sábado, 30 de julho de 2016

Traumas que Nunca te Largam

Já falei dele aqui então acredito que mencioná-lo não será um problema. Outro dia estava desabafando com o Silver sobre como minha vida amorosa sempre acaba dando errado e ele me disse algo que eu nunca tinha parado pra pensar. "Sabe por que o Fabrício escolheu a Jenny e não você? Pois ele sabia que se eles dois não dessem certo, ela ia fazer menos falta do que você faria." Essa frase me colocou de volta num looping que eu tinha há muito tempo atrás. Eu sou uma amiga boa demais pra poder ser vista como uma mulher.
Tenho vários amigos com quem já tive affairs (não sei se a palavra relacionamento se encaixa aqui, então vamos usar essa mesma) e que, depois de um tempo, continuaram ou voltaram a ser meus amigos. O que faz com que eu pense "por que não tentar então?" A resposta pra esse questionamento, na verdade, é muito simples: medo.
Tenho medo de beijar aquela pessoa pois não sei como ele reagiria. Ele me disse que tem medo de jogar qualquer palhinha nesse fogo pois acha que acabaria sendo muito prejudicial. Por palhinha ele quis dizer qualquer tipo de carinho, por fogo ele quis dizer meus sentimentos. E o pior é que eu o entendo completamente, pois também tenho medo, também sofro por não saber como seria minha reação, ou a dele, caso tentássemos qualquer coisa que fosse. Minha faculdade começa em duas semanas, minhas noites serão tomadas de muitos estudos, pois não quero repetir os erros de 12 anos atrás. Vou colocar todas as minhas forças nisso, foi algo que prometi pro meu pai e algo que eu já sabia que ia acontecer. Só é difícil aceitar o rompimento, aceitar que os únicos momentos que teríamos para nos ver seria nos finais de semana, que são dias que eu não o chamaria pra sair de jeito nenhum por saber exatamente onde e como ele gosta de passar os finais de semana. Posso estar errada, mas não ajuda ser eu em uma relação de amor platônico. Ou amor à primeira vista, como ele acha que foi. Pessoas são naturalmente complicadas, comigo não é diferente. Passei a pensar que talvez eu deva ir em um psicólogo. Muitas pessoas apoiaram a ideia, inclusive ele. Percebi que estou tendo as mesmas reações que tive quando minha avó morreu. Pra quem não sabe, quando minha avó morreu, na reunião de pais seguinte ao fato, minha mãe teve que ouvir da minha professora que "sua filha anda muito irritada", pro que minha mãe sabiamente respondeu "Como você queria que ela estivesse? A avó dela morreu". Valeu mãe. Só que dessa vez não é com minha professora ou com meus colegas insuportáveis de classe que estou sendo irritadiça, mas sim com meus chefes, meus companheiros de trabalho, as pessoas que eu amo. Isso fez com que eu repensasse minhas prioridades. Ainda não sei no que um psicólogo pode vir a me ajudar, mas estou disposta a pagar os 80 reais da consulta pra descobrir. Mês que vem, obviamente, pois esse mês estamos no osso, não que falte muito pro mês que vem de qualquer forma. Silver está me dando o maior apoio. E agora tenho que aprender a lidar com o passado, pra que quando alguém vier me julgar e me culpar por algo que eu fiz no passado, que eu não fique brava, zangada ou revivendo isso. Tudo acaba fazendo mal, mas eu acabo fazendo da mesma forma. É um círculo vicioso do qual eu não sei sair. Não sozinha. Não com ajuda. Pois ninguém sabe ajudar uma pessoa que não sabe qual o problema que ela mesma tem. Eu já identifiquei alguns, e isso inclusive me lembra que tenho que fazer listas. Listas do que tenho que falar pro médico quando for na minha consulta dia 5, pois preciso de um monte de exames. E uma lista do que eu quero falar com a psicóloga. Tenho que acreditar que algo vai melhorar, mesmo que eu não esteja vendo isso agora.

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