Primeira versão vai ser em português, já que eu preciso escrever essa história antes que ela saia da minha cabeça. Antes que os sentimentos que me movem sumam. Essa vai ser uma fanfic curta sobre sentimentos não tão prazerosos que restam quando o amor acaba. Seja lá para que lado o amor acabou. Essa fanfic é dedicada ao homem que me fez sentir esses sentimentos, Edgar.
Capítulo 1 - Meninos e Homens
E se você amasse tanto alguém que esse amor te doesse ao invés de te trazer felicidade? Alisa era uma garota comum, vivendo numa região rural de um país pacato. A vida era sempre igual, todos os dias se repetindo como num filme. Ela acordava cedo para ir para a escola, um colégio feminino muito prestigiado na área. Muitas garotas de outras regiões vinham estudar naquele colégio devido sua boa reputação. Foi nesse colégio que Alisa conheceu o amor pela primeira vez.
"Bom dia professor!"
"Bom dia garotas!"
O grupo de garotas que havia se dirigido ao homem mais velho saiu aos risinhos, felizes com a conquista de um bom dia de seu professor favorito. A verdade era que aquele professor era o único homem e, para ajudar com sua fama, era bem novo. E casado. muito bem casado. Mas a maioria das garotas não se importavam com isso.
"É nossa juventude, deixe que sejamos felizes e amemos quem quisermos!"
Alisa não era muito diferente daquelas garotas. A diferença é que ela era tímida demais para encará-lo e dizer bom dia. Tudo que ela via quando eles se cruzavam nos corredores eram suas costas. Ele não era um homem muito alto, nem muito forte, mas seu sorriso podia iluminar um estádio de futebol inteiro. Era o que as garotas diziam. E quando elas se reuniam para falar de garotos, invariavelmente o professor era citado.
"Eu finalmente arrumei um namorado," uma delas disse, cantando vitória e arrancando vários suspiros e indagações das outras garotas. "Mas não vou deixar de admirá-lo. Ele é muito bonito para eu parar de admirar só porque tenho um namorado."
As garotas ao redor riram e se calaram ao ouvirem o sinal de que a próxima aula estava para começar.
"É ele, não é?" Uma perguntou
"Sim, é."
E a classe se silenciou.
Uma garota estava de pé ao lado do carro do professor, suas faces coradas enquanto seu olhar não se desviava do chão.
"Eu te amo!"
As palavras proferidas pela garota saíram mais alto do que ela gostaria e para não perder a oportunidade, já que sua coragem estava prestes a lhe abandonar, ela ergueu o olhar, fitando os olhos assustados de seu professor e lhe beijando os lábios antes de correr do local, como um criminoso deixando a cena do crime. O professor ficou sem ação por um segundo antes que seus olhos varressem ao seu redor, receoso de que houvesse alguma testemunha. Foi quando ele viu, dentre os arbustos, um par de olhos azuis, rodeados de uma cabeleira vermelha como a chama de um fósforo. Alisa, que estava tão surpresa quanto o professor, correu o mais que pode, sentindo que havia presenciado algo que não devia.
"Eu preciso te explicar o que aconteceu!" O homem pedia insistentemente.
"Eu não vi nada, não ouvi nada, o senhor não me deve explicação nenhuma. Por favor, me deixe ir," ela pediu.
Alisa sabia o que aconteceria caso fosse vista naquela situação. Desde que presenciara a declaração amorosa de outra garota e o beijo roubado, Alisa havia sido perseguida pelo seu professor querido, que tentava insistentemente explicar o que havia acontecido, enquanto ela insistentemente fugia dele, com medo de algo que nem ela sabia o que era. Ou não sabia até aquele momento. Alisa não era muito boa em corridas por conta de sua baixa estamina, Isso facilitou ao professor alcançá-la quando a viu correndo pelos corredores, tentando evitá-lo. Ele não a chamou, com medo de que chamá-la apenas atrairia atenção indesejada, mas as outras garotas não podiam ignorar o fato de um professor estar correndo nos corredores. Ainda mais quando ele corria atras de uma aluna que também estava correndo. Quando ele finalmente a alcançou ela estava ofegante e sua face corada. Ela não conseguiu distinguir se seu coração batia acelerado por toda a correria ou pelo fato de seu querido professor estar segurando sua mão. O fato era que ele estava ali, querendo lhe explicar algo que ela não precisava e não queria saber. Ainda assim ela se permitiu parar para ouvi-lo.
"Foi um acidente, eu não esperava que ela me beijasse. Por favor, não fale nada para ninguém, eu sou novo e seria um problema se minha reputação fosse manchada."
"Não se preocupe, eu não vou contar nada."
"Ainda bem," ele suspirou, aliviado, e seu sorriso era realmente uma fonte de luz. Uma luz tão forte que cegou os olhos de alisa para as garotas que observavam à distância.
Não demorou muito até que Alisa começasse a ter problemas. Ela nunca foi uma garota de conversar muito mas também nunca teve problemas para se relacionar com as garotas de sua classe. No entanto, boatos se espalham rápido numa escola feminina, e antes que ela soubesse, ela se tornou um alvo.
"É ela, não é?"
"Sim, a própria."
Alisa ouvia os sussurros, mas não entendia. Até que algumas garotas esbarravam em seus livros, deixando que eles caíssem no chão, sem voltar para ajudá-la. Não eram raras as ocasiões em q, enquanto Alisa recolhia seus livros do chão, uma ou outra garota passassem e pisassem em cima deles. A carteira onde ela sentava sempre tinha rabiscos quando ela chegava. Ela mesma se esforçava para limpá-los, pois pensava que se algum professor visse os rabiscos podia achar que tinham sido feitos por ela. Com o tempo começou a não querer ir para a escola. Só ia pois sua mãe insistia muito.
"Você precisa se formar e continuar os estudos. Isso vai definir seu futuro! É importante!"
Foi com muito custo que Alisa terminou aquele ano escolar. Seu professor não lhe parecia mais alguém especial. Sem amigos ou pessoas que lhe fizessem sentir amada e querida, Alisa decidiu que no ano seguinte estudaria em outra escola.
"Uma escola mista?" Sua mãe perguntou, surpresa. "Achei que você gostasse desse colégio."
"Por favor," foi tudo que Alisa conseguiu dizer.
Sua mãe não era das mais exigentes, logo concordou. No ano seguinte Alisa começou a estudar numa escola mista que tinha na cidade vizinha. Ela tinha que acordar bem cedo e pegar uma charrete que levava os alunos que moravam longe até a escola, mas para ela o sacrifício era valido se ela pudesse esquecer o passado no colégio feminino.
Uma escola mista não é um problema tão grande para pessoas que estudaram a vida toda em um colégio misto. No entanto, para Alisa, que não tinha tido muito contato com garotos, o colégio misto era um inferno. Seu cabelo vermelho a fazia um alvo fácil de reconhecimento e sua personalidade tímida fazia com que as minimas provocações tomassem dimensões desproporcionalmente grandes. Ela colecionou apelidos desde os inocentes como 'laranjinha' até os mais maliciosos como 'fogueta'. Naquele colégio Alisa conheceu o amor uma segunda vez, mas dessa vez com um garoto da sua idade. Inocentemente ela achou que seria mais fácil lidar com um garoto da sua idade do que com um professor. Mal sabia ela que estava enganada.
O garoto em questão já tinha uma namorada, fato que ela não sabia quando o conheceu. segundo ela ficou sabendo, a tal namorada era mais velha que ele e já estava na faculdade. Sabendo disso Alisa começou a pensar se devia se afastar dele. Quando ela parava pra pensar no que ela gostava nele, nem ela mesma sabia responder. Ele não tinha nenhuma característica muito marcante. Não era o garoto mais bonito da classe, nem o mais inteligente, nem o melhor nos esportes. Não era de conversar muito com as garotas mas era gentil com as que conversava. Alisa se sentia bem perto dele pois ele a defendia dos outros garotos quando estes a chamavam por apelidos.
"O nome dela é Alisa!" Ele dizia, com a cara séria.
Os outros garotos riam e tiravam sarro mas ele não ligava. E Alisa ligava menos ainda. Ela acreditava que podia aguentar os apelidos e as provocações contanto que ele estivesse por perto. Saber que ele tinha uma namorada não mudava muito as coisas, pois ela nunca a tinha visto. Era como se fosse apenas uma história. Uma história contada para que ninguém chegasse perto.
"Só faz com que eu queira estar mais perto ainda," era o que ela pensava.
E realmente, no ano seguinte, o ultimo ano do colégio, Alisa ficou muito próxima dele. Tão próxima que ela se assustou quando recebeu a visita de uma garota mais velha. Ela tinha cabelos vermelhos como os de Alisa mas seu corpo era o de uma mulher, suas roupas eram elegantes, diferentes do uniforme que Alisa tinha que usar.
"Por um acaso você se chama Alisa?" A garota perguntou.
"Sim, sou eu," ela respondeu, timidamente.
"Eu vim tirar uma história a limpo. Sabe, andam dizendo que você esta dando em cima do meu namorado..."
A garota não precisou terminar a frase para Alisa entender quem ela era. Seu coração parou por um instante, suas mãos suaram e seu corpo tremeu.
"Essa era a namorada. Não era apenas uma história afinal."
Mais do que depressa Alisa se explicou para a garota, mentindo sobre seus sentimentos. Ela não pretendia se arriscar por um sentimento que só ela nutria. Nem pretendia por um relacionamento em risco por conta de seus próprios.
"Ele é apenas meu amigo," ela conseguiu dizer, interrompendo a garota. "Apenas meu amigo."
"Ah é?" A garota perguntou, olhando bem para Alisa antes de dar um sorriso. "Tem razão. Ele não me trocaria por uma coisinha como você."
Alisa achou que já estava acostumada a ser provocada com brincadeiras e apelidos. No entanto, naquele momento, a dor que ela sentia era pior do que qualquer apelido ou brincadeira maldosa jamais tinha lhe proporcionado. Foi quando ela começou a se fechar para o mundo. Terminou os estudos como sua mãe queria e começou a procurar por um convento. No fim das contas, seu tempo no colégio feminino a fez pensar que conviver com outras garotas era mesmo melhor do que conviver com os garotos.
"Homens são maus. Tenho que manter distancia deles," ela decidiu.
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