Hoje a história não vai ser nem pequena nem fofinha. Vai ser agridoce, como na vida real. Como na minha vida.
Lembro da sua mãe tentando descobrir que número de aro de anel eu usava. Ela me contou suas intenções e me pediu pra fazer surpresa. Nem precisei fingir, porque pra mim foi realmente uma surpresa quando você tirou a caixinha da bolsa, ajoelhou no meio do metrô e me pediu em namoro. Lembro que te beijei e lembro que algumas pessoas até aplaudiram. Por muito tempo aquele anel representou, pra mim, nosso relacionamento. Usava o tempo todo. Você era importante pra mim dessa forma.
Então veio o primeiro pedido de término. Nós nos vimos depois daquilo e eu quis te devolver o anel. Você não aceitou. Acabei ficando com ele e não muito tempo depois, voltamos. Você mesmo disse que durante aquele tempo longe agimos como se ainda estivéssemos juntos. E realmente, nada tinha mudado. Tivemos nossos momentos bons e nossos momentos difíceis. Você hesita demais. E eu me dedico demais. Mudei por você, me privando de muitas coisas. Você também acabou se privando de coisas que eram importantes pra você, apesar de ser em uma escala bem menor que a minha.
Com o tempo, apesar de continuar querendo manter o relacionamento, comecei a perceber várias coisas que me incomodavam. Você me elogiava, eu ficava feliz e passava. Mas com o tempo, a sensação voltava. Nossos passeios se resumiam a um único tipo de encontro, uma experiência que eu já tinha tido e não tinha gostado. Sempre que eu tentava fazer algo diferente você se esquivava. "Vamos no ano que vem". Se eu soubesse quais eram suas intenções, teria te forçado a ir. Se eu soubesse quais eram suas intenções, teria te cobrado mais. No entanto, minha natureza até hoje foi a de dar, a de me entregar. Pelo menos não tenho arrependimentos.
Já pensei em como seria se te visse de novo. Já me imaginei dando um tapa no seu rosto por você não ter tido coragem de terminar as coisas direito. Já senti raiva de não ter conseguido te devolver o anel. Penso que estou bem até ter algum tipo de recaída e começar a chorar de novo. Você já sabia que pra mim ia ser mais difícil. Eu nunca aceitei. Mesmo agora, falo e repito que terminamos pra ver se entra na minha cabeça minha atual e real situação. Estou sozinha de novo.
Você continua falando comigo como se tudo estivesse bem. Pra mim não está. Eu sinto sua falta e sei que vou sentir por muito tempo até me acostumar com a minha nova realidade. Não pretendo voltar tão cedo. Você vai continuar hesitando e eu vou continuar sofrendo. As coisas não deviam ser assim. Por essas e outras razões que disse que, da próxima vez que você quiser ter algo sério, que tenha certeza que é pra valer. Eu não namoro pra passar o tempo nem pra me divertir. Eu me dedico de corpo e alma. Acho que o mínimo que mereço é algo equivalente. Se não for capaz de me dar isso, então continue sua vida e eu continuo a minha. Afinal, foi o que me disse pra fazer. Seguir a vida. Está difícil, mas é o caminho que tenho. No início eu queria te devolver minha aliança mas, agora, o que eu queria mesmo era que você me desse a sua. Você começou e terminou tudo isso. Foi uma brisa mansa que se tornou um furacão. Eu não posso esquecer, mas vou carregar comigo as lembranças pra tentar não passar de novo por tudo isso. A lição que fica é não deixar que minha felicidade dependa dos outros, muito menos de meros simbolismos. É que eu tenho que aprender a lidar melhor com as pessoas que gosto, pois a maioria delas não faz por mim metade do que faço por elas, e isso é injusto. Que se relacionamentos fossem realmente como uma troca, eu estaria perdendo muito e os outros ganhando muito. E eu estou cansada de ser a única perdendo.
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