Existe uma frase que digo muito quando estou “brigando” com uma máquina e consigo fazer com que ela funcione da forma que eu queria, que é “eu sou o ser pensante dessa relação”. Essa frase inusitadamente funciona também para várias pessoas que conheço e que, acreditem, eu preferia não ter que lidar. Mas não estamos no mundo pra escolher se vamos ou não conviver com esse ou aquele problema. Se você ignorar um problema por muito tempo, em algum momento ele vai voltar e te obrigar a lidar com ele. A não ser que o problema não tenha solução, então ele não é mais um problema. Mas isso é tema pra outro momento. Vamos nos focar no ser pensante.
Existem momentos em que o ser pensante não funciona como deveria, por exemplo, quando você vai assistir um filme que todas as pessoas ao seu redor lhe recomendam prestar atenção no dito filme. E você vai e presta atenção pra não deixar nada passar. As cenas do filme ficaram bem gravadas em minha mente, no entanto não pude sair dele dizendo “nossa, que filme lindo!”, na verdade eu saí bem confusa e esperando que, de alguma forma, as coisas fizessem sentido depois. Acabou que elas fizeram sentido depois que meu namorado relatou as idéias que ele ouviu num site e também depois que meu irmão me ligou, logo após ter visto o filme, indignado. “Jura que você não relacionou uma coisa com a outra?” e ainda aproveitou pra zombar da minha fé. A verdade é que o filme foi tão brutal que eu não conseguia de fato ligar ele com nada religioso, mas depois de fazer a primeira ligação, todas as outras coisas se tornaram bem mais claras. A verdade é que a bíblia é um livro cheio de passagens brutais que, no entanto, você parece fazer questão de ler sem perceber. Com exceção do apocalipse. Não, esse livro as pessoas parecem fazer questão de ler e procurar em cada palavra um fogo ou uma tortura ou uma penitência. O homem não se importa com o passado, só com o futuro. Não aprende com o que já aconteceu e o que já passou, mesmo que sejam passagens de um livro. Como em qualquer livro de fantasia, acreditam nas histórias que querem, da forma que bem entendem. Interpretação de texto já é uma coisa bem sofrível em nosso país, você entrega a bíblia pra uma dessas pessoas ler e espera para colher as pérolas.
Saindo dos livros e voltando pras máquinas, seria mais fácil lidar com elas depois de se ler um manual. Pessoas não vêm com um manual. Graças a isso você precisa sair testando, e o problema de testar é que pessoas, diferente de máquinas e cachorros, não costumam esquecer quando você lhes dá um tapa pra que elas funcionem direito. Não. Elas olham pra você e, como diria meu amigo Silver, “vai ter volta”. Então você tem colegas de trabalho que considera mais que isso. Amigos, se eu puder lhes chamar dessa forma. E eles se ofendem mais do que você quando as outras pessoas do seu trabalho, que supostamente também deviam saber do seu aniversário, nem te cumprimentam. Na verdade, aquilo não me ofendeu nem um pouco, pois a essa altura, depois de tanta coisa que aconteceu e que eu tive que ouvir e lidar, eu prefiro inclusive que as pessoas mantenham uma certa distância. Pessoas, diferente de máquinas e cachorros, te machucam em lugares que não é só desinfetar ou fazer um curativo. Elas conseguem ser cruéis em momentos que, o que você precisava de fato, era um ombro amigo. Mas infelizmente hoje em dia parece que os seres humanos esqueceram que são os seres pensantes e preferem agir como animais e máquinas. Mas não como cachorros. Cachorros te amam e são fiéis. Essa ideia me veio depois de ver um trailer de um filme onde Murilo Rosa vai interpretar o Diabo e, em uma conversa com Deus, ouve que os humanos não são fiéis, pra isso que Ele criou os cachorros. Triste realidade? Eu prefiro acreditar que meu querido Hakion vai continuar me amando pro resto da vida, mesmo que eu esteja entrando em desespero pensando que a irmã dele venha a fazer uma festa de debutante e que alguma das amigas dela venha a dar em cima dele. Prefiro pensar que dos problemas que enfrento hoje, tudo é passageiro, pois problemas têm solução. E prefiro pensar, sim, que sou um ser pensante, não só mais um na massa acéfala que constitui a nossa atual “humanidade”.
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