Sexta-feira saí pra beber com o Jonas depois de sei lá e quanto tempo sem ter essa oportunidade. Foi ótimo, pois o Jonas, diferente de um psicólogo mas do jeito dele, faz com que eu pense. Dessa vez nossa conversa girou em torno de pressão. Que pressão, alguém pode vir e perguntar. Pois bem, eu explico. Desde que eu entrei de férias coloquei na minha cabeça que devia fazer todo o possível para não ver o Giorgio. Acho que comentei como ele ter ido embora sem se despedir direito no meu último dia antes das férias me afetou de uma forma ruim, de como meu cérebro cruel quis colocar a culpa nele por eu ter um esquema para ficar sozinha, sendo que eu mesma tenho consciência de que não é assim, de que a culpada mesmo sou eu. De qualquer forma, a ideia de ficar longe dele pareceu ser a melhor de todas as que eu podia ter para evitar qualquer tipo de mal entendido. Acontece que meus colegas de trabalho percebem e comentam. "Ele estava do outro lado da rua na segunda quando você veio buscar seu equipamento de trabalho" ou "Vimos ele na quarta" são comentários comuns que são feitos o tempo todo. Não vejo como maldade da parte dos meus colegas de trabalho, mesmo que eu não diga acredito que sou transparente demais para que eles ao menos desconfiem do que se passa pela minha cabeça e meu coração. E finalmente chegamos à pressão.
Segundo a teoria do Jonas, quando eu crio expectativas eu acabo criando também uma pressão na pessoa alvo da expectativa. Não precisa se ser um gênio pra entender isso. Eu criei expectativas pra praia, isso gerou uma pressão no Leandro e, pra piorar o quadro, houve a decepção de quando ele cancelou. Minha psicóloga estava feliz que estou começando a tomar conta de mim e fazer coisas por mim. Ela também percebeu que agora eu estou fazendo o possível para ficar longe do Giorgio sendo que, antes, eu saía do meu caminho pra estar perto dele. Houve a cogitação dele não ter percebido que eu queria falar com ele no meu último dia de trabalho mas falei pra ela de como eu tenho certeza que ele sabia. Ele tem uma percepção muito boa quando se trata de mim então tenho certeza que ele sabia. Mas é uma opção que ele tinha, não uma obrigação: me ouvir. E ele escolheu não me ouvir. Verdade seja dita, até essa sexta eu não sabia como reagiria quando o visse de novo, mas depois da conversa sobre pressão eu consigo imaginar alguma coisa. De certa forma tirou um peso da minha consciência. Ele é meu amigo. É um colega de trabalho. Se eu focar apenas nessas condições acredito que consigo lidar com a volta dele. Acredito que consigo vê-lo sem surtar ou querer correr e me esconder. Óbvio que se eu tiver a opção de não vê-lo até o fim das férias dele, eu prefiro. Mas com tantos comentários de que viram ele vários dias perto do trabalho devo me preparar pra isso.
Perguntei ao Edgar se ele ja tinha se sentido pressionado por mim. Ele disse que sim mas não soube explicar quando e por quê. Falei que tudo bem, que ele não precisava fazer um TCC sobre o assunto. Na verdade acredito hoje que o que eu faço é cruel. Essa pressão deve ser horrível pra quem sente. Tenho que trabalhar nisso.
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