Houve uma semana em que o André Mantovanni tirou para carta da semana a carta dos ventos. "O furacão vem, mas tenha força, que vai passar", ele disse. Não é como se as coisas estivessem calmas e tranquilas, é verdade, mas o que aconteceu naquela semana foi o suficiente pra ser chamado de reviravolta. E é aí que ele entra.
Já falei dele antes. Quando tive que tomar a decisão difícil de internar minha mãe (do qual eu falarei em algum momento futuro, com certeza) e acompanhá-la ao hospital, foi com ele que fiquei conversando no celular através do Messenger. E foi ele que, no dia seguinte, ao chegar ao nosso local de trabalho, me perguntou como eu estava, se corrigindo logo em seguida e perguntando como estava minha mãe. Achei fofo da parte dele ter perguntado como eu estava em primeiro lugar. Então lhe contei o que já era sabido e ele me deu aquele meio abraço e apertou meu ombro, dizendo "se precisar, estamos aí". Não que ele precisasse dizer, as atitudes dele já mostravam isso. Mas foi bom ouvir.
Minha amiga Renata me disse uma vez que sempre que ela chora na frente do Arthur, o namorado dela, que ele se sente impotente por não poder fazer nada por ela. Pensei que não queria dar essa mesma sensação pra ele, além da minha recusa natural de chorar na frente dos outros. No entanto, em uma sexta-feira que tudo que eu queria era beber e esquecer, ele me abraçou. Se fosse só um abraço tudo bem, mas eu fiz a besteira de pedir pra ficar abraçada com ele mais um pouco. E ele disse que eu podia chorar se precisasse. Damn! Foi como abrir uma torneira. Eu relutei. Muito. Mas acabou que me entreguei. E ele afagou meus cabelos e me manteve naquele abraço até que eu parasse. E então conversamos. Ele falou dele. Eu falei de mim. Acabou que confessei pra ele que sinto uma necessidade de ajudá-lo, uma necessidade que nunca tive com outras pessoas. Ele disse também sentir essa necessidade e me questionou se eu não pensava que isso era amor. Amor. Palavra complicada. Acredito que sentir esse sentimento é mais fácil que expressá-lo. Ele percebeu que eu travei. Estava na ponta da minha língua, mas ele se expressou primeiro. "Amor é uma palavra muito forte"; concordei. E mais uma vez tive aquela sensação de que somos pessoas muito iguais, apesar de muito diferentes. Passamos por situações similares, mas agimos de forma diferente. Sentimos os mesmos medos. Temos convicções contrárias. Somos confusos, medrosos, indecisos, ciumentos, tímidos até certo ponto. Nada disso evitou que nos aproximássemos. E quando me despedi dele naquela sexta-feira, após ele me levar no ponto de ônibus de forma proposital-só-que-não, já que ele nunca deixa claro se foi ou não intencional, me senti a pessoa mais feliz do mundo. Conseguimos conversar sobre vários pontos difíceis do nosso passado sem que brigássemos. Sem que ficasse um clima ruim. Talvez fosse culpa da bebida. Talvez fosse culpa da noite fria, do choro e do abraço. Talvez fosse culpa do amor.
Mas como nem tudo que reluz é ouro, me foi dado um alerta. "Ele é confuso, vai te machucar novamente". Eu sei. Estou preparada pra sofrer, se isso for o fim dessa felicidade. Mas quero aproveitá-la ao máximo. Afinal, não é todo dia que a pessoa de quem eu gosto me questiona se um sentimento comum a nós dois não seria amor. Seria bom se fosse. Seria bom se eu pudesse fazer ele se sentir tão feliz quanto eu me sinto ao lado dele.
A carta que saiu essa semana era a carta das alianças. Que supostamente é boa pra tudo. Principalmente pra relacionamentos. Não que eu acredite muito nisso. Não que eu desacredite. Seria bom se pudessemos simplesmente ser felizes. Isso já seria um bom início. Na verdade, seria bom se ele pudesse ser feliz. Eu sou uma pessoa que tem relativa facilidade em ficar feliz. Já ele...
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