sábado, 17 de dezembro de 2016

Sinceridade

Vamos falar um pouco sobre sinceridade e relações humanas.
Nos cobram o tempo todo que sejamos sinceros com os outros. Até que ponto isso é benéfico? Tenho um amigo que, segundo os boatos, teve uma namorada que terminou o relacionamento com ele por ter perguntado se estava gorda e ele ter respondido que "sim, um pouquinho". A sinceridade na verdade dói quando não estamos preparados para ela. Por outro lado, machuca a nós mesmos quando vem acompanhada de resultados inesperados. Nem estou entrando no mérito de que tipo de resultados, pois mesmo um resultado positivo pode vir a se mostrar ruim quando você menos espera. É isso que acontece na maioria das vezes quando eu tento ser sincera.
Ontem, sexta-feira, briguei com minha chefe. A culpa foi minha, deixei que as coisas chegassem num ponto difícil de se ignorar. Minha psicóloga, ao ouvir o relato, disse que meu erro foi deixar que as coisas chegassem naquele ponto. Meu amigo me falou que fui muito influenciada pelas palavras de outrem e, por isso, acabo tendo dificuldades de lidar com minha chefe quando, na verdade, ela não é tão má como pintam. Muito pelo contrário, segundo relatos, ela foi a melhor chefe mulher que ele teve. O detalhe é que todas eram. Eu consigo entender isso, ela é realmente uma ótima pessoa. Meu problema é cobrar dela atitudes que, na verdade, nem sei se deviam ser cobradas dela. Por isso, ao invés de cobrar dela vou cobrar de mim mesma. É mais fácil mudar as coisas em nós mesmos. Não estou dizendo que é fácil se mudar, mas com certeza é mais fácil do que tentar mudar ao outro. Minha psicóloga disse que tenho que trabalhar minha aceitação. "É como quando chove e estou sem guarda-chuva, você pode escolher brigar com a chuva e se desgastar ou aceitar que está chovendo e continuar andando."
Brigar só desgasta as relações. A minha com minha chefe não é um exemplo de boas relações. Nem as relações que tenho que eu costumava achar que eram boas relações estão funcionando. E começo a pensar se o problema está em mim. E, se está, qual é o problema e o que posso fazer para que ele não seja mais um problema.
Um dos problemas que identifiquei em mim é que sou sincera com todo mundo, mas que não falo de tudo com todo mundo. Nesse sentido, tenho uma peneira. A peneira seria o assunto, meus amigos seriam as pedrinhas e a areia. Os que eu posso contar pra falar sobre aquele assunto são as pedras, os que não posso são a areia. O problema é que minha chefe passa como areia por todas as minhas peneiras. Neste exato momento, pelo menos no que tange meu trabalho e no que pode influenciar diretamente nele, ela tem que se tornar uma pedra. E eu mesma vou ter que, quando escolher a peneira, avaliar se essa peneira vai influenciar no meu trabalho. Acredito que dessa forma eu vou conseguir organizar melhor as coisas.
No entanto a melhor demonstração de sinceridade foi a dessa pessoa que me pergunta tanto, me fala tanto e me ajuda tanto. Ficar longe de você pessoa é difícil, mas eu vou continuar da forma que estamos, Pois sei que peso. Finalmente estou começando a te entender melhor. Agora só falta entender a mim mesma. E colocar em prática todas as idéias que tive pra que a sinceridade seja, pra mim, de hoje em diante, um ajudante ao invés de uma arma de destruição. Pois essa arma destrói somente uma pessoa: eu mesma.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Como em um RPG

Pense em um RPG qualquer que você conheça. Agora imagine seu personagem cercado por inimigos. O que você vê depois? O desenlace dessa batalha depende muito de que tipo de personagem você é.
Neste exato momento, me sinto como um ranger cercado por assassinos. Silenciosos, letais, um movimento em falso e tudo estará perdido. Uma batalha dessas é praticamente uma dança. Você precisa saber onde ir para não cair em uma cilada. Eles observam e esperam uma brecha pra atacar. Você tenta andar por locais movimentados, estar perto de gente, mas isso dura apenas alguns momentos, nunca o suficiente pra você se sentir seguro. Sair da cidade não é uma opção, essa cidade é minha, tenho que defendê-la com unhas e dentes. Minha saída é depender o máximo possível das pessoas ao meu redor, por mínimo que seja. Os assassinos não atacam quando existem pessoas por perto, é quando estou sozinha que viro um alvo fácil. E a dança começa com passos duros, a mão que rege a música nunca é gentil. Ainda assim, não sei como, estou viva.
Minha cidade é minha vida. Desistir dela nunca foi uma opção. Ou talvez tenha sido num passado muito, muito distante onde os inimigos eram em um número muito menor e meu personagem era level muito mais baixo. Não, sair daqui não é uma opção. Não hoje.
As pessoas que encontrar pelo caminho, mais conhecidas como NPC's, são meus amigos. Pessoas que conheço, gente com quem gosto de conversar, de conviver, de passar o tempo. Mas não é uma constante. Nem mesmo em casa isso é uma constante. Tenho que me mover para encontrar esses NPC's, pois eles não têm vontade nenhuma de me ver, de falar comigo, de interagir comigo. Como em um RPG, é você que tem que ir até o NPC. Como na minha vida, sou eu que tenho que procurar ajuda, companhia, bem estar.
Finalmente, os assassinos. Esses são os meus inimigos mais letais, meus pensamentos, meus medos, minhas fraquezas. Os meus momentos mais vulneráveis são quando estou só, pois é nesses momentos que os assassinos atacam e eu tenho que me defender como posso. Às vezes procurar pessoas faz com que um assassino se revele nessa pessoa. Isso é normal. A maioria das pessoas nessa cidade já foi um assassino pressionando uma faca no meu pescoço. Todas, em algum momento, tiveram essa posição. Existem pessoas que procuro com mais frequência que outras, existem pessoas que procuro apenas em caso de emergência e existem as pessoas que não procuro mais por saber que não estão mais nessa cidade. Afinal, algumas pessoas, seja por escolha própria ou for porças das circunstâncias, tiveram que ir embora.
Tem uma parte da bíblia que fala do bom combate. Acredito que o bom combate nada mais é do que isso, esse combate diário pela sua própria vida, pela sua própria existência. O que é justo e o que é correto? Isso varia de pessoa para pessoa. Mas o combate diário pela sua vida? Essa é uma coisa que acredito que todos nós, seres que vivem nesse planeta, sabemos muito bem o que é. Vou continuar meu combate, com ou sem ajuda.

domingo, 20 de novembro de 2016

Pressão

Sexta-feira saí pra beber com o Jonas depois de sei lá e quanto tempo sem ter essa oportunidade. Foi ótimo, pois o Jonas, diferente de um psicólogo mas do jeito dele, faz com que eu pense. Dessa vez nossa conversa girou em torno de pressão. Que pressão, alguém pode vir e perguntar. Pois bem, eu explico. Desde que eu entrei de férias coloquei na minha cabeça que devia fazer todo o possível para não ver o Giorgio. Acho que comentei como ele ter ido embora sem se despedir direito no meu último dia antes das férias me afetou de uma forma ruim, de como meu cérebro cruel quis colocar a culpa nele por eu ter um esquema para ficar sozinha, sendo que eu mesma tenho consciência de que não é assim, de que a culpada mesmo sou eu. De qualquer forma, a ideia de ficar longe dele pareceu ser a melhor de todas as que eu podia ter para evitar qualquer tipo de mal entendido. Acontece que meus colegas de trabalho percebem e comentam. "Ele estava do outro lado da rua na segunda quando você veio buscar seu equipamento de trabalho" ou "Vimos ele na quarta" são comentários comuns que são feitos o tempo todo. Não vejo como maldade da parte dos meus colegas de trabalho, mesmo que eu não diga acredito que sou transparente demais para que eles ao menos desconfiem do que se passa pela minha cabeça e meu coração. E finalmente chegamos à pressão.
Segundo a teoria do Jonas, quando eu crio expectativas eu acabo criando também uma pressão na pessoa alvo da expectativa. Não precisa se ser um gênio pra entender isso. Eu criei expectativas pra praia, isso gerou uma pressão no Leandro e, pra piorar o quadro, houve a decepção de quando ele cancelou. Minha psicóloga estava feliz que estou começando a tomar conta de mim e fazer coisas por mim. Ela também percebeu que agora eu estou fazendo o possível para ficar longe do Giorgio sendo que, antes, eu saía do meu caminho pra estar perto dele. Houve a cogitação dele não ter percebido que eu queria falar com ele no meu último dia de trabalho mas falei pra ela de como eu tenho certeza que ele sabia. Ele tem uma percepção muito boa quando se trata de mim então tenho certeza que ele sabia. Mas é uma opção que ele tinha, não uma obrigação: me ouvir. E ele escolheu não me ouvir. Verdade seja dita, até essa sexta eu não sabia como reagiria quando o visse de novo, mas depois da conversa sobre pressão eu consigo imaginar alguma coisa. De certa forma tirou um peso da minha consciência. Ele é meu amigo. É um colega de trabalho. Se eu focar apenas nessas condições acredito que consigo lidar com a volta dele. Acredito que consigo vê-lo sem surtar ou querer correr e me esconder. Óbvio que se eu tiver a opção de não vê-lo até o fim das férias dele, eu prefiro. Mas com tantos comentários de que viram ele vários dias perto do trabalho devo me preparar pra isso.
Perguntei ao Edgar se ele ja tinha se sentido pressionado por mim. Ele disse que sim mas não soube explicar quando e por quê. Falei que tudo bem, que ele não precisava fazer um TCC sobre o assunto. Na verdade acredito hoje que o que eu faço é cruel. Essa pressão deve ser horrível pra quem sente. Tenho que trabalhar nisso.

sábado, 12 de novembro de 2016

Enroscos

Minhas férias acabaram, finalmente. Pensei que quando elas de fato terminassem que eu me sentiria triste, deprimida, magoada mas, de fato, tudo que venho sentindo é preguiça. Voltar ao cronograma normal de acordar cedo, ainda mais quando uma gripe acompanhada de pulmão cheio te atacaram, é um tanto mais penoso do que eu esperava. Ainda assim, voltar me fez um bem que eu não consigo quantificar. Ainda tem algumas pessoas que insistem em perguntar sobre ele, se estou bem sem ver ele por tanto tempo. E eu continuo dando a mesma resposta que dei quando entrei de férias: estou.
Desde que combinamos nossas férias eu já sabia que ficaríamos sem nos ver por um mês e meio. Também sei que, quando ele voltar de férias, não teremos muito tempo de convivência mútua de novo até que eu tire o resto das minhas férias. É algo que eu já aceitei, é algo que eu já sabia e é algo que eu queria. A vida é feita de escolhas e as minhas, pelo menos no que diz respeito ao fim do ano, foram muito bem planejadas. É óbvio que eu não fazia ideia de tudo que ia acontecer nesse período, mas no fim das contas tudo está seguindo o fluxo normal dos acontecimentos. Mesmo aqueles que eu não deveria ter deixado acontecer.
Uma das coisas engraçadas das férias terem terminado é que agora eu recebo ofertas de coisas pra fazer que não recebi enquanto estava de férias. Jonas me chamou pra beber na sexta, apesar que ambos achamos melhor cancelar por causa do meu estado de saúde; "vamos na semana que vem" foi o que acordamos. Renilda, que é uma das melhores pessoas que entrou na minha vida graças a esse emprego, me disse q se soubesse que eu estava precisando tanto de sair, teria me chamado, e não obstante, me chamou para ir no aniversário da filha dela. Apesar que vou ter que ligar pra ela e explicar que não melhorei o suficiente pra ir. Imagina o risco, um monte de criança e eu com gripe? Não é algo muito legal. Também conversei bastante com o William que é um dos meus colegas de trabalho. Ele é uma daquelas pessoas que insiste em falar do Giorgio pra mim. "Você viu ele na segunda? Ele apareceu do outro lado da rua, ainda acenei pra ele". Agradeci que não demorei pra pegar o DMC naquele dia, pois segundo o horário que ele falou, foi bem perto da hora que eu tinha passado lá pra buscar as tralhas. Existe dentro de mim uma voz que diz que isso que estou fazendo é fugir, pode até ser, mas quem decide sou eu. Eu estava de férias, agora as férias são dele. Da mesma forma que insisti em uma forma dele poder me pagar o que devia sem que tivéssemos que nos ver, insistirei em continuar sem encontrá-lo durante suas férias. Eu disse isso antes, "te dar espaço é a única coisa que posso fazer por você", continuo acreditando nisso.

Não sendo isso o suficiente, Edgar ter voltado pra minha vida esta fazendo com que meus sentimentos estejam atormentados. Minha raiva fez com que eu pedisse pra que ele não falasse comigo por uma semana. Nem um dia depois eu já estava me arrependendo e pedindo pra que ele voltasse a falar comigo. Falei que queria me apoiar nele, apesar de não poder. Ele disse que eu não só podia como devia e prometeu que conversaríamos. No entanto, a conversa nunca aconteceu. E nos desentendemos de novo. Dessa vez acho que vou simplesmente tomar um atalho mais rápido e voltar à proposta inicial de não falar com ele. Fui eu que desisti, não fui? Posso muito bem mudar de ideia e ficar quietinha aqui no meu canto. Não é como se essa fosse a primeira vez que eu tivesse que passar por isso. Nem a primeira, nem a última.

sábado, 5 de novembro de 2016

Esquemas Traiçoeiros

Uma das coisas tristes de se ser eu e de se estar passando pelo que estou passando é que quanto mais penso, mais miserável me sinto. Não estou me forçando a ficar sozinha mas ao mesmo tempo me sinto mais sozinha do que nunca, e isso é preocupante. Vejo meus amigos e o que eles fazem ou, no caso aqui, o que eles deixam de fazer. Minhas férias estão acabando, semana que vem volto à minha rotina normal. Sinto como se quase não tivesse aproveitado esse tempo, várias coisas continuam pendentes e precisando de resolução, no entanto, algo de bom saiu de todo essa caos.
Fui para Campinas na terça-feira assistir o "Eu lidero!" de Wendell Carvalho. Nunca tinha ouvido falar sobre esse homem até aquele dia. E em nenhum segundo me arrependi de ter ido até lá. Ele estava falando de como conseguiu perder gordura para ganhar massa muscular e eu soltei meu famoso "ah vá", nunca pensei que ele teria a reação que teve. Ele olhou direto nos meus olhos. Sustentei o olhar e ele simplesmente disse que, se eu acredito que não posso, então realmente não posso. Tudo depende do que você acredita. Ele ganhou minha atenção total naquele momento. Houveram diversas dinâmicas, várias delas eram bem divertidas, outras até me fizeram chorar. Não sei se isso é tão obvio para os outros como é para mim mas meu medo me prende, me segura, me impede de fazer muitas coisas que eu poderia fazer de forma simples. E eu parti meu medo ao meio naquele dia, literalmente. Ele nos desafiou a encontrarmos desafios para fazermos e utilizarmos alavancas, uma de dor e uma de prazer, além de ter um guardião que nos policiará no processo. Basicamente a alavanca de dor é algo que você deve perder caso não cumpra sua meta no prazo. A alavanca de prazer é algo que você vai ganhar caso conclua sua meta. O guardião é meramente aquela pessoa que será chata o suficiente pra te cobrar que seja lá qual for sua meta, ela será cumprida. Ou essa pessoa deve executar a alavanca de dor. Parece um processo complexo mas, de fato, não é. Enquanto eu estava na palestra chorei muito e não tinha metas claras na minha mente para que pudesse olhar pra elas de frente e ter determinação em nenhuma delas. Mas conforme voltei pra casa consegui amadurecer algumas idéias, a primeira delas já foi executada com sucesso, então vou compartilhar com vocês para que fique como um exemplo. Já fazia muito tempo que eu queria fazer um curso de massagem, mas sempre usei desculpas. Minha meta então se tornou fazer a matrícula em um curso de massoterapia até o fim do ano. Minha alavanca de dor seria ficar um mês sem jogar league of legends. Minha alavanca de prazer será que, ao término do curso, eu irei pra praia, com ou sem companhia. E o guardião de minha meta é um rapaz chamado Gabriel que, apesar de conhecer só pela internet e não há tanto tempo assim, já cresceu muito em minha estima. Pois bem, a matrícula foi realizada, mas como eu disse, não é só isso. Não acabou, muito pelo contrário, está só começando. Só vou ganhar meu prêmio no fim do curso mas pelo menos me livrei da alavanca de dor. E é assim que funciona. Inclusive, se algum de vocês for de Guarulhos e quiser servir de modelo pra massagem, me avise, pois vou precisar de alguns.
Estou me sentindo bem mais leve apesar de ainda estar me sentindo muito mal em relação a maioria dos meus amigos. Sempre sinto como se eles me abandonassem, como se eles não se importassem. Escrevi um desabafo no meu facebook onde várias pessoas vieram se defender. Quando retruquei acabei tirando deles a muleta que eles estavam usando de desculpa e, ainda assim, eles não se mexeram. Minha psicóloga me aconselhou a pedir mais pois, segundo ela, as pessoas não são tão sensíveis quanto eu, não percebem que eu preciso de atenção e carinho também por eu sempre me mostrar forte. Tenho que mostrar pra eles q não sou tão forte assim. Ou que, apesar de forte, também preciso de carinho, amor e atenção. Segundo ela eu sai de um esquema para entrar em outro. Tudo isso esta sendo muito exaustivo pra mim, mas acredito que, no momento, o melhor que posso fazer não é ficar chorando pelos cantos, pensando em como tudo na minha vida é injusto e como sou cruel comigo mesma. Não, isso não vai resolver meu problema. No momento o que eu preciso realmente é de realmente ser forte e começar a pedir. Alguém, por favor, me dê atenção. Preciso de abraços. Preciso que alguém me faça carinho na cabeça e diga que vai ficar tudo bem. Preciso de um beijo. Preciso sentir que tenho alguma importância, por mínima que seja, na vida de alguém. Não acho que estou pedindo muito mas sei que não receberei nada disso se não der o primeiro passo. Tudo acaba dependendo de mim. E de meus esquemas auto-destrutivos.

sábado, 29 de outubro de 2016

Hoje Não

Muitas pessoas lembrariam dessa frase sendo mencionada pelo professor da Arya Stark, na primeira temporada de Game of Thrones, quando ele pergunta para ela "o que dizemos para o Deus da morte?"
Not today.
Ou algumas pessoas que vão ao cinema podem lembrar de Como Eu Era Antes De Você. Eu fui ver esse filme com a Lucimar no cinema e devo confessar que foi um filminho lindo de meu Deus, mas a época em que eu fui assistir não era muito boa e, no fim do filme, quando Lou está sozinha e começa a tocar a trilha sonora... Eu desabei em choro no instante em que o refrão foi cantado. It's gotta get easier and easier somehow...
But not today.
Ontem, sexta-feira, feriado do funcionário público, saí com meu irmão para encontrar o Gilson, um amigo nosso, e conversa vai, conversa vem, chorei muito como era de se esperar pois ainda tenho chorado todos os dias desde que fui na psicologa. Segunda dia 31 eu volto lá, mas no momento, minha preocupação maior nem é essa, e sim como desde que fui lá e desde que ela me fez dizer em voz alta a palavra sozinha eu tenho reavaliado vários pontos da minha vida, Meus amigos inclusive. Estava com a sensação de que minhas férias estão sendo desperdiçadas pois passo a maior parte do tempo em casa, jogando. Não que isso seja ruim, mas sinto falta de sair e eu realmente esperava poder ir na praia um diazinho qualquer das minhas férias. Mas domingo passado o Leandro cancelou e hoje a Juliana também cancelou. Não me impressiona. Realmente começo a reavaliar minhas amizades. E isso é ruim pois começo a ver que a maioria dos meus amigos próximos não dão valor nenhum pra mim ou pra minha companhia. É triste, mas é o q acontece. Algo disso vai mudar?
Not today.
A verdade é que quem tem que mudar sou eu. Quem tem que se esforçar pra mudar sou eu. Comparo o que a Magliani fez com quebrar um vaso e me pedir pra catar os caquinhos. Só que o vaso sou eu. E esse vaso tem que ser reconstruído, mas definitivamente não com a mesma forma que ele tinha antes. Voltar pro que eu era antes só faria com que o ciclo de solidão continuasse a se repetir indefinidamente. Não é isso que eu quero pra mim, pra minha vida. Se sei o que tenho que fazer? Na verdade não. Tenho ideias do que posso fazer e de como fazer, conversar com o Gilson ontem me fez muito bem pois ele me abriu os olhos pra várias possibilidades que devem e serão avaliadas e, provavelmente, dado uma chance.
Não hoje.
O que me doeu ontem na verdade foi voltar pra casa e, do nada, começar a discutir com meu irmão e descobrir que ele ficou bravo comigo por eu estar passando por um perrengue e não ter dito nada a ele. Não ter contado. Não ter procurado conversar com ele. Eu conversei com outras pessoas mas não com ele. Isso o ofendeu de uma forma que achava que nunca o afetaria. Sinto que devo desculpas a ele. E essas desculpas serão ditas de alguma forma.

Não hoje.

sábado, 22 de outubro de 2016

Solidão

Percebi, tarde demais para meu próprio bem, que esqueci de escrever algo para o blog na sexta. Verdade seja dita, fui dormir às 5 da manhã, então nem acordei num horário adequado para escrever a tempo de postar de manhã, como de costume. Mas ainda é sábado e eu tenho tantas coisas para contar que nem sei por onde começar. Na verdade, sei sim.
Segunda dessa semana fui na minha psicóloga. Abençoada seja doutora Magliani por ter tanta paciência comigo. Não sei como são os outros pacientes dela, mas sei como eu sou e acredito que ela tem feito verdadeiros milagres em mim. Acabei confessando para ela como esta sendo difícil me absolver da culpa, até mesmo dividir a culpa para que eu não sinta como se tudo que deu errado tivesse sido por mim. Ela disse que teremos que trabalhar mais isso. Então de alguma forma chegamos no meu problema com os cachorros e como eu tenho um radar próprio que faz com que a qualquer menção de "cheiro de cachorro" dispare em mim um alarme que faz com que eu me sinta cheirando a cachorro. Mas também chegamos à conclusão de que meus cachorros não estão fazendo o papel de reposição de nenhuma emoção. Então falei com ela sobre meu medo de ficar sozinha e de como o meu alemão tirou isso de mim. E foi aqui meus caros que o caldo entornou. Ele agradeceu que eu tenha lhe contado isso e começou a trilhar um caminho de pensamentos ruins e destrutivos. Meu cérebro deve ter percebido, pq quis tentar sair dali, mas ela foi direta, "continue por esse meu caminho", e chegamos aonde ela queria e precisava chegar. Tudo que eu faço, inclusive amar quem eu amo, faz parte de um esquema meu para que eu continue sozinha.
Sozinha.
Eu poderia escrever essa palavra um milhão de vezes, em letras garrafais, no maior tamanho que uma pessoa normal pode imaginar, e ainda não seria o suficiente pra ilustrar o efeito que essa realização teve em mim. Doeu. Eu chorei assim que a palavra "sozinha" saiu da minha boca. E foi como se eu estivesse o tempo todo olhando pra uma única peça de um quebra-cabeças querendo achar onde ela se encaixava sendo que essa peça não fazia parte desse quebra-cabeças. A peça estava errada. Ou o quebra-cabeças estava errado. De uma forma ou de outra, a ilustração é essa, estava tudo errado e fora do lugar. Algumas pessoas podem dizer que é só reclamar com o fabricante, no entanto, o fabricante desse quebra-cabeças sou eu. Mesmo da peça que estava no lugar errado. Gostar de quem eu gosto, que obviamente, nitidamente, claramente não tem nenhum interesse em mim é parte do meu esquema. Não querer nem dar chance para que outras pessoas se aproximem também é. E com isso, inconscientemente, eu só me coloco na posição que, conscientemente, eu sempre tive medo de estar.
Então algumas pessoas podem vir a me questionar, como é que eu estou me sentindo após descobrir isso? Péssima. E o que eu vou fazer a respeito? Queria eu saber o que fazer e como fazer. Conheço pessoas, várias delas, que bem poderiam me ajudar com isso. Dar chances, não só para essas pessoas mas também para mim mesma, é a primeira coisa que eu pretendo fazer. Conhecer pessoas novas também seria uma opção. Deixar que pessoas que já me machucaram não seria. No entanto, todas essas opções foram testadas essa semana. Existem as pessoas que conheci através do meu trabalho e para quem eu daria chances se eu não pensasse que, talvez, de alguma forma, isso poderia afetar meu trabalho. Existem as pessoas que já estiveram na minha vida, no papel de seres amados, que me fizeram sofrer e que voltaram a falar comigo, inclusive me prometendo que passariam um dia inteiro me dando atenção para que, no dia em questão, me ignorassem por completo em detrimento de outra pessoa. E existe a pessoa que eu conheci que faz com que eu me sinta muito bem mas por quem eu estou com muito medo de me apaixonar, pois não sei até que ponto isso seria eu me apaixonando ou meu esquema entrando em funcionamento com uma nova pessoa. Sem esquecer do detalhe que a pessoa que eu amo, sem saber, acabou se tornando o alvo de um pouco da minha raiva por eu estar nessa situação. Eu estava com medo que isso acontecesse e mesmo assim, meu cérebro fez com que essa ligação fosse feita de alguma forma. Eu queria poder contar com ele mesmo que fosse como amigo nesse momento, no entanto ele me deixou de lado. Quando paro pra olhar, muitas pessoas me deixaram de lado essa semana. Não estou culpando ninguém, mas isso faz com que eu realmente me sinta sozinha. E isso esta me afetando de um jeito ruim. Não sei como as coisas vão se encaminhar de agora pra frente, mas é minha vida e minha liberdade que estão em jogo aqui. Se quero que as coisas melhorem tenho que me dar uma chance de mudar, pois do jeito que as coisas estão não pode continuar. De jeito nenhum.

sábado, 15 de outubro de 2016

Meu Eu Gamer

Tenho passado por vários momentos difíceis durante as últimas semanas e percebi que precisava de algo a mais. Algo pra me tirar dos problemas que eu não quero e não consigo encarar. Foi então que voltei a jogar um joguinho de Nintendo 3DS que eu comprei e ainda não zerei, mas que acho muito fofo. E enquanto jogava pensei que podia (e devia) escrever sobre isso. Afinal, ninguém vive só de amor nessa vida!
Verdade seja dita, os jogos que eu realmente "zerei" nessa vida foram poucos. Eu sou o tipo de pessoa que joga mais pela história do que pelos gráficos, e é exatamente por causa da história que não fui capaz de terminar vários jogos. Devo alertá-los que existem spoilers nesse post, mas que posso fazer? A maioria dos jogos é antigo, então provavelmente isso não afete ninguém de forma ruim. Quando eu era pequena meu primeiro video game chamava Hi-Top Games e, com um adaptador, você podia jogar jogos de nintendinho nele. Amávamos jogar Super Mario Bros 3 e descobrimos vários glitches do jogo. Era bom, era divertido, era saudável e jogávamos em família. Então houve o tempo de locadoras e compramos o Super Nintendo e o Nintendo 64. Minha mãe gostava de jogar um joguinho do Mickey que eu honestamente não me lembro o nome, lembro inclusive que quando a locadora que nós costumávamos alugar o jogo fechou eu quis comprar o jogo dela mas já tinha sido comprado por outra pessoa. Aqui foi onde minha vida deu uma guinada, pois existem jogos completamente fáceis de se terminar e jogos completamente difíceis de se terminar. Os níveis de desafio de um jogo também determinam o quanto você se interessa por ele. Mas então lá estava eu, jogando um jogo de fazenda chamado Harvest Moon 64, onde você é o Jack (na época eu não sabia que existia um nome padrão pra ele, então pra mim ele era o Luke, era esse o nome que eu dava pra ele) e tinha que cuidar da fazenda do seu falecido avô e trazê-la de volta à vida. Era um jogo simples. Objetivo simples. Personagens fofos. Tudo ia bem até que a avó da Elli morreu e eu fiquei muito, muito deprimida. Tinha um álbum de fotos no jogo, coisa que nunca mais se repetiu em nenhum dos jogos da franquia, o que me deixa muito triste, honestamente. Tive vários jogos de Harvest Moon, a maioria deles pra portáteis, mas verdade seja dita... sempre acabo perdendo o ânimo em algum ponto do caminho. Joguei Tale of Two Towns até o ponto em que me casei com o Cam e abri o túnel entre as duas cidades, mas não consegui continuar jogando para ver minha personagem ter filhos. Inclusive parei exatamente quando houve o evento de se descobrir a gravidez. E depois dele acabou que não me lembro de ter terminado nenhum Harvest Moon. Muitos personagens, muitas pessoas para você ter que conversar, ficar amiguinho, participar dos eventos, muitas dificuldades para fazer o que eu realmente gostava no jogo, que era plantar, regar, colher e cuidar de alguns animais. Era tão simples, agora é tão... Social.
Outra franquia de jogos que me marcou bastante foi Final Fantasy. Houve uma época em que compramos um Playstation e pude jogar os de número 7, 8, 9 e o Tactics. o 9 e o Tactics são, de longe, meus favoritos, mas confesso que nunca terminei nenhum deles. Parei de jogar o 7 assim que mataram a Aerith. Parei com o 8 por motivos que nem me lembro. No 9 fui bem longe, estava perto da entrada para o puzzle do final boss, mas pelo bem de mim não pude achar em mim forças pra matar o Kuja. Quem foi o gênio que inventou de criar um vilão bonito? E eu sei que vilões e final bosses em Final Fantasy tem mais que uma forma e normalmente as seguintes não são bonitas nem nada, mas sério, eu não consegui. Foi mais forte que eu. Já sobre Final Fantasy Tactics, apesar de eu não ter zerado o de Playstation eu consegui zerar um de nintendo DS que teve depois dele, onde você tinha sido engolido por um livro e, de todas as pessoas que você conhecia que também tinham sido engolidas pelo livro, você era o único que queria voltar pra o mundo real. Era fofo, era meigo, era mágico... e eu tinha que saber como terminava!
Então houveram vários outros jogos soltos que marcaram minha vida da mesma forma, como Chono Cross (Kid, eu te amo), Legend of Legaia, Legend of Mana (se eu fosse um Jumi, eu teria virado pedra em tantos momentos daquele jogo), Ogre Battle 64 (de onde saiu meu nome feminino favorito, Erin, e de onde fui apresentada para minha criatura mística favorita, o Grifo), sem esquecer de Zelda que, apesar de não ter sido zerado por mim e sim pelo meu irmão, foi um dos melhores jogos da minha vida. Das plataformas "simples". Às vezes sinto que os jogos naquela época eram não só mais simples, mas tinham mais conteúdo do que os de hoje. Me lembro de quando jogávamos Odin's Sphere (do playstation 2) e os garotos apanhavam para um boss que sugava as armaduras no chão, formando uma bola enorme de entulho que era atirada contra eles. Vi tanto que me irritei. "Passa esse controle pra cá", pedi. Não questionaram, mas ficaram olhando com aquelas caras de "se nós não conseguimos, ela com certeza não vai". Só que eu não sou um homem. E se tem algo que eu não tenho em jogos é medo de morrer. Logo, quando o monstro tinha acabado de sugar as armaduras e todos falaram pra eu me afastar, pois era o momento dele cuspir a bola eu continuei atacando. E rebati a bola no monstro, o que deu um dano incrível e fez com que eu matasse o boss. Devolvi o controle pra pessoa que estava jogando e todos ficaram me olhando por alguns segundos. Devem ter me achado louca, mas não falaram nada.
Então veio Okami. Ah, Okami, que saudade de você... Gráficos lindos, história envolvente, personagens cativantes. O único problema é que as lendas japonesas, todas, em sua essência, não são histórias pra fazer seus filhos dormir. Não. Elas contém em sua essência lições morais que são transmitidas através de perda e dor. E Okami é totalmente baseada em lendas japonesas. Então, quando cheguei na parte em que vários personagens tiveram que se doar por causas maiores... aquilo doeu. E eu não consegui mais jogar aquele jogo desde então. O que é triste.

Minha última aquisição chama Fantasy Life e é um jogo de 3DS como falei no início do post. É simples, é fácil, tem personagens cativantes e mistura várias coisas que eu gosto em um jogo só. Esse, em algum momento, será terminado. Ou eu não me chamo Luciana.

sábado, 8 de outubro de 2016

Desculpe... e Obrigada - Parte I

Hoje acabei fazendo tanta cera que consegui chegar em casa após a meia noite, o que significa que este post esta sendo escrito realmente no sábado em que será postado. Yey. Isso foi uma das primeiras coisas que eu planejei para escrever neste post enquanto estava no ônibus voltando pra casa depois de tomar muita coisa e comer uma pizza.
A segunda coisa que eu pensei foi na minha pessoa especial e em como eu faço da vida dele um inferno. Hoje uma das atitudes dele confirmou pra mim algo que já me era bem claro,mas q meu coração não queria aceitar de forma alguma. Então, como uma das formas de libertação, devo falar disso. Pensei em como as desculpas e o obrigado se encaixam a bem mais gente do que só ele, mas verdade seja dita, neste exato momento eu preciso focar nele. Que assim seja.
Hoje é sábado. Bem-vindo sábado. Queria eu poder ficar acordada pra ver os primeiros raios do sol quando amanhecer, mas isso não posso fazer, pois me lembraria dele e eu acabaria ficando triste ao lembrar do tanto de promessas que dentro da minha cabeça sonhadora ele fez. Sim, só dentro da minha cabeça, pois tenho certeza absoluta que para ele foram palavras ao vento, que ele não lembra de nenhuma delas, que se eu cobrasse ainda seria capaz dele se zangar ou se incomodar como sempre faz.
Desculpe por me preocupar com você e obrigada por se preocupar comigo. Desculpe por ser tão grudenta e obrigada por estar ao meu lado quando eu preciso mesmo assim. Desculpe por te querer tanto e obrigada por nunca me dar esperanças. Desculpe por criar esperanças mesmo assim e obrigada por acabar com uma por uma delas de forma sutil e definitiva. Desculpe por querer te entender e te ajudar quando é nítido que você não quer nem uma coisa nem outra, mas obrigada por se esforçar tanto para me dar conselhos. Desculpe por sonhar com o dia que você vai tomar uma iniciativa e obrigada por nunca tê-la tomado. Desculpe por ter acreditado um dia que nós dois, juntos, seríamos felizes e obrigada por me abrir os olhos de que isso não é possível. Desculpe por ter te trazido tantos problemas em uma época tão atribulada da sua vida e obrigada por ter dividido as dificuldades que você teve naquela época, mesmo sendo tanto tempo depois. Desculpe por te amar e obrigada por não aceitar que eu te ame. Desculpe por ter cheiro de cachorro e obrigada por me forçar a tentar tão desesperadamente me livrar desse aspecto. Desculpe por não poder fazer nada por você e obrigada por não querer nada de mim. Desculpe por te querer pra mim e obrigada por não ceder. Desculpe por existir e obrigada por acolher minha existência. Desculpe por depender tanto de você e obrigada por ser minha fonte de força. Desculpe por fazer de você um dos assuntos da minha terapia e obrigada por fazer com que eu me abra para minha psicóloga a respeito dos meus traumas.
Existem tantas coisas pelas quais eu devia me desculpar com você... Mas a verdade é que eu só consigo sentir gratidão quando penso em você. Pelo bem e pelo mal, você me ensinou muita coisa, me fez ser uma pessoa melhor do que eu era, me mostrou o que eu posso fazer e ser, sem limites, sem podas, sem medo. O problema é que o medo é o sentimento que rege minha vida desde sempre. Te ter na minha vida é um presente. Um presente com prazo de devolução. Você tem sonhos que eu não posso acompanhar. Mesmo assim, pelo tempo que nos resta, me permita estar ao seu lado. Mesmo que não literalmente ao seu lado, mas me permita sentir a felicidade que você me proporciona. Tentarei o meu máximo para não invadir seu espaço, para não te sufocar. E no dia em que não nos vermos mais eu vou lembrar de você com carinho e ternura.
Hoje eu te amo. Desculpe por isso. E obrigada por me proporcionar isso.

sábado, 1 de outubro de 2016

Feliz Aniversário pra Mim


Queria começar esse post agradecendo as pessoas que foram na minha festa. Obrigada.
Queria agradecer também a pessoa que cedeu sua casa para que a festa pudesse ser realizada. Obrigada. Eu te amo.
Neste ponto, devo descrever a odisseia de uma festa de aniversário. Não é fácil se fazer uma festa quando você fez a burrice de esquecer o cartão do banco no banco e os bancos estão de greve. Você pede um cartão novo e descobre que o prazo pra ele ser entregue na sua casa é de 10 dias uteis. Ainda assim, se você é eu, você é mais teimoso que uma mula empacada, então você da um jeito de tirar dinheiro pra poder pagar o máximo possível de coisas que você precisa pra sua própria festa. É simples, é fácil, é prático, mas dói ficar andando com dinheiro vivo de lá pra cá. Ainda assim, as coisas começam a se encaminhar e tomar forma. Como a festa ia ser na casa dele eu tinha que levar uma porção de coisas pra lá, então fui levando aos pouquinhos. Se alguém olhasse pra mim poderia pensar que eu estava levando um corpo esquartejado em tantas bolsas e sacolas. Foram três dias levando coisas e mais coisas, ao ponto que ao final dos três dias o pensamento que passava pela minha cabeça era o de "por que ele não me enxotou de perto dele ainda?"
Não me entendam errado, mas quando se tem uma briga com uma pessoa de quem você gosta e essa pessoa te diz "você me sufoca" é difícil não sentir como se qualquer coisa que você faz perto dessa pessoa não vá acabar dando a ela a impressão de sufocamento de novo. Era meu aniversário, tenho noção disso. Ele mesmo ofereceu a casa dele pra festa, então ele devia estar ciente de que existia a possibilidade de eu aceitar a oferta. Que foi o que aconteceu, era o lugar perfeito! Mas confesso que me causou um estranhamento estar perto dele depois de ter dito que daria espaço pra ele. "É a única coisa que posso fazer", lembro de ter dito pra ele na época. Que bom que foi meu aniversário e pude compartilhar esses momentos com ele, mas como a Cinderela à meia noite, está na hora de voltar pra realidade do borralho. Ou no meu caso, devo aceitar que o espaço deve ser mantido.
Eu tinha feito uma lista de convidados com uns 25 nomes, dos quais eu tinha certeza que apenas uns 15 viriam. Foi assim mesmo. Eu estava preocupada que por algum motivo alguém se sentisse deslocado, mas meus amigos o são por algum motivo afinal, e tudo se desenrolou de forma suave. Acredito que ninguém passou fome. Sede com certeza não passaram. O bolo tinha forma de poring e era todo rosa, uma coisa linda, fofa e gostosa de se comer. Fritamos todos os salgados, sem exceção. Os doces também acabaram. O tempo foi passando e quando olhamos já tinha passado da 1 da manhã. Isso porque eu disse pra ele que não pretendia varar. Acabou que resolvemos chamar um Ubber. Eu queria ficar até a hora do primeiro ônibus, mas o Ubber ia passar na minha casa, então era mais fácil ir com eles.
Sinto falta de por a mão no seu cabelo. Sinto falta do seu abraço. E você me deu as duas coisas ontem. Obrigada. Agora, como uma carta Clow, voltarei à forma humilde que mereço. Baixem as cortinas, o espetáculo acabou.

sábado, 24 de setembro de 2016

Caixa de Pandora

Verdade seja dita, eu esqueci completamente de escrever hoje. Ontem eu não estava em condições de escrever por motivo de bebedeira brava, mas eu acordei cedo hoje. É como se meu corpo me avisasse que tinha algo que eu tinha que fazer, mas eu realmente não lembrei. E hoje o dia passou como um raio até este momento.
Este exato momento em que você chega em casa depois de ver uma ópera. Pagliacci, pra ser bem específica. Estava sentada em uma mesa esperando dar hora de ir pra frente da bilheteria pra pegar meu ingresso quando vi um aglomerado de pessoas formando fila. Não acreditei que fosse, mas resolvi perguntar. "É pra ópera?" E era. Acabou que fiquei na fila por duas horas pra ver a peça. E não é como se a peça fosse ruim, muito pelo contrário, era bonitinha, mas imaginem a seguinte cena: você está assistindo uma cena onde a mulher está sentada no colo do homem, de frente pra ele, ele então começa a passar a mão pelas pernas dela, desnudando a carne. Muito sexy, não é mesmo? Agora imaginem que durante essa cena você ouve a voz de uma criança perguntando "O que eles estão fazendo pai?"
Agonia é uma palavra que me passa pela cabeça. Irresponsabilidade também. Mas fazer o que? "Crianças são bem-vindas ao nosso teatro", uma gravação te diz no inicio do espetáculo. Devia ter limite etário, mas como todas as coisas no Brasil, se você estiver com seus pais irresponsáveis, eles serão responsáveis pelo que você assiste. E como ninguém liga pra bosta nenhuma, está tudo bem.
Semana que vem é meu aniversário. E eu estou bastante ansiosa, como todos devem imaginar. Mas não é pelo motivo que vocês devem estar imaginando. Deixem que eu lhes conte um pouco dessa semana, por gentileza. Segunda fui no dentista e descobri que as manchas pretas nos meus dentes não eram cáries, nem sinal de que eles estavam podres, mas apenas tártaro. Alívio. Então ele me falou de fazer uma limpeza, tudo bem, nunca fiz uma, mas o que podia dar errado? Pois saibam vocês que dentes limpos depois de muito tempo sujos significa que eles praticamente perderam a proteção natural deles. Sim, aquela sujeira era a proteção dos meus, e agora eles estão sensíveis. Pra caralho. Dor. Tive que treinar o Flávio e de tarde fui na minha psicóloga. Disse estar aliviada e acabou que mais uma vez falamos de trabalho. Fiquei frustrada, esperava do fundo do meu coração que pudéssemos falar dele, mas o assunto foi postergado mais uma vez. Sinto que se continuar assim vai chegar no ponto em que não precisaremos mais tocar no assunto. A ferida vai se cicatrizando sozinha. Verdade seja dita, assisti um vídeo onde um homem dizia que temos que abrir mão não da pessoa que gostamos, mas sim do que queremos dela. Não posso dizer que consegui abrir mão de tudo, mas aos poucos estou tentando, e isso até que está ajudando. Pulemos pra quarta, quando fui assistir um filme com o William. Ben-Hur. Filme bom, muito bom. Chorei ao ver certas cenas, afinal, não é todo dia que você vê o Rodrigo Santoro sendo crucificado no papel de Jesus Cristo. Se Deus não é brasileiro, agora Jesus Cristo é. Brincadeiras à parte, quinta fui questionada sobre o dia do meu aniversário. "Dia 30". E que dia da semana seria? Ele tinha um calendário na mesa dele, mas vamos ter um pouco de paciência. "Sexta-feira". Estava me preparando pra ouvir que ele não poderia ir por causa do ensaio que ele estava fazendo. "E onde vai ser a festa?" Eis uma questão que eu não esperava, mas que foi bom ter sido feita. Pude perguntar a ele se poderia usar mesmo a casa dele, como ele havia oferecido. Lembro que quando comentei com meu irmão sobre a oferta ele me xingou e, ao questionar o motivo, ele não quis dizer. Consigo pensar em pelo menos uma meia dúzia de motivos, mas todos são absurdamente impossíveis, então resolvi ignorar a opinião dele e focar no que tenho em minhas mãos, ao meu alcance. A oferta foi feita, e eu estava disposta a aceitar. Então ele perguntou se eu gostaria de visitar a casa dele para ver o espaço. Foi inusitado, confesso. Eu só esperava por os pés naquele lugar na companhia do meu supervisor, pois tinha certeza que ele não abriria as portas para mim. Tudo bem que não estava sozinha, o motorista estava lá também, mas ainda assim. E uma conta de água foi colocada em minhas mãos enquanto eu estava de olhos fechados e mãos esticadas. Honestamente, acho que essa foi a primeira ou a segunda vez que me pediram pra fechar os olhos para receber uma surpresa, e não me lembro da primeira vez ter sido divertida também, o que me faz crer que surpresas nunca são legais. Vamos dar continuidade. O espaço é legal, o ambiente é agradável, quero uma rede pra pendurar naqueles ganchos da parede e deitar nela. Mas não tenho uma rede, nem faço ideia de onde comprar uma. Talvez arrume uma quando for pra praia, veremos. Sexta resolvemos fazer o teste drive da casa. Tivemos uma baixa de duas garrafas de vinho, uma de licor de leite (não perguntem, só aceitem), uma conta paga e um cartão de débito. Sim, um cartão de débito. Por algum motivo que não sei, ele sumiu. Acredito ter esquecido ele no banco. Quando percebi ele até pegou a bicicleta para ir até a agência (onde trabalhamos, não a do banco) e ver se achava ele por lá. Alguns minutos mais e ele estava de volta, sem cartão. "Melhor bloquear". Não precisava nem dizer, mas obrigada pelo conselho. Acabou que não sabia o número da minha conta, então só fiz isso chegando em casa. Agora tenho que esperar alguns dias para receber um novo cartão em casa, pois apesar de preferir pegar na agência, os bancos estão de greve, o que faz com que seja uma opção inviável.
Agora aqui estou eu, planejando gastos que supostamente não vou poder pagar até ter meu cartão de volta, na esperança de que aconteça algum milagre que me traga de volta a esperança. Pandora, querida... me traga sua caixa. Troco todos os seus sentimentos perdidos pelo único que te restou.

sábado, 17 de setembro de 2016

Eu Te Amo

Hoje, cheguei bêbada em casa. Para aqueles que não sabem ainda, ou que nem desconfiam, escrevo, na maioria das vezes, na sexta, e programo para que seja postado no sábado. Hoje é sexta. Foda-se. Cheguei bêbada em casa. E enquanto estava no ônibus com uma vontade enorme de ir no banheiro, pensei nessas pessoas. Todas pessoas que amo. Então vamos lá, esse post é pra vocês. Uma homenagem de uma pessoa Bêbada para pessoas que eu amo.
Para você que morreu esse ano e que me deu a luz, que me criou, que me educou, que me amou da sua maneira torta de amar, eu te digo, eu também te amo.
Para você que eu não vejo mais, que eu nunca toquei, que eu dizia o tempo todo "I love you", que nunca pude tocar, que tanto pude ver, que tanto me deu, que tanto me tirou, eu digo com todo o prazer que meu corpo sente ao lembrar de você: eu te amo.
Para você que fez com que eu viajasse para outro estado por um mísero dia, de quem eu não esperava nada além de rejeição, que amou outra mulher mais do que eu e ainda assim me deu uma das lembranças mais bonitas que eu tenho da vida, eu digo, eu te amo.
Para você que ainda é uma criança mas que tem uma voz de adulto, que amava alguém quando te conheci, que teve algo com esse alguém enquanto eu te amei, que brigou comigo várias e várias vezes por tantas coisas que nem valem a pena serem ditas, que é melhor que eu em tudo que faz, que tem tanto pra crescer e melhorar, eu digo, eu te amo.
Para você que provocava ciúmes em mim e achava graça por eu me irritar quando tinha ciúmes, e ainda assim brigava comigo por eu ter esse ciúmes, que tem uma mãe q eu amo como se fosse minha, que ainda passa pela minha mente quando preciso de ajuda com meu prazer, eu digo, eu te amo.
Para você que reclama do meu cheiro, da minha chatice, que não lembra de nada do que aconteceu ou do que foi dito ou do que foi prometido ou do que foi importante pra mim, eu digo que te amo.

Eu quero ser amada de volta. Quero sentir carinho, quero sentir que alguém precisa de mim, que me quer por perto, que está feliz com minha companhia. Não existe ninguém assim na minha vida. Nunca houve. O futuro não é meu, nem seu, nem nosso. Se eu realmente escolhi cada uma das coisas que eu deveria passar nessa vida, devia ser um espírito muito masoquista. Mas já que essa foi a vida que me foi dada, vou vivê-la até a última gota. Não consigo pensar em desistir dela. Amo demais pro meu próprio bem. Que Deus me ajude, porque eu estou perdida.

sábado, 10 de setembro de 2016

Minhas Primeiras Vezes

Desde que inventei de escrever todo sábado com o marcador "Gaveta" eu já preestabeleci alguns títulos padrão; coisas que eu tinha certeza que cedo ou tarde eu iria falar. A verdade é que eu pensei em usar esses títulos como guias para o que escrever, como escrever, do que escrever, pro caso de eu não saber sobre o que escrever. Bem, verdade seja dita, esse é um dos títulos iniciais,  algo que eu deveria ter escrito já faz tempo, mas que nunca saiu. Tanta coisa aconteceu que ele foi sendo deixado de lado. Mas hoje me pareceu um bom momento pra que eu escrevesse sobre isso. Isso sendo minhas primeiras vezes.
Acredito que toda pessoa já ouviu alguma história sobre seu primeiro dente, sua primeira palavra, a primeira vez que andou, essas coisas que todo pai babão gosta de contar pros seus filhos, por ser uma memória marcante pra eles. Esse também seria um bom título pra um próximo post... mas vamos voltar ao foco principal. Me lembro de quando eu ainda usava o cabelo curto como o de um menino pois havia tido um surto de piolhos na escolinha. E também porque um menino grudou chiclete no meu cabelo. Lembro de quando estava na primeira série e tive uma dor muito forte no ouvido, de como corri até a sala de aula da minha mãe chorando e de como ela me confortou enquanto aquecia meu ouvido pra que a dor diminuísse. Lembro de quando, na segunda série, comecei a usar óculos. E de como meu irmão me empurrou com força na casa da minha avó, ao ponto de eu me lembrar que eu não caí, mas escorreguei por um trecho do chão, quase como um sabonete no chão com água. Lembro que na terceira série fizemos várias excursões, entre elas a primeira vez que fui à bienal do livro na vida. Na quinta série foi a primeira vez que estudei em uma escola onde minha mãe não dava aula. E nos anos seguintes continuei estudando naquela escola, o que era algo incomum pra mim, pois sempre mudávamos de escola com nossa mãe. Lembro da primeira vez que levei um tapa da minha mãe por gostar de um rapaz da minha escola, e de como depois disso fui acusada de ficar usando o telefone para ligações que eu não havia feito, e de como quando ela quis saber quem era o rapaz de quem eu gostava em questão ela disse que ele não era lá grande coisa, e que eu podia escolher algo melhor. Lembro de como prometi que depois daquilo só falaria pra ela que eu gostava de alguém quando conseguisse me ver casada com o rapaz, e como isso só aconteceu uma vez na vida, quando disse pra ela que eu conseguia me ver casada com meu amigo Brenno e como ela disse que já havia sonhado com nós dois casados, "vocês casaram pela internet" ela disse. Lembro de quando gostei de um rapaz por 5 anos seguidos e de como não doeu quando eu desliguei o telefone aquele dia em que ele queria, mais uma vez, que eu dissesse que gosto dele, e eu me recusei dizendo que não havia por que dizer algo que ele já sabia. Lembro de quando meus amigos da escola me fizeram uma festa surpresa. E de quando as pessoas da faculdade fizeram o mesmo quando completei 18 anos. Lembro de quando minha avó morreu. De como meu primo titubeou pra por o terço nas mãos dela e de como minha mãe me disse para fazer aquilo no lugar dele. E de como ele não pestanejou em deixar o terço nas minhas mãos e se afastar. Lembro de como as mãos dela estavam geladas. E de como eu chorei quando terminei de arrumar o terço nas mãos dela. Lembro daquela gentil velhinha que me comparou a meu avô, que eu não conheci mas que amo tanto. Lembro de quando comecei a usar a internet, na época, só de noite ou de fim de semana, só pra fazer trabalhos de escola e ficar no bate papo UOL. Lembro de quando comecei a jogar Ragnarok. Lembro do meu primeiro blog. Lembro da primeira vez que conheci alguém da internet e de como ele foi a primeira pessoa que eu beijei. Lembro do gosto de cereja daquele beijo, e de como eu odeio cerejas, e de como aquele beijo me influenciou a querer esquecer alguém.
Lembro de quando entrei no SENAI e de como um colega disse que meus pais estariam mortos até meus 20 anos. Lembro de como perdi uma amiga por causa de um garoto que me empurrou e de palavras impensadas e inocentes da minha parte, vistas de forma vulgar pelos outros. Lembro de como fui acolhida entre os garotos depois disso. E de como elas queriam que eu pedisse desculpas na frente de todo mundo, sendo que eu recusei já que não achava que estava errada. Lembro de como comecei a ter muito mais amigos homens depois disso e de como eu achava a amizade deles mais sincera do que a das mulheres. Lembro da formatura e de como usei um vestido preto, e de como todos os garotos ficaram me olhando como se nunca tivessem me visto. Lembro de como eu usei minhas habilidades de leitura em inglês pra traduzir, por um tempo, mangás do inglês pro português pra um scanlator chamado Redisu e de como ele me fez conhecer a Aby. Lembro de como viajei pro Rio de Janeiro pela primeira vez de avião com meu irmão e conheci vários amigos virtuais que eu tinha na época. Lembro da segunda vez que fui pro Rio de Janeiro, de ônibus, e de como juntei toda minha coragem pra pedir um beijo pro Brenno. E de como ele me deu selinhos que valeram mais do que qualquer coisa que eu tenha ganhado em toda a minha vida, pois me fizeram ver que mesmo um gesto simples desses, vindo de quem eu realmente gostava, valia mais do que qualquer coisa vinda de um qualquer. Lembro de como me decepcionei e me afastei dele quando ele me disse que ia tentar voltar com a ex. Lembro de como ele me deu apoio pra começar a caminhar pra esquecer. E de como as caminhadas faziam com que eu pensasse e falasse comigo mesma, achando soluções pros meus próprios problemas. E de como em uma dessas caminhadas conheci o Luciano.
Perder a virgindade é ruim, todo mundo sabe disso. Dói. Mas é pior quando além de doer você se sente rejeitada. Ele parou quando eu estava começando a sentir prazer. Segundo ele, ele não gozou. Mas parou mesmo assim. E mandou eu ir me lavar. E quando perguntei se podíamos continuar ele disse que não. Eu entendi quando ele disse que queria me levar de volta, pois meus pais podiam estar preocupados e sentindo minha falta, mas não fez com que eu me sentisse melhor. E lembro de como esse episódio em si desencadeou uma série de fatos frustrantes na minha vida.
Lembro de quando arrumei meu primeiro emprego e de como ele me foi apresentado, "4G". Lembro da primeira vez que pensei que gostava dele, quando ele veio perguntar o que tinha acontecido quando chegamos do cartório, depois de alguns fatos desagradáveis que tinham acontecido. Lembro de quando eu quase caí por estar procurando 50 centavos pra ele comprar um cigarro e ele me segurou, e de como eu pedi desculpas e ele disse que sempre me seguraria, mesmo que estivesse longe. Lembro de quando tentei marcar de sair com ele pela primeira vez e não deu certo, e de como ele quis explicar o porque mesmo eu dizendo q não precisava. Lembro de quando ele veio arrumar o SECAF dele quando estava de férias e de como ele me abraçou enquanto eu estava sentada, de como aquilo me surpreendeu e de como me deixou com o coração acelerado. Lembro de quando eu pedi que ele visse o nascer do sol comigo algum dia. E de quando ele propôs de irmos num mirante que tem em Guarulhos algum dia. Lembro de quando saímos pela primeira vez, do choque que ele levou sem que nem encostássemos direito um no outro, de como comemos uma bandeja de sushi, de como ele comprou incensos e de como eu tirei uma foto dele escondida. Lembro de quando disse pra ele que gosto dele e da conversa que tivemos logo em seguida. Lembro de quando bebemos juntos e ele falou olhando nos meus olhos, ao ponto de eu não lembrar de metade do que ele disse, apenas dele ter dito que uma das minhas qualidades era a temperança e de como eu o incomodo, e de como isso é algo bom, pois não é todo mundo q o incomoda. Lembro de quando perguntei se ele ficaria mais feliz se eu não gostasse mais dele e de como ele respondeu que sim. Lembro do coração dele batendo mais rápido quando eu o abracei no ponto de ônibus aquele dia. E lembro de como chorei abraçada a ele não muito tempo depois de internar minha mãe.

Lembranças. Algumas pessoas podem dizer que o nome desse post está errado, pois ele está repleto de lembranças. Pois se enganam; primeiras vezes são lembranças. Se você não lembra é porque não aconteceu, porque não foi vivido, porque não foi sentido. Você precisa sentir pra saber. Por isso que me lembro. Meu corpo lembra. Meu coração e meu cérebro lembram. Minha alma então, lembra muito mais. Tudo isso é apenas um sinal de que vivemos. Eu podia ter feito muito mais, beijado muito mais, aproveitado muito mais. Mas essa é minha vida, essa sou eu, essas são algumas das lembranças que fazem de mim... eu.

sábado, 3 de setembro de 2016

Meia-Boca

Outro dia eu estava conversando com uma amiga e ela fez aquilo que ela sempre faz por mim: ser direta, dura e objetiva quanto a meus problemas. E ela falou algo que, honestamente, não tem como não pesar na balança. As palavras que ela usou foram "você tem um coração enorme DEMAIS pra se contentar com metade do todo". E ela tem toda razão. Eu não sei viver de forma meia-boca. Oito ou oitenta, sou eu. Feliz demais. Triste demais. É assim que eu sou. Por isso pra mim é difícil quando tenho que lidar com certas situações. Gosto de conversar mas na maioria das vezes os assuntos que são colocados em pauta são assuntos de que eu não tenho nenhuma propriedade pra falar. E normalmente quando falam de assuntos comuns a todo ser humano como filmes, livros e músicas, eu fico atrás, pois as pessoas ao meu redor são pessoas com gostos e gêneros muito diferentes, muito refinados. É praticamente impossível saber tudo, e normalmente eles não gostam do que eu gosto. Eu gosto de músicas populares, livros de histórias fantásticas, filmes de heróis. Podem dizer que isso é falta de cultura da minha parte, mas honestamente, pouco me importa. Minha vida é minha, meus gostos são meus, o que eu gosto eu realmente gosto e o que eu não gosto eu tento aprender a gostar. E se não consigo, aprendo a pelo menos suportar.
No outro lado da moeda, poderia se dizer que eu também sou uma pessoa meia-boca. Quando começam a falar sobre algo q eu não conheço ou não me interesso acabo ficando calada. Não é que eu não esteja ouvindo, mas muito provavelmente acham q não estou nem ouvindo, nem prestando atenção. Quando falam de livros ou de filmes que eu não vi e me recomendam que eu leia ou assista eu acabo sempre não lendo, não assistindo. A primeira (e única vez) que li um livro que alguém me recomendou foi porque tínhamos combinado de lermos juntos, e eu achei a ideia ótima. Ler em conjunto é sempre legal. Já me recomendaram muitos filmes, alguns que eu inclusive conheço de nome, mas que nunca tive paciência pra realmente me sentar e assistir. Ficar na frente da TV é um martírio pra mim, mas acho que as pessoas não sabem disso.
Já pensei em fazer vários programas legais. Tenho um jogo de tabuleiro do Hobbit e sempre fico pensando que seria muito legal se pudéssemos combinar com uns amigos de nos encontrar no Bosque Maia e jogarmos durante uma tarde qualquer. Já quis levar meu video game pra casa de amigos (pois todos sabem q na minha casa é praticamente impossível) pra poder jogar uns jogos multiplayer. Mas na hora de por idéias em prática, eu me acovardo e não ajo. Me falta sempre coragem pra fazer tudo que eu realmente quero. E isso faz de mim uma pessoa meia-boca.
A liberdade que eu conquistei vai aos poucos abrindo suas asas e me deixando viver no mundo. Hoje, sábado, estou viajando para o Rio de Janeiro para a festa de aniversário da Ana Brum. Só volto na segunda, bem de manhãzinha. Avisei praticamente todo mundo. Confesso que estou com medo. Confesso que estou ansiosa. Confesso que provavelmente só sossegue quando por os pés no Rio e ver a Ana lá, no aeroporto, me esperando. Confesso que quero muito abraçar o Brenno e ser abraçada por ele, porque ele me faz bem. Confesso que quero muito ver a Ana Sofia e poder chorar muito, porque minha mãe morreu e por mais que eu lute contra o pensamento de que não tenho o carinho de ninguém, esse sentimento é recorrente e gosta de me atormentar em momentos que me sinto mais frágil.
Amo muito. Mas amo sozinha. E o amor, quando não correspondido, acaba também se tornando meia-boca. Quanto mais penso, mais triste fico. É um ciclo infinito esse o meu, de amar sem ser amada. Queria poder acreditar que um dia isso possa mudar, mas diferente do que aconteceu no caso do Brenno, que é meu amigo há mais de 10 anos e com quem eu tive alguns dos momentos mais felizes da minha vida, tenho a impressão de que a pessoa de agora vai sumir da minha vista quanto mais cedo melhor. Melhor, nesse caso, pra ele. Não importa quanto eu me esforce, nada nunca parece o suficiente pra ele. Pra ele, sou apenas uma pessoa meia-boca. Mesmo que tantos indícios me provem o contrário, ele é a pessoa que eu amo, e isso acaba definindo muito do como me sinto. "Você não consegue superar que gosta de mim", ele disse. Queria eu que isso fosse algo fácil de se superar, sir…
Por fim, queria dizer que, se eu morrer nessa viagem, saibam que o nome do homem que amo é Giorgio. Foi um fato levantado pelo Silver um dia desses, quando falava com ele. "Quando você fala dos seus amigos você sempre fala o nome deles, mas nunca o dele". Não é como se eu ache que algum dia ele vá ler isso de qualquer forma, então, acho que não faz diferença. Mas não pretendo dizer o nome dele de novo por aqui.

sábado, 27 de agosto de 2016

"Forte"

Eu queria mas acabei não postando a respeito dos últimos problemas que entraram na minha vida como uma enxurrada. O tempo passou e acho que agora estou mais preparada pra falar a respeito. Então, vou começar do início.
Eu falei como tudo deu errado no dia 13. E como resolvi dar espaço pra ele. O que aconteceu depois disso foi eu me forçando a não falar com ele pelo facebook, já que achei que isso de alguma forma contribuía pra ele pensar que eu trato ele diferente das outras pessoas. E agora estou me policiando pra tentar não interromper as pessoas quando elas falam. E aqui, abro um parênteses. É impressionante como ele me conhece há tão pouco tempo (em relação a maioria das pessoas que me conhecem) e percebe tantas coisas a meu respeito. Acredito que seja a convivência, de certa forma passo mais tempo com eles que com a maioria das outras pessoas. Mas ele realmente aponta certas características em mim que eu não perceberia se ele não falasse. Não por elas não estarem presentes em mim, não. Apenas por serem características que as pessoas, se percebem, não reclamam. Nem comentam. Nem mencionam. E aos poucos vou ficando com a impressão que ele me conhece melhor do que tanta gente... que é triste. Falei pra ele que estou dando espaço pra ele, que é a única coisa que posso fazer por ele. Mas quando digo isso me lembro de uma das coisas que ele disse na última vez: você nunca pergunta o que é melhor pra mim. E eu me pergunto se, caso eu perguntasse, se ele me diria. Tenho a impressão que não. E quando penso mais fundo ainda, lembro daquele fatídico dia em que perguntei se ele preferia que eu não gostasse dele e ele respondeu que sim. Pra todo lado que eu olho, acabo sempre chegando na mesma conclusão: eu preciso mesmo dar espaço pra ele.
Na contramão desses acontecimentos o Gilson me disse que não me vê como uma pessoa grudenta, nem como se eu pudesse sufocar alguém, que sempre achou que eu sou uma pessoa de que seria difícil se cansar. Fiquei feliz de ter ouvido essas palavras.
Mas problemas, quando chegam, nunca vêm sozinhos. E nessa quarta soube que o labrador do Giorgio morreu. Confesso, foi uma notícia triste. E eu nem pude dizer algo pra tentar consolar ele, pois não sabia quanto eu podia me aproximar dele, nem se algo que eu dissesse poderia trazer algum benefício pra ele. Na verdade acabou que o clima estava tenso. Daqueles que se corta com uma faca de manteiga. Pra completar, no fim do dia, aquele lindo garoto de olhos azuis que mora no Sul mencionou pela segunda vez a palavra suicídio. E pra fazer com que ele se sentisse melhor eu tive que me abrir pra ele, expor como a minha vida não deu nem dá certo, como perdi tanto, como tudo sempre dói, mas como eu continuo vivendo. A vida é assim mesmo, quebra a todos. Cabe a nós continuarmos, com ou sem os cacos. Ele disse que eu sou forte e que, se ele fosse tão forte como eu, que provavelmente não estaria mais nesse mundo. Eu disse que não adianta ser forte se não se tem coragem.
No dia seguinte, Inco falou comigo de manhã, o que por si só é um fato raro. E falei pra ele das minhas preocupações com certos planos que estão em desenvolvimento na cabeça dele. E de brincadeira ele disse "aí você me leva comida quando for me visitar", pro que eu só consegui formular uma resposta: "não será a comida da minha mãe, mas levo sim". Pronto. Foi o suficiente pra fazer com que o ânimo de ambos desmoronasse. E mais uma vez fui chamada de forte. Confesso que cheguei na agência e, depois de um tempo esperando a maioria das pessoas chegar, saí pra fora e comecei a chorar. Muito. Esperei passar antes de voltar pra dentro e me trancar no banheiro pra lavar o rosto. E nesse mesmo dia tive que ouvir do Carlão que um dos motivos que o Giorgio não me aceita é pelo cheiro de cachorro. Mais uma vez, eu sei... Não é como se eu pudesse fazer algo imediato pelos meus cães... Um amigo me aconselhou a usar bastante perfume, o que eu tentei fazer, mas honestamente não sei se funcionou, porque meu olfato é o mais pobre dos meus sentidos.
Pra terminar a semana, sexta-feira recebi cócegas. Foi pouco, de um lado só, mas já me deixou toda ouriçada. E aí lembrei da carta da semana que saiu do André Mantovanni. A carta do Diabo. "Cuidado com as paixões". E fico feliz, mas me segurando pra não pensar mais do que devo disso. Afinal, o espaço ainda está lá. E pretendo que continue assim, pois parece que é bom tanto pra mim quanto pra ele. Outro fato foi o convite pra conhecer o novo lar dele, mas acabou que não rolou. Fico com vontade de ir, mas fico imaginando se não acabaria sendo, mais uma vez, um incomodo. Tenho pensado muito isso ultimamente, até mesmo quando estávamos bebendo e os dois estavam silenciosos. Não acredito do fundo do coração que o problema fosse eu, mas torci muito pro tempo passar logo pra que eu tivesse que ir fazer a entrevista marcada pras 19 horas ao invés de ficar ali com os dois, sem assunto.
Percebi que me é difícil entrar no quarto da minha mãe, que hoje é o quarto do meu pai. Antes eu chegava e me enfiava naquele quarto pra contar pra ela como tinha sido meu dia. Hoje evito entrar naquele quarto como se minha vida dependesse disso. "Forte", eles dizem. Não sou nem metade da pessoa que eu gostaria de ser.

sábado, 20 de agosto de 2016

Alemão

Na última semana quis postar sobre ele mas outros assuntos se puseram na frente. Outros assuntos que eu precisava falar com mais urgência. Neste momento, por mais que tenham assuntos que estejam me incomodando mais que esse, foi esse o assunto que escolhi pra abordar. Acho que já passou da hora de eu falar sobre meu Alemão.
Não sei até que ponto é conhecido para meus leitores o fato de que eu passei muito tempo da minha vida jogando Ragnarok. O jogo era simples, divertido e viciante, logo não era difícil eu escolher ficar em casa jogando ao invés de sair e ir até aquela escola onde eu supostamente devia ir pra fazer meu estágio e terminar minha faculdade. Esse também é um assunto pra outro dia, voltemos para o assunto em mãos. Houveram muitas pessoas no Ragnarok, muitas mesmo. Eu era da classe dancer, ou odalisca, ou sei lá como era o nome dessa classe aqui no servidor brasileiro. Transclasse, gypsy. Era minha paixão, aquela personagem e meus chapéus. Certa vez meu amigo Henri falou que eu nunca devia me casar no jogo, pois sempre haveria alguém que ficaria com ciumes, magoado, chateado, querendo se vingar. Mas eu nunca estava sozinha naquele jogo. E o alemão entrou na minha vida através dele.
Prontera era a cidade principal do jogo e eu estava por lá, não lembro fazendo o que, até que encontrei dois companheiros de guild conversando. Me juntei a eles e ouvi suas histórias. Um deles teve que sair e continuei lá, conversando com o que sobrou. O alemão. Seu nick era Fizzle e ele era um Blacksmith. Ou ferreiro caso prefiram. Ele estava desanimado por ter visto a garota dele beijando outro cara numa balada e me contou como as garotas alemãs eram promíscuas, relatando o caso da namorada de um amigo dele que tinha feito um boquete nele. E sido gravada pelos outros amigos, que usaram a gravação para mostrar para o amigo como ela não prestava. Ele largou os amigos e ficou com a namorada. Na época eu era virgem e me lembro de ter dito que tinha uma certa inveja da tal garota, o que o indignou. "Por que vc teria inveja dela?" Ele perguntou, e eu disse que era pelo fato dela ter chupado ele. E foi aí que começou. Eu tinha muita experiência com o virtual, ele tinha muita com o real. Lembro até hoje de como ele disse "É a primeira vez que faço isso, me sinto um virgem, seja gentil comigo".
Nossa relação durou 4 meses. Sim, meros 4 meses. Na época eu tinha medo de morrer velha e sozinha. Não um medo como medo de escuro ou medo de altura, não. Era uma sensação que invadia minha mente, como se naquele curto momento eu realmente fosse uma velha. Sozinha. Morrendo. Essa sensação era sempre acompanhada de muito choro e muito medo. E eu tive um desses episódios enquanto falava com ele pelo MSN Messenger, o que o assustou bastante. Contei o que se passava e ele me acalmou dizendo "você não vai morrer sozinha pois vou estar sempre do seu lado". Era mentira, pois ele nunca esteve fisicamente do meu lado. Nunca nos tocamos. Ainda assim, depois dele ter dito isso eu nunca mais senti aquela sensação.
Um dia ele me disse que o avô dele estava muito mal. Me contou um pouco da história desse avô, de como ele era cruel, de como ele havia sido um soldado na segunda guerra (e, como ele era alemão, acho que não preciso dizer de que lado ele estava), de como ele tinha ganhado várias medalhas e como teve que devolver todas elas. Meu alemão não acreditava em Deus. Eu disse que oraria pelo avô dele mesmo assim. No dia seguinte ele disse que o avô dele tinha morrido.
E sumiu.
Demorou um mês até que ele aparecesse de novo e as coisas estavam diferentes. Não nos falávamos direito e sempre que ele logava ficava com outras pessoas, nunca me procurava. Até que eu resolvi confrontar os fatos. "Como ficamos?" Foi o que eu perguntei. "Existem coisas que chegam ao fim, nós somos uma delas" foi o que ele me respondeu. Minha primeira reação foi perguntar se tinha sido algo que eu tinha feito de errado (e confesso, minha consciência estava pesada) e se tinha algo que eu podia fazer pra consertar as coisas. Ele disse que não era minha culpa, nem dele, mas que simplesmente não tinha mais como. E doeu. E eu não me conformava, reclamava para todos os meus amigos, procurava uma resposta, uma saída. Até que um dia, conversando com a Lucimar ela me perguntou "você está ouvindo o que você está falando?" Eu não estava, naquele momento, tudo que eu queria era por minha dor pra fora, então nem sabia direito o que estava falando. Ela me recomendou tentar lembrar o que eu tinha acabado de dizer, mas não consegui mesmo, então perguntei a ela o que é que eu tinha dito de tão importante. "Você sempre começava a amar outra pessoa quando uma não dava certo, mas dessa vez, você não esta conseguindo pular pra outro amor. Pela primeira vez na sua vida, você não está amando alguém." Isso me fez lembrar de uma amiga minha, Liliane, que namorou durante muito tempo e, após um rompimento doloroso e muitas lágrimas, resolveu ficar solteira por um tempo. Foi uma experiência importante pra ela e achei que eu devia me dar essa oportunidade também.
Ainda hoje lembro dele. Costumo pensar nele como o grande amor da minha vida pelo tanto que ele fez por mim. Sei que nunca mais vou encontrar ele em lugar nenhum, já me conformei com isso. Nossas vidas continuaram, a dele e a minha, e tudo que posso fazer hoje é continuar vivendo. E tentar ser feliz. E não morrer sozinha. Tenho que fazer isso por mim e por ele. Gosto de pensar que ele ficaria feliz de saber que eu continuei vivendo e tentando ser feliz. Ele não precisa saber que todas as tentativas estão dando errado, só que eu estou tentando.