas imagino que não seja uma flor barata com todos os apetrechos que as floriculturas costumam colocar junto.
Passemos ao próximo ponto de discussão, a planta de onde as rosas estão sendo retiradas. A roseira. Não faço ideia de quantas rosas uma roseira produz por ano. Fiz uma pesquisa, mas parece que varia bastante de variedade pra variedade, então desisti de conseguir um número exato. Você retira as rosas dessa roseira e, de certa forma, está levando um pedaço dela embora. Um pedaço que supostamente não vai fazer falta. Um pedaço que não dói de ser tirado, arrancado, cortado. Roseiras têm espinhos que deveriam ser uma forma de proteção, ainda assim, as rosas são tiradas dela. Não é como se ela pudesse reagir. E as rosas estão lá, não é mesmo? Se queremos demonstrar nossos sentimentos com rosas, elas precisam ser tiradas da roseira.
Se você leu até aqui deve estar se perguntando o que foi que deu em mim para estar escrevendo sobre roseiras. Essa semana resolvi recomeçar minhas caminhadas com vários motivos na cabeça. Enquanto retornava para casa, por algum motivo qualquer comecei a me comparar com uma roseira. Vou desenhar a comparação pra que fique mais fácil de entender. Lembra como falei do meu irmão e as rosas que ele dá pra garota? Pois bem, vamos dizer que as rosas são o amor. E a roseira sou eu. Eu distribuo amor de graça, sem pedir nada em troca. Tenho minhas defesas, mas não hesito em dar um pouco de amor. Tenho minhas necessidades, mas tenho amor!
No entanto, o que acontece quando você dá, dá e não recebe? Neste momento, sei que vão existir pessoas que vão me julgar uma egoísta, dizer que estou pedindo uma troca, mas não é isso. Existe alguém que rega, cuida, aduba e, obviamente, corta as rosas de uma roseira. Houve uma época em que eu era uma roseira de muitos donos e todos cuidavam um pouquinho de mim. Existia uma pessoa que, por mais que me faltasse dos outros, era como um remédio potente, não importava quanto eu precisasse, ela me supria. Só que ela morreu. E essa roseira, por mais que recebesse cuidados esporádicos de uma pessoa aqui e outra ali, sentia falta de uma fonte fixa de cuidados.
Uma nova fonte de cuidados me foi dada e eu confesso, foi um motivo de felicidade. No entanto, por vários motivos, a frequência de cuidados é menor. E, por motivos óbvios, não são do mesmo tipo. Essa roseira continua dando rosas, mas começa a se sentir um pouco fraca, um pouco doente, um pouco abandonada. Mas diferente de roseiras, tudo que eu tinha que fazer era engolir meu orgulho e pedir ajuda. Procurar socorro.  Pedir por cuidados. Mas obviamente, eu vou continuar fazendo de conta que sou uma roseira. Plantas não sentem dor.

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