sábado, 3 de setembro de 2016

Meia-Boca

Outro dia eu estava conversando com uma amiga e ela fez aquilo que ela sempre faz por mim: ser direta, dura e objetiva quanto a meus problemas. E ela falou algo que, honestamente, não tem como não pesar na balança. As palavras que ela usou foram "você tem um coração enorme DEMAIS pra se contentar com metade do todo". E ela tem toda razão. Eu não sei viver de forma meia-boca. Oito ou oitenta, sou eu. Feliz demais. Triste demais. É assim que eu sou. Por isso pra mim é difícil quando tenho que lidar com certas situações. Gosto de conversar mas na maioria das vezes os assuntos que são colocados em pauta são assuntos de que eu não tenho nenhuma propriedade pra falar. E normalmente quando falam de assuntos comuns a todo ser humano como filmes, livros e músicas, eu fico atrás, pois as pessoas ao meu redor são pessoas com gostos e gêneros muito diferentes, muito refinados. É praticamente impossível saber tudo, e normalmente eles não gostam do que eu gosto. Eu gosto de músicas populares, livros de histórias fantásticas, filmes de heróis. Podem dizer que isso é falta de cultura da minha parte, mas honestamente, pouco me importa. Minha vida é minha, meus gostos são meus, o que eu gosto eu realmente gosto e o que eu não gosto eu tento aprender a gostar. E se não consigo, aprendo a pelo menos suportar.
No outro lado da moeda, poderia se dizer que eu também sou uma pessoa meia-boca. Quando começam a falar sobre algo q eu não conheço ou não me interesso acabo ficando calada. Não é que eu não esteja ouvindo, mas muito provavelmente acham q não estou nem ouvindo, nem prestando atenção. Quando falam de livros ou de filmes que eu não vi e me recomendam que eu leia ou assista eu acabo sempre não lendo, não assistindo. A primeira (e única vez) que li um livro que alguém me recomendou foi porque tínhamos combinado de lermos juntos, e eu achei a ideia ótima. Ler em conjunto é sempre legal. Já me recomendaram muitos filmes, alguns que eu inclusive conheço de nome, mas que nunca tive paciência pra realmente me sentar e assistir. Ficar na frente da TV é um martírio pra mim, mas acho que as pessoas não sabem disso.
Já pensei em fazer vários programas legais. Tenho um jogo de tabuleiro do Hobbit e sempre fico pensando que seria muito legal se pudéssemos combinar com uns amigos de nos encontrar no Bosque Maia e jogarmos durante uma tarde qualquer. Já quis levar meu video game pra casa de amigos (pois todos sabem q na minha casa é praticamente impossível) pra poder jogar uns jogos multiplayer. Mas na hora de por idéias em prática, eu me acovardo e não ajo. Me falta sempre coragem pra fazer tudo que eu realmente quero. E isso faz de mim uma pessoa meia-boca.
A liberdade que eu conquistei vai aos poucos abrindo suas asas e me deixando viver no mundo. Hoje, sábado, estou viajando para o Rio de Janeiro para a festa de aniversário da Ana Brum. Só volto na segunda, bem de manhãzinha. Avisei praticamente todo mundo. Confesso que estou com medo. Confesso que estou ansiosa. Confesso que provavelmente só sossegue quando por os pés no Rio e ver a Ana lá, no aeroporto, me esperando. Confesso que quero muito abraçar o Brenno e ser abraçada por ele, porque ele me faz bem. Confesso que quero muito ver a Ana Sofia e poder chorar muito, porque minha mãe morreu e por mais que eu lute contra o pensamento de que não tenho o carinho de ninguém, esse sentimento é recorrente e gosta de me atormentar em momentos que me sinto mais frágil.
Amo muito. Mas amo sozinha. E o amor, quando não correspondido, acaba também se tornando meia-boca. Quanto mais penso, mais triste fico. É um ciclo infinito esse o meu, de amar sem ser amada. Queria poder acreditar que um dia isso possa mudar, mas diferente do que aconteceu no caso do Brenno, que é meu amigo há mais de 10 anos e com quem eu tive alguns dos momentos mais felizes da minha vida, tenho a impressão de que a pessoa de agora vai sumir da minha vista quanto mais cedo melhor. Melhor, nesse caso, pra ele. Não importa quanto eu me esforce, nada nunca parece o suficiente pra ele. Pra ele, sou apenas uma pessoa meia-boca. Mesmo que tantos indícios me provem o contrário, ele é a pessoa que eu amo, e isso acaba definindo muito do como me sinto. "Você não consegue superar que gosta de mim", ele disse. Queria eu que isso fosse algo fácil de se superar, sir…
Por fim, queria dizer que, se eu morrer nessa viagem, saibam que o nome do homem que amo é Giorgio. Foi um fato levantado pelo Silver um dia desses, quando falava com ele. "Quando você fala dos seus amigos você sempre fala o nome deles, mas nunca o dele". Não é como se eu ache que algum dia ele vá ler isso de qualquer forma, então, acho que não faz diferença. Mas não pretendo dizer o nome dele de novo por aqui.

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