sábado, 13 de agosto de 2016

Evitando o Inevitável

E, de repente, não mais que de repente, faz um mês que ela se foi. E é aniversário daquela pessoa complicada. E amanhã é dia dos pais. Juro que já tinha escrito um texto pra essa semana. Até pensei em escrever sobre o nome dessa sessão do blog depois de ver um post meu no facebook de dois anos atrás que falava de gavetas. Mas não, não era o momento. Eu precisava por pra fora as coisas que estão dentro de mim pra que eu possa, de alguma forma, ir pra frente.
Ontem cheguei no trabalho e fui recepcionada pelo Jonas com um sonho recheado de doce de leite. Que, segundo ele, me esperava desde o dia anterior. Estava uma delícia, recheio de doce de leite pra mim sempre foi o melhor. E então falei pra ele de como eu estava disposta a desistir. De como tudo estava me cansando. De como está difícil. E ele me perguntou simplesmente se eu realmente ia desistir, quase como se me desafiasse a não desistir. O problema é que eu não vejo muitas opções.
O que aconteceu pra desencadear esse sentimento de desistência: saímos pra beber, 3 pessoas. Ouvi histórias que já haviam me sido contadas aos pedaços, atribuí nomes à pessoas que eu já conhecia de outras histórias. E no final fiquei com a sensação de que não importa o que eu faça, ele é inatingível pra mim. E houve o desabafo no dia seguinte de como ele se sente sufocado e de como ele acredita que eu nos vejo em um relacionamento.
Fatos: eu nunca tive um relacionamento de verdade pra saber o que se encaixa nas leis de um relacionamento, mas não sou idiota pra não conseguir entender que estou incomodando. De novo. Já é a segunda vez que temos essa conversa e já é a segunda vez que me irrito por ele esperar que as coisas cheguem a esse ponto pra dizer alguma coisa. Ele diz que eu tenho que ver por mim mesma. Eu não sei como enxergar isso. Mas sei que estou ficando cansada. Bastante cansada.
O plano era ir na casa dele entregar o presente de aniversário dele que eu mesma fiz pois não podia gastar dinheiro comprando algo. E aproveitar pra dar um selinho nele. Seria uma maldade da minha parte, mas já é a segunda vez que eu recolho toda minha coragem esperando pelo dia e algo acontece pra que não dê certo. Abortar plano. Houston, we have a problem. A ponte de Londres está caindo. Não está destinado a acontecer, acho. E mais uma vez acabou que eu penso que tenho que me afastar dele, ele diz que não precisa e eu não vejo outra coisa que eu possa fazer por ele além disso. É triste, é frustrante, mas é assim que é. Deixei o leão na cadeira dele. Ele chegou, viu, perguntou o que era, perguntou se eu que tinha feito, me deu um abraço e colocou na mesa dele. A Renilda quando chegou ficou tão entusiasmada quando viu que até quis tirar foto. Minha chefe perguntou se eu podia lhe fazer uma encomenda. E eu passei o dia todo tentando ser fria com ele. O que é meio difícil, porque eu acabo abrindo minhas defesas com o passar do tempo, nunca consigo me manter com essa postura até o fim do dia. Mas uma coisa eu decidi, que é dar um espaço pra ele. E pra mim mesma. Nenhuma das faculdades vingou, então vou arrumar o que fazer com meu tempo. Voltar a fazer natação, quem sabe? Ou Ioga com o Flávio lá no Adamastor. Ou mesmo sair pra caçar pokémons, ver amigos, ver filmes, sair pra beber... sem ele. Talvez se eu restringir nosso contato ao ambiente de trabalho ajude de alguma forma. Talvez ele continue vendo as mesmas coisas que vê hoje e nada mude e eu continue frustrada, triste e magoada. Mas é pra isso que eu estou disposta a pagar por uma terapia. É pra isso que estou disposta a mudar. A me esforçar. Quero mesmo ser uma pessoa melhor. E se não ser um incomodo estiver incluído no pacote, então por favor, me dê um. Ou dois logo de uma vez, pois sei que não é a primeira e não será a última vez que temos esse tipo de discussão.
Faz um mês que ela morreu. É aniversário dele. E eu decidi sair pra caçar pokémons e ver um filme no cinema. A vida continua e eu vou com ela aonde ela me levar, seja pro bem ou seja pro mal. A tal liberdade começa a se mexer no meu bolso, pedindo ar. "Está na hora de me deixar sair, mocinha". Então vai, liberdade. Me leve aonde eu tenho que ir. Me quebre no processo se for preciso. Eu sei me reconstruir do pó. Não foi a primeira vez, não será a última.

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