sábado, 2 de junho de 2018

Verdade

Há muito tempo atrás eu participei de palestras de um grupo chamado Gnosis. Eles falavam, entre outras coisas, sobre religiosidade. Coincidentemente naquela época eu comecei a ter contato com o espiritismo através da minha amiga Lucimar. Os ensinamentos da Gnosis, se é que posso chamá-los dessa forma, eram muito parecidos com os do espiritismo em vários níveis, no entanto, eram diferentes. O espiritismo diz que nós podemos sim estagiar em animais. A Gnosis dizia que nós temos que passar por essa fase e, inclusive, fases antes dessa, para podermos ter o que chamamos de evolução, e que essa se dá através de dor e sofrimento. Então, após passar por todas as palestras preparatórias, que confesso, eram muito boas de se assistir, você é convidado para participar da segunda câmara. Não é algo obrigatório, veja bem, e você pode sempre assistir as palestras, quantas vezes quiser. No entanto a chance de poder entrar na segunda câmara só é lhe dado duas vezes. Essa informação eu tenho pois, na época que minha mãe morreu, enquanto eu fui procurar uma psicóloga, meu irmão procurou a religiosidade, e lá teve essa informação. Não vou entrar em detalhes da cerimônia de iniciação nem nada assim, mas vou, finalmente, chegar no ponto que o post converge para o título. Todas as perguntas que me foram feitas eu respondi com a verdade.. Não que me perguntassem, por exemplo, minha idade e eu respondesse com o número 32. Não. A verdade. Era o que eu procurava.
Meu irmão não gostava de ler quando era mais novo, no entanto, conforme o tempo passou, eu, que amava ler, parti para os lados das leituras de ficção e histórias. Já meu irmão, que nunca teve um gosto muito grande por esse tipo de leitura, começou a ler livros de um ramo mais estudioso. Filosofia, economia, religião. Dentre esses livros, um em especial sempre chamou minha atenção mas eu nunca consegui ler por completo. Quase não precisava, pois meu irmão tem o costume de citar os livros que lê, ou descrever trechos. Tantas vezes ele me falou do que leu no livro que eu quase sentia como se tivesse lido o livro em si. Um dia ele me emprestou os exilados da Capela, o livro em questão. Mal comecei a ler e minha colega de trabalho ficou super interessada. Emprestei o livro pra ela. Bem, o contrato dela terminou, eu tive que pedir pra sair do IBGE e, só com isso, ela me mandou uma mensagem, dizendo que tinha deixado o livro com a Nadir. Mas eu não ia lá só pra buscar um livro, certo?
Bem, quando eu deixei meu emprego eu lembro de ter me sentido bastante mal por vários motivos. Existem, sim, coisas que eu precisava buscar, mas não me sinto compelida a ir lá só por isso. Essa semana, no entanto, a Lara, uma das minhas amigas de lá que já conseguiu um emprego público melhor, nos convidou pra almoçar. Obviamente que todas aceitaram e, quando nos vimos, a Nadir me trouxe o livro. Aqui está ele, em minhas mãos. E mal comecei a ler  novamente e percebi que ele toca nessa questão. A verdade. A busca por ela. Querer a verdade. O livro esclarece que ele não tem base em nenhum estudo científico mas, se formos olhar pelo prisma da ciência, a religião é em sua maioria refutada. Eu gosto de pensar na ciência e na religiosidade como algo da mesma liga, da mesma forma, mas eu não uma cientista, nem conheço nenhum para poder doutriná-lo nessa vertente. Só posso ter minhas próprias convicções. Falei pro meu irmão sobre como o livro já começava falando da verdade e, quando ele foi tentar me corrigir, tive que explicar que não era que o assunto do livro fosse a verdade mas que as palavras usadas eram a verdade.
A verdade que eu buscava era para entender o porquê de eu ter sonhos premonitórios. Era para entender porquê eu tinha aquelas sensações de solidão que, de tão fortes, me faziam chorar. A verdade que eu procurava não era a verdade universal, mas a minha verdade. Quem me deu a resposta mais próxima do que eu buscava foi, novamente, a Lucimar. Ela perguntou se eu não achava que devia trabalhar minha espiritualidade, minha religiosidade, minha fé. Minha fé existe, sim, não achem que não. Mas existe uma diferença berrante na minha fé, que considero uma fé bruta, e na fé de pessoas como a Lucimar e a Liliane. Existem pessoas que definitivamente se dedicam a essa religiosidade e recebem sim as graças que necessitam. Minha fé não é ambiciosa. Estava contando para meu irmão um dia dessa semana o motivo real de eu ter pedido as contas do trabalho. Ele não sabia ainda. E contei também de como quase fui atropelada. E nesse momento, enquanto contava, lembrei de minha mãe. O anjo da guarda dela não descansava nunca. O meu é igual. Minha verdade ainda está escondida e, talvez, se eu de fato me dedicasse a alguma religião, eu visse os efeitos de forma mais nítida. Nunca pedi que Deus se materializasse na minha frente mas também nunca duvidei da força maior que eu que existe nesse mundo. Essa força maior que tirou meu corpo da frente do ônibus que eu não vi antes que ele passasse por cima de mim. E eu aqui, falando que queria morrer. Agora que penso, me sinto até envergonhada por dizer essas coisas. Perdão. Sou humana e não sei o que digo às vezes. O fato é que a verdade está lá fora e, em algum momento da minha vida, se quiser de fato encontrá-la, vou ter que correr atrás. Um dia. Não hoje.

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