O tema de hoje é um pouco difícil. Vamos ver o que eu consigo!
Quando tivemos a ideia estávamos, na verdade, bêbados e amargurados. Assistíamos a TV quando passou uma propaganda com escoteiros mirins. Ela adorava crianças e insistiu que queria visitar um acampamento de escoteiros. Concordei mecanicamente, acreditando que no dia seguinte ela ja teria esquecido. Não foi o caso. Fiz algumas pesquisas sobre acampamentos em geral. Diferente dela, não gostava tanto de crianças. E odiava os jovens com todas as minhas forças. Até encontrar um recanto que parecia o paraíso. Até ofereciam barracas, por uma quantia, é claro. Qualquer coisa pela felicidade dela. Entrei em contato com os gerentes, marquei uma data e avisei minha senhora.
-Mas eu queria ver os escoteiros!
-Foi o que eu consegui, querida.
No dia que antecedia nossa pequena aventura ela se pos a arrumar uma mala. Até uma garrafa de champagne ela separou no isopor.
-Quero que seja memorável!
Colocamos as malas no carro e fomos. O lugar indicado ficava há 2 horas de nossa residência. Ela tirou um cochilo enquanto eu dirigia. Achei impressionante sua habilidade de dormir mesmo enquanto dirigia por uma estrada esburacada. Só acordou quando já estávamos quase chegando. Lá, conseguimos uma barraca próxima ao lago. Nada que um pouco mais de dinheiro não conseguisse pagar. Mas logo fomos sentindo as dificuldades. Insetos haviam aos montes e não nos permitiam nadar no lago. Podíamos pescar mas tivemos que alugar o equipamento. Não demorou muito para percebermos que os peixes não chegavam perto da margem. Tivemos que alugar também um barco e acabei tendo que remar. Nunca tinha feito tanto esforço em minha vida! E ela me observava com um sorriso. Quando chegamos ao meio, me larguei no canto do barco. Acho que cochilei pois quando me dei conta ela estava com a vara em punho. E já tinha pescado dois peixes!
-Vamos voltar pra margem!
Ter que remar de novo me fez gastar todas as forças que eu já nem tinha. Pelo menos ela acendeu uma fogueira e colocou os peixes que pescou para assar. Ela não sabia cozinhar muito bem, então eles ficaram um pouco sem gosto, mas apreciei os esforços. Era bonito ver minha senhora se esforçando para fazer coisas que nunca faríamos no dia a dia.
De noite, quando estava na hora de dormir, resolvemos colocar os sacos de dormir do lado de fora e observar as estrelas. Seria muito romântico se não fossem os pernilongos que não paravam de nos picar e zumbir perto de nossas cabeças. Desistimos das estrelas e resolvemos tentar dormir. Sim, tentar, pois mesmo dentro da barraca estava cheio deles. Comecei a pensar que ficar perto demais do lago tinha sido uma má ideia. Quando finalmente conseguimos pegar no sono, já era quase hora de ir embora. Minha senhora me ofereceu de dirigir de volta para casa e eu aceitei. Estava exausto. Realmente só acordei com sua mão me sacudindo levemente,
-Querido, acorde. Chegamos.
Levaram alguns dias para que as picadas parassem de coçar e suas marcas sumirem de nossos corpos. Apesar de ter sido apenas por um dia, meu corpo tinha uma sensação de moído que não passou por pelo menos dois dias após nosso retorno. Quase consultei um médico para conseguir algum remédio. No entanto, quando olhava para minha senhora, e apesar de todos os incômodos que tinha passado, ela parecia feliz. Logo, me conformei. Mas aprendi a lição e nunca mais concordei em levá-la a algum lugar sem antes pesquisar tudo que realmente era necessário. Se o tivesse feito talvez tivesse trocado o champagne por um frasco de repelente.
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