Verdade seja dita, eu esqueci completamente de escrever hoje. Ontem eu não estava em condições de escrever por motivo de bebedeira brava, mas eu acordei cedo hoje. É como se meu corpo me avisasse que tinha algo que eu tinha que fazer, mas eu realmente não lembrei. E hoje o dia passou como um raio até este momento.
Este exato momento em que você chega em casa depois de ver uma ópera. Pagliacci, pra ser bem específica. Estava sentada em uma mesa esperando dar hora de ir pra frente da bilheteria pra pegar meu ingresso quando vi um aglomerado de pessoas formando fila. Não acreditei que fosse, mas resolvi perguntar. "É pra ópera?" E era. Acabou que fiquei na fila por duas horas pra ver a peça. E não é como se a peça fosse ruim, muito pelo contrário, era bonitinha, mas imaginem a seguinte cena: você está assistindo uma cena onde a mulher está sentada no colo do homem, de frente pra ele, ele então começa a passar a mão pelas pernas dela, desnudando a carne. Muito sexy, não é mesmo? Agora imaginem que durante essa cena você ouve a voz de uma criança perguntando "O que eles estão fazendo pai?"
Agonia é uma palavra que me passa pela cabeça. Irresponsabilidade também. Mas fazer o que? "Crianças são bem-vindas ao nosso teatro", uma gravação te diz no inicio do espetáculo. Devia ter limite etário, mas como todas as coisas no Brasil, se você estiver com seus pais irresponsáveis, eles serão responsáveis pelo que você assiste. E como ninguém liga pra bosta nenhuma, está tudo bem.
Semana que vem é meu aniversário. E eu estou bastante ansiosa, como todos devem imaginar. Mas não é pelo motivo que vocês devem estar imaginando. Deixem que eu lhes conte um pouco dessa semana, por gentileza. Segunda fui no dentista e descobri que as manchas pretas nos meus dentes não eram cáries, nem sinal de que eles estavam podres, mas apenas tártaro. Alívio. Então ele me falou de fazer uma limpeza, tudo bem, nunca fiz uma, mas o que podia dar errado? Pois saibam vocês que dentes limpos depois de muito tempo sujos significa que eles praticamente perderam a proteção natural deles. Sim, aquela sujeira era a proteção dos meus, e agora eles estão sensíveis. Pra caralho. Dor. Tive que treinar o Flávio e de tarde fui na minha psicóloga. Disse estar aliviada e acabou que mais uma vez falamos de trabalho. Fiquei frustrada, esperava do fundo do meu coração que pudéssemos falar dele, mas o assunto foi postergado mais uma vez. Sinto que se continuar assim vai chegar no ponto em que não precisaremos mais tocar no assunto. A ferida vai se cicatrizando sozinha. Verdade seja dita, assisti um vídeo onde um homem dizia que temos que abrir mão não da pessoa que gostamos, mas sim do que queremos dela. Não posso dizer que consegui abrir mão de tudo, mas aos poucos estou tentando, e isso até que está ajudando. Pulemos pra quarta, quando fui assistir um filme com o William. Ben-Hur. Filme bom, muito bom. Chorei ao ver certas cenas, afinal, não é todo dia que você vê o Rodrigo Santoro sendo crucificado no papel de Jesus Cristo. Se Deus não é brasileiro, agora Jesus Cristo é. Brincadeiras à parte, quinta fui questionada sobre o dia do meu aniversário. "Dia 30". E que dia da semana seria? Ele tinha um calendário na mesa dele, mas vamos ter um pouco de paciência. "Sexta-feira". Estava me preparando pra ouvir que ele não poderia ir por causa do ensaio que ele estava fazendo. "E onde vai ser a festa?" Eis uma questão que eu não esperava, mas que foi bom ter sido feita. Pude perguntar a ele se poderia usar mesmo a casa dele, como ele havia oferecido. Lembro que quando comentei com meu irmão sobre a oferta ele me xingou e, ao questionar o motivo, ele não quis dizer. Consigo pensar em pelo menos uma meia dúzia de motivos, mas todos são absurdamente impossíveis, então resolvi ignorar a opinião dele e focar no que tenho em minhas mãos, ao meu alcance. A oferta foi feita, e eu estava disposta a aceitar. Então ele perguntou se eu gostaria de visitar a casa dele para ver o espaço. Foi inusitado, confesso. Eu só esperava por os pés naquele lugar na companhia do meu supervisor, pois tinha certeza que ele não abriria as portas para mim. Tudo bem que não estava sozinha, o motorista estava lá também, mas ainda assim. E uma conta de água foi colocada em minhas mãos enquanto eu estava de olhos fechados e mãos esticadas. Honestamente, acho que essa foi a primeira ou a segunda vez que me pediram pra fechar os olhos para receber uma surpresa, e não me lembro da primeira vez ter sido divertida também, o que me faz crer que surpresas nunca são legais. Vamos dar continuidade. O espaço é legal, o ambiente é agradável, quero uma rede pra pendurar naqueles ganchos da parede e deitar nela. Mas não tenho uma rede, nem faço ideia de onde comprar uma. Talvez arrume uma quando for pra praia, veremos. Sexta resolvemos fazer o teste drive da casa. Tivemos uma baixa de duas garrafas de vinho, uma de licor de leite (não perguntem, só aceitem), uma conta paga e um cartão de débito. Sim, um cartão de débito. Por algum motivo que não sei, ele sumiu. Acredito ter esquecido ele no banco. Quando percebi ele até pegou a bicicleta para ir até a agência (onde trabalhamos, não a do banco) e ver se achava ele por lá. Alguns minutos mais e ele estava de volta, sem cartão. "Melhor bloquear". Não precisava nem dizer, mas obrigada pelo conselho. Acabou que não sabia o número da minha conta, então só fiz isso chegando em casa. Agora tenho que esperar alguns dias para receber um novo cartão em casa, pois apesar de preferir pegar na agência, os bancos estão de greve, o que faz com que seja uma opção inviável.
Agora aqui estou eu, planejando gastos que supostamente não vou poder pagar até ter meu cartão de volta, na esperança de que aconteça algum milagre que me traga de volta a esperança. Pandora, querida... me traga sua caixa. Troco todos os seus sentimentos perdidos pelo único que te restou.
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