sábado, 8 de julho de 2017

Papai

Silver disse uma vez “tenha filhos, mas não case”. Filhos é algo que eu realmente quero ter na minha vida. Mas para se ter filhos é preciso de um pai. Um pai que pode não querer ter filhos. Um pai que pode ser muito jovem para ser pai. Um pai que tem sonhos que poderiam ser destruídos pela paternidade. “Todo mundo sabe fazer bebês mas ninguém sabe como fazer papais”. É um trecho da letra da música Papaoutai, do Stromae. Obviamente, traduzida pro português. Eu poderia por um filho no mundo? Com certeza. Eu poderia sustentar esse filho sozinha? Obviamente que não. E é aí que entra a importância de um pai, tanto nos dias de hoje como em toda a história da humanidade.
Estou de férias. Minhas boas e merecidas férias. Mais do que merecidas, necessárias. Meu pai já havia me perguntado quando seriam minhas férias e, por sorte, isso foi depois que eu tive que trocar a primeira data das minhas férias. Julho é um mês delicado pra nossa família. Ele pedir uma semana das minhas férias foi, pra mim, mais que um pedido. Acho que um dos motivos de eu ter ficado com tanta raiva da minha antiga chefe na famigerada reunião mensal foi mais por ele do que por mim. De que me importa os outros quando meu pai me pediu uma semana de férias? Das minhas férias, quando ele podia ter pedido pro meu irmão ao invés disso. Pra mim esse pedido foi um voto de confiança. Claro, não limpo a casa como ele, prefiro deixar os cães do lado de fora, mesmo sabendo que eles vão fazer muito barulho de noite e ligo pro meu irmão pedindo pra ele trazer pizza na volta do trabalho por ter tido preguiça de cozinhar. Quem nunca? Não sou perfeita, nem tenho tal pretensão.
Meu pai é o tipo de pessoa antiga. Criação antiga, habitos antigos, costumes antigos. Ainda assim, é uma pessoa bastante simpática. Costumo dizer que gostaria que todas as pessoas no mundo pudessem ter uma conversa com meu pai, pelo menos uma vez na vida, pois isso seria bom pra ambas as partes. Quando minha mãe morreu uma das minhas maiores preocupações era essa, a dele ficar isolado. Ele veio de uma família de vários irmãos, sendo o mais velho entre os homens. Ajudou a cuidar de vários deles. Carrega culpas e remorsos que só de ouvir ele falar parte o coração. Ele admirava o tanto que nós éramos amáveis e carinhosos com minha mãe, já que ele não era muito com a mãe dele. Não é que ele não gostasse dela, vejam bem, mas como eu disse, hábitos de gente antiga. Existem coisas de que nós nos arrependemos só depois que já é tarde demais pra voltar e consertar. Como um dia dessa semana onde uma das várias previsões da minha mãe se concretizou. Uma pessoa que dependia dela nos momentos difíceis recorreu a nós. Mas ele não podia ficar sabendo, obviamente. O problema é que somos uma família endividada. Estamos consertando isso aos poucos, mas neste momento, somos. Queria eu poder recorrer a todas as pessoas que me devem dinheiro (que não são muitas, mas devem quantias razoáveis) pra ver se conseguia resolver um pouco mais rápido esses problemas. Minha mãe não está mais aqui. Não é à toa que na santíssima trindade existe o pai, o filho e o espírito santo. O que me lembra que assistir a cabana com meu pai foi muito mais emotivo do que se tivéssemos ido assistir só eu e meu irmão. Posso precisar de uma mãe às vezes e me desesperar por saber que ela não está mais aqui pra que eu possa recorrer a ela, no entanto, ainda tenho meu pai, que tem seu desejo de viver até os 100 anos. Que assim seja. Pai, venha a nós que recorremos a vós.

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